Carlos Senne acredita no poder da união e da diversidade do setor

Carlos Senne acredita no poder da união e da diversidade do setor

Confira a entrevista com o executivo que está há mais de quatro décadas atuando na área de medicina diagnóstica e hoje preside o Senne Liquor Diagnóstico

Outubro de 2018

Médico especialista em patologia clínica, doutor Carlos Senne é presidente do conselho do Senne Liquor Diagnóstico e participa dos movimentos associativos e políticos do setor desde 1973. Enfatiza, nessa entrevista exclusiva para a Abramed em foco, que no início não havia essa união das empresas.

Em 1980 tornou-se presidente do departamento de Patologia Clínica da Associação Paulista de Medicina (APM), atuando por cinco anos em várias áreas desse departamento. Em meados da década de 1980 foi convidado pela doutora Marilene Melo, hoje membro efetivo do Conselho Fiscal da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC/ML), para participar da parte política da sociedade que veio a presidir na década de 1990. Senne, após mais de quatro décadas de envolvimento, continua atuando fortemente junto ao setor de medicina diagnóstica, lutando pelas melhorias da área, e comanda, com vigor, a empresa que fundou.

Abramed em Foco: O senhor atua na área de diagnóstico desde a década de 1970. Qual foi o grande progresso do setor desde então?
Carlos Senne: Desde 1970 vivenciamos mudanças em todas as áreas, em toda a filosofia da patologia clínica. Não temos como comparar essa década com o que vivemos hoje em 2018 pois tudo mudou e, felizmente, para melhor. Se pensarmos nas áreas técnicas, há grande relevância no surgimento de equipamentos com automação. Realmente foi uma época de uma evolução muito grande tanto na qualidade quanto na quantidade dos exames. Os laboratórios começaram a se juntar e se tornaram – como vemos hoje – grandes multinacionais em análises clínicas. Então, esse período também foi muito agitado por conta dos equipamentos que chegavam, das reuniões ocorriam, das tecnologias e das fusões e aquisições. Estamos em uma fase de movimentos significativos.

Havia, na área de patologia clínica, uma restrição muito grande aos laboratórios de biólogos, biomédicos e bioquímicos, fase na qual participei intensamente para que os médicos patologistas entendessem a importância de trabalharmos todos em conjunto. Daí para frente, não houve mais essa ranhura entre os profissionais, o que foi muito importante para o engrandecimento da especialidade. Até hoje mantemos uma relação muito fraterna com todas as áreas, ampliando, também, a competência da patologia clínica.

Durante esse tempo nossa grande dificuldade foi colocar a especialidade de patologia clínica na grade curricular das universidades e faculdades. Visitei várias instituições na tentativa de conseguir esse ingresso da especialidade, mas realmente foi muito difícil, pois não conseguíamos espaço. Hoje estamos conseguindo alguns avanços, abrimos portas e mostramos nossa importância técnica, social e cultural. E, principalmente, a importância da patologia clínica na correlação entre as áreas clínica e laboratorial.

Abramed em Foco: Por que é tão importante que o setor esteja unido?
Carlos Senne: Além da importância técnica, politicamente a união também é muito importante. Sempre comentei com os times de patologia clínica que quando tivéssemos de acessar algum senador, ministro ou mesmo os presidentes das empresas que nos norteavam, teríamos mais força junto ao pessoal de bioquímica, biomédica e biologia, pois essas pessoas muitas vezes eram vizinhas, parentes e colegas.

Abramed em foco: Acredita que a diversidade é um dos grandes pontos fortes dessa união que envolve desde médicos e gestores até advogados e profissionais que atuam em diferentes instituições públicas e privadas?
Carlos Senne: A Abramed deu início a um projeto maravilhoso que nos permite, hoje, ver nosso grande alcance e como temos influência inclusive em órgãos reguladores da saúde. A Associação teve boa visão e montou um corpo fortalecido que a aproximou de diversos profissionais interessados no nosso segmento. Ficamos, por exemplo, muito bem assistidos por advogados que nos trazem informações e elucidações. E essa massa conseguiu unir todos os grandes laboratórios, dos hospitais aos privados, para que trabalhássemos juntos sem ciúme ou inveja, todos buscando o mesmo norte.

Conseguimos muitas vitórias que qualquer um sozinho seria incapaz de conseguir. A Abramed até mesmo se propôs a auxiliar colegas que não eram sócios, mas que sofriam processos judiciais que poderiam atingir toda a classe. Assim, a Associação mergulhou de cabeça para reverter esses processos que ocorriam no nordeste, no sudeste e no sul do país. Tudo isso foi altamente importante para que nos desenvolvêssemos.

Abramed em foco: Como enxerga, hoje, a importância da Abramed dentro do segmento de medicina diagnóstica?
Carlos Senne: A Abramed é, hoje, um nome muito respeitado e conhecido. Desejado por todos. E é isso que buscamos. Auxiliamos as marcas com mais dificuldades econômicas e chegamos a um pouco que poderemos abraçar todas elas.

Abramed em foco: Quais foram as grandes conquistas da Abramed nesta quase uma década de atuação?
Carlos Senne: Sem entrar em detalhes, a grande conquista da Abramed foi essa união entre os diferentes parceiros que, hoje, falam a mesma língua e estão em busca das mesmas vitórias. Os congressos de sucesso que estão sendo promovidos pela Associação, que trazem nomes importantes de todas as áreas, têm sido fundamentais para o engrandecimento da medicina diagnóstica.

Abramed em foco: Qual é, ao seu ver, o grande desafio da medicina diagnóstica no Brasil nesses tempos modernos?
Carlos Senne: Estamos em um momento de verticalização das grandes empresas e internacionalização de todos os processos, principalmente das companhias estrangeiras que entram no nosso mercado trazendo, consigo, tecnologia e gestão. E isso tem sido bastante importante para que as empresas sejam grandes. Houve, durante muito tempo, medo por parte dos pequenos laboratórios no que diz respeito à sua sobrevivência. E hoje eles estão passando por processos de fusões que os tornam passíveis de serem adquiridos por esses grandes grupos que se formaram no Brasil.

Abramed em foco: O que o Senne Liquor espera da Abramed?
Carlos Senne: Esperamos poder continuar compartilhando da filosofia da Abramed, levando aquilo que diz respeito à nossa área para que possamos transmitir nosso conhecimento com outros colegas que, muitas vezes, não pertencem ao grupo da Associação. A cultura que a Abramed vem trazendo é a de que somos multiplicadores e devemos seguir nesse caminho.

Abramed em foco: Por que, ao seu ver, as empresas do setor devem se associar à Abramed independentemente de seu tamanho ou sua região de atuação?
Carlos Senne: Várias empresas têm nos procurado e indicamos, a outros tantos laboratórios, que se associem à Abramed independentemente de sua região e sua área de atuação. Acredito que já abrangemos toda a parte de análises clínicas, radiologia e anatomia patológica. Hoje, novas especialidades – como a genética que vemos com alto poder no mercado sendo assistida pelas grandes empresas que vendem e introduzem novas tecnologias – estão surgindo. Temos, então, de abrir esse leque para que a Abramed tenha chances de se tornar ainda maior e mais representativa. E não podemos deixar de agradecer à Cláudia Cohn [presidente do conselho da Abramed] que faz um trabalho fantástico e tem uma disposição enorme, doando muito do seu tempo e de sua energia, para que chegássemos onde chegamos.

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