Medicina diagnóstica reconhece sua responsabilidade na preservação hídrica e investe em melhorias

As associadas da Abramed incentivam uma cultura de responsabilidade ambiental e promovem a redução do desperdício de água em suas operações

18 de março de 2024 – Em meio a crescentes preocupações com a disponibilidade e a qualidade da água em todo o mundo, a medicina diagnóstica reconhece sua responsabilidade na preservação hídrica. No Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) salienta a relevância dessa relação, afinal, a água é peça fundamental, não apenas nos processos laboratoriais, mas também na área de limpeza e em outras operações essenciais, para garantir o melhor atendimento ao paciente.

“As empresas do setor de medicina diagnóstica sabem que o uso eficiente da água é vital para a sustentabilidade do planeta e que devem adotar uma abordagem proativa, implementando práticas e tecnologias que reduzam o consumo desnecessário e minimizem o desperdício. Entre elas, o monitoramento e análises constantes de indicadores, por exemplo, consumo total e eficiência no uso do recurso”, ressalta Moara Pereira da Silva, membro do Comitê de ESG da Abramed e coordenadora de ESG da DB Diagnósticos.

Segundo dados publicados no Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico em relação às ações na área ambiental, as associadas à Abramed – que juntas representam 65% do volume de exames realizados na saúde suplementar no Brasil – responderam que utilizam água captada da concessionária. Como era uma pergunta de múltiplas escolhas, quase metade delas também revelou usar poço artesiano, enquanto cerca de 30% utilizam água pluvial e, mais 30%, água de reúso, considerando todas as unidades da empresa.

“Esses resultados indicam que as empresas do setor de medicina diagnóstica têm se preparado e buscado alternativas no uso de diferentes fontes de água. Enquanto a maioria utiliza água da concessionária, a presença significativa de empresas que também recorrem a poços artesianos, água pluvial e água de reúso demonstra uma diversificação e uma preocupação, principalmente levando em consideração a atual crise climática, que impõe desafios significativos em relação à disponibilidade e à qualidade da água”, comenta Moara.

As iniciativas mais comuns para racionalizar o uso do recurso incluem a otimização de processos para reduzir o desperdício, a implementação de sistemas de reutilização de água e a adoção de equipamentos mais eficientes em termos de consumo hídrico. “As melhores estratégias para isso envolvem a realização de auditorias hídricas para identificar oportunidades de economia, o estabelecimento de indicadores e metas para monitoramento da redução do consumo de água e a capacitação dos colaboradores para práticas mais sustentáveis”, explica.

Para Moara, a conscientização e a educação dos colaboradores são fundamentais para promover a mudança de comportamento em relação ao uso da água. Isso é alcançado por meio de campanhas de sensibilização, treinamentos regulares sobre conservação hídrica e o envolvimento dos colaboradores na identificação de oportunidades de economia de água dentro da empresa. Ressaltar a importância da manutenção preventiva também é fundamental para evitar vazamentos e desperdícios.

Ao divulgar os resultados do consumo de água e estabelecer metas de conservação hídrica nos objetivos corporativos, as empresas incentivam uma cultura de responsabilidade ambiental e promovem a redução do desperdício de água em suas operações. “Essas medidas também colaboram para a diminuição de custos e demonstram compromisso com a sustentabilidade e a responsabilidade social corporativa”, acrescenta.

O desafio é contínuo, mas os esforços demonstrados pelas empresas de medicina diagnóstica associadas à Abramed evidenciam um caminho promissor rumo a práticas mais sustentáveis na cadeia da saúde.

Diversidade é estratégia de negócio

Por Lídia Abdalla*

O setor de saúde tem uma característica muito particular que é a prevalência de colaboradoras do gênero feminino, tanto na linha de frente quanto em áreas de gestão. Mas, na média e na alta liderança, o número de mulheres ainda é reduzido, o que acontece também em diversos outros segmentos.

Apesar dos avanços recentes, este panorama ainda reflete os desafios enfrentados ao longo de suas carreiras. Devemos, sim, celebrar as conquistas em datas como o Dia Internacional da Mulher, mas também precisamos aproveitar para analisar os obstáculos que ainda persistem e como avançar.

Muitas vezes, as mulheres até chegam em níveis de coordenação e gerência, mas não conseguem passar daí. Outras não conseguem nem chegar na liderança intermediária. Reconhecemos que elas buscam constantemente aprimorar suas habilidades, participando de formações e especializações.

Ao longo da minha trajetória profissional, enfrentei diversos desafios que me exigiram assumir novas responsabilidades e liderasse outras áreas. Em resposta, sempre busquei ampliar meu conhecimento, especialmente em áreas como administração financeira, gestão e liderança, que não foram abordadas em minha formação inicial. Além disso, o autoconhecimento e o fortalecimento da autoestima são muito importantes, e acabam sendo barreiras, mesmo para mulheres totalmente preparadas e capacitadas. A autocrítica excessiva pode ser um grande obstáculo.

Outro aspecto importante na jornada de carreira da mulher é contar com uma rede de apoio, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho. Dentro da empresa, precisamos encontrar a sororidade, ter o apoio de outras mulheres, nos reunirmos com as demais lideranças femininas, buscar inspirações. Isso fortalece e joga luz no caminho para seguir por ele com confiança.

Fora do ambiente de trabalho, é preciso ter uma rede de apoio no sentido da família e da comunidade onde vive. As mulheres ainda são cobradas pelo papel de cuidar da família, ser esposa e mãe. Não que os homens não tenham essa responsabilidade, mas o maior peso ainda fica com elas. Por isso, ter pessoas com quem contar nos ajuda a nos dedicarmos à carreira em alguns momentos que exigem mais atenção.

Um ponto que considero fundamental no ambiente de trabalho é trazer os homens para a discussão, afinal, quem está com a caneta na mão na maioria dos cargos de liderança são homens brancos. Quando precisam preencher vagas de promoção, por exemplo, eles optam por quem é mais parecido com eles. Isso é natural e espontâneo do ser humano, chamamos de viés inconsciente. No momento de urgência na decisão, uma mulher pode estar de licença de maternidade, então encontra-se outra pessoa… E assim, vamos arrumando as desculpas perfeitas.

Esses vieses não se limitam apenas a gênero, mas também a raça, orientação sexual, deficiência e outros aspectos da diversidade. Escolher quem é mais parecido consigo ajuda no alinhamento de visão, mas aí está o maior risco para as empresas: retirar toda a diversidade do ambiente.

Com uma equipe diversa, tem-se, de fato, pessoas com experiências e visões diferentes com relação ao consumidor, ao mercado, à sociedade e a estilos de vida. Ter diversidade significa ser uma empresa mais inovadora e criativa. E também é estratégia de negócio, pois traz competitividade. Por isso falamos tanto da importância dos indicadores e metas.

A questão da equidade de gênero é de extrema relevância para qualquer empresa e deve ocupar um lugar de destaque na agenda do presidente. Não basta apenas aderir a iniciativas para cumprir uma formalidade ou constar em pesquisas de mercado. É essencial que essa preocupação se traduza em ações concretas e efetivas.

O caminho a ser seguido é relativamente simples, mas requer um compromisso sério e contínuo: criar um modelo de gestão de diversidade e inclusão, que começa com um diagnóstico completo da empresa. Esse processo permite identificar os talentos existentes e seu potencial, reconhecendo, claro, as competências e as habilidades necessárias para determinadas funções, especialmente na área de saúde, na qual a especialização e a senioridade são cruciais.

No entanto, ao longo da jornada do colaborador, a empresa deve oferecer oportunidades de desenvolvimento e mostrar claramente o caminho para o crescimento profissional. Isso inclui fornecer as ferramentas necessárias, orientar os passos a serem dados e criar um ambiente que encoraje e apoie o avanço de todos.

Minha ascensão no Sabin Diagnóstico e Saúde não se deu por ser mulher, mas por ser uma profissional dedicada e comprometida. Quando chegou o momento de escolher um novo presidente, eu estava pronta para o desafio. Claro que tudo são escolhas, mas elas não devem ser vistas como sacrifícios, pois assim não há realização pessoal nem profissional.

Em algumas situações, minhas escolhas significaram perder momentos importantes na vida de meu filho e em família. No entanto, quando olho para trás, percebo que todas elas valeram a pena, pois foram feitas com propósito e determinação.

Falando nisso, um dos pontos críticos para as mulheres é a questão da maternidade. Para a maioria, ser mãe é um desejo profundo e um sonho. Como passamos a maior parte de nossa vida produtiva dentro das empresas, não tem como deixar esse sonho para depois. No entanto, muitas vezes enfrentamos o dilema de ter que escolher entre avançar na carreira ou iniciar uma família.

Além de olhar para essa situação com cuidado, a empresa também precisa se preparar para incluir a família em suas políticas e programas. Isso não só apoia as mulheres em suas carreiras, mas também transforma a cultura organizacional. Claro que nossos filhos querem a nossa companhia, mas também ficam felizes e orgulhosos pelas nossas conquistas profissionais.

E isso tem tudo a ver com engajamento, que se tornou mais um desafio para as organizações. Vivemos em um mundo onde as relações de trabalho estão em constante evolução, influenciadas pela pandemia e pela entrada dos Millennials e da Geração Z no mercado de trabalho. Essas novas gerações valorizam mais o propósito e os desafios do que cargo ou remuneração. E quando as empresas trazem a família para esse ambiente e oferecem programas que mostram às pessoas que elas estão sendo cuidadas e valorizadas, geram engajamento e também melhoram o desempenho e a produtividade.

Outra questão fundamental é cultivar habilidades que são inerentes à maioria das mulheres e que podem ser molas propulsoras para suas carreiras. Um desses aspectos é a resiliência, que não deve ser confundida com conformismo. Estou falando de ter força para vencer momentos adversos e encontrar novos caminhos.

Além da resiliência, a sensibilidade é outra habilidade valiosa, especialmente no setor de saúde, no qual o contato com pacientes requer comunicação empática e atenção aos detalhes. As mulheres muitas vezes trazem uma sensibilidade natural para essas interações, o que pode ser altamente benéfico para o sucesso em sua vida profissional.

Precisamos reconhecer o valor dessas habilidades e nos sentirmos confiantes em nossa capacidade de liderança, sem precisar adotar padrões masculinos de vestimenta ou comportamento. A verdadeira igualdade de gênero só pode ser alcançada quando as mulheres são encorajadas a serem autênticas e a contribuir com suas habilidades únicas para o sucesso das organizações.

E a última mensagem que eu deixo é que não precisamos ser “mulher-maravilha” e dar conta de tudo perfeitamente o tempo todo. A vida é cheia de desafios e imprevistos, e é normal que nem tudo saia conforme planejado. Essa cobrança excessiva só nos levará a sofrimento, frustração e compromete nosso desempenho e bem-estar.

Equilibrar múltiplas responsabilidades é como equilibrar pratos. Às vezes, um deles pode cair, e está tudo bem. Podemos escolher conscientemente qual prato vamos permitir que caia em determinado momento, seja priorizando o trabalho, a família, os amigos ou outros aspectos de nossa vida. Não devemos nos sentir culpadas por não conseguirmos fazer tudo perfeito o tempo todo.

Isso faz parte da nossa jornada de vida e de carreira. Vamos tirar essa carga de precisar estar sempre atualizada e perfeita. É hora de desafiar os padrões, abraçar a autenticidade e redefinir o que significa ser uma líder de sucesso!

*Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed. Bioquímica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral (FDC), conselheira do Programa Winning Women Brazil da EY. Sob sua gestão, o Grupo Sabin alcançou importantes conquistas. Nos últimos 10 anos, chegou a 78 cidades de 14 estados, além do Distrito Federal. Em 2023, a empresa anunciou a construção de um ecossistema, expandido a atuação da empresa para Atenção Primária e Gestão de Saúde de Grupos Populacionais, uma plataforma integradora de serviços de saúde, além dos serviços de análises clínicas, anatomia patológica, genômica, exames por imagem, vacinas e check up. O Grupo Sabin também figura entre as 10 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil (GPTW) e a Melhor Empresa para a Mulher Trabalhar no Brasil (GPTW). Empresa mais sustentável do Setor de Saúde pelo Guia Exame Sustentabilidade, e uma das Empresas Mais Inovadoras pelo Prêmio Valor de Inovação.

18/03/2024

Equidade de gênero no mercado de trabalho: nova lei traz mecanismos para garantir transparência salarial

Mês das Mulheres provoca reflexões sobre igualdade salarial, participação em cargos de liderança e programas de diversidade


13 de março de 2024 – No mês que celebra as conquistas das mulheres em todo o mundo, é importante refletir sobre os avanços e desafios ainda presentes na sociedade, como participação no mercado de trabalho, inclusive em cargos de liderança, e igualdade salarial.

A 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostra que 80% das empresas associadas possuem percentual de mulheres em seus quadros de empregados acima de 50%, uma característica do setor favorável do ponto de vista de equidade de gênero.

“Esses dados mostram um cenário favorável em relação à contratação e participação de mulheres nas empresas do setor. Em termos de representatividade, é um primeiro passo extremamente relevante, mas ainda são necessários avanços”, analisa Daniela de Andrade Bernardo, sócia na Andrade Mariano Advogados.

Nesse sentido, Mariana Laperuta de Moura, advogada na Andrade Mariano Advogados, complementa que é importante olhar também para a equidade de gênero em termos de ocupação de cargos de liderança e de progressão na carreira. Conforme dados trazidos pelo Painel Abramed, em 50% das empresas, as mulheres representam menos da metade dos líderes.

As políticas e práticas que promovem a equidade de gênero e a inclusão das mulheres podem englobar programas de mentoria e desenvolvimento profissional, políticas de recrutamento e promoção baseadas no mérito, flexibilidade no local de trabalho, programas de sensibilização e treinamento sobre questões de gênero e preconceito inconsciente, além de políticas de igualdade salarial e transparência.

Justamente sobre igualdade salarial, foi publicado, em 23 de novembro de 2023, o Decreto nº 11.795, que regulamenta a Lei nº 14.611, de 3 de julho de 2023, referente aos critérios remuneratórios entre mulheres e homens que exercem trabalho de igual valor ou ocupam a mesma função.

Conforme descrito pelo Ministério do Trabalho e Emprego, as medidas incluem a promoção e a implementação de programas de diversidade e inclusão que incluam a capacitação de gestores, lideranças e empregados, bem como o fomento à capacitação e formação de mulheres para ingresso, permanência e ascensão no mercado de trabalho em igualdade de condições com os homens.

Apesar de a obrigação relativa à igualdade salarial em si não ser uma novidade, como lembra Daniela, a Lei nº 14.611/2023 trouxe novos mecanismos, como o Relatório de Transparência Salarial, que deve ser divulgado pelas empresas com mais de 100 empregados. “Além disso, ganham relevância iniciativas e políticas internas, como plano de cargos e salários, de modo a reforçar a existência de critérios objetivos relacionados à remuneração”, explica.

Sobre os possíveis desafios que as empresas de medicina diagnóstica podem enfrentar ao implementar essas medidas, Mariana ressalta ser extremamente relevante que elas avaliem internamente os critérios remuneratórios e as políticas adotadas, a fim de garantir que eventuais diferenças existentes sejam relacionadas a critérios objetivos, e não a qualquer tipo de discriminação.

“A título de exemplo, uma possível explicação válida que poderia justificar eventual diferença salarial seria a existência de diferentes níveis para um mesmo cargo, com critérios objetivos para essa progressão de carreira documentados em política de cargos e salários”, ilustra.

Segundo as profissionais da Andrade Mariano Advogados, ao promover um ambiente de trabalho mais igualitário, as empresas reduzem os riscos jurídicos e reputacionais relacionados a eventuais diferenças salariais e à discriminação. Além disso, tais práticas contribuem para a melhoria do ambiente de trabalho e para a valorização da imagem da empresa junto à sociedade.

Primeiros passos

A adequação à lei deve partir de um olhar para as práticas internas, analisando os dados disponibilizados no eSocial, além das informações solicitadas no Portal Emprega Mais Brasil e a documentação relativa a outras políticas, como de incentivo à contratação de mulheres e plano de cargos e salários.

De acordo com Daniela, é importante ressaltar que a norma trouxe para as empresas a obrigação de envio de informações pelo Portal Emprega Mais Brasil, bem como de divulgação do Relatório de Transparência Salarial disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo o governo, as informações desse relatório serão utilizadas para a verificação da existência de diferenças salariais para o mesmo cargo. Os relatórios semestrais de transparência utilizarão os dados já informados pelas empresas pelo eSocial, e as empresas serão solicitadas a prestar algumas informações adicionais sobre critérios de remuneração e ações que apoiem a contratação e a promoção de mulheres nas empresas. Todas essas informações serão consolidadas em um relatório pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que será disponibilizado para disseminação, tal como determina a legislação em março de 2024.

Para fins de fiscalização e averiguação cadastral, o MTE pode solicitar informações complementares. Nos casos em que o documento constata desigualdade de salários, as empresas poderão buscar regularizar esta situação por meio dos Planos de Ação para Mitigação da Desigualdade Salarial e de Critérios Remuneratórios entre mulheres e homens. A Portaria do MTE n 3.714, de 24 de novembro de 2023, explicita as ações que devem estar contidas nos planos. 

Eles devem incluir medidas prioritárias, metas definidas com prazos e mecanismos de avaliação de resultados, planejamento anual com cronograma de execução e avaliação periódica. Além disso, precisam abranger a capacitação de gestores, lideranças e colaboradores sobre equidade de gênero, promoção de diversidade e inclusão no ambiente de trabalho, e capacitação e formação de mulheres para ingresso, permanência e ascensão no mercado de trabalho em igualdade de condições com os homens. Essas ações devem ser registradas em um plano digital com certificado válido e compartilhado com a entidade sindical representativa da categoria profissional.

Em caso de descumprimento quanto à publicação do relatório, a lei prevê a imposição de multa administrativa de até 3% da folha de salários do empregador, limitado a 100 salários-mínimos. “Ainda, no caso de discriminação, é prevista multa de 10 vezes o valor do novo salário ao empregado discriminado, elevada ao dobro no caso de reincidência, além do pagamento das diferenças salariais e indenização por danos morais”, acrescenta Mariana.

A participação ativa da Abramed e dos líderes das empresas de medicina diagnóstica pode influenciar positivamente na implementação de políticas de igualdade salarial e de critérios remuneratórios. “Esses atores podem contribuir para incentivar a promoção das melhores práticas, com o objetivo não apenas de cumprir exigências legais, como também de promover um ambiente de trabalho cada vez melhor e mais inclusivo. Para o setor da saúde, isso é muito importante, por influenciar diretamente os cuidados com os pacientes e demais beneficiários dos serviços prestados”, finaliza Daniela.

Vale ressaltar que no fechamento dessa matéria, a Andrade Mariano Advogados teve conhecimento de que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) ajuizaram a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7612 em face da Lei de Igualdade Salarial. Na ação, é questionada a constitucionalidade de algumas disposições da Lei, como acerca do plano de ação e da cumulação do dano moral.

Além disso, há pedido para que o Supremo Tribunal Federal (STF) fixe a interpretação de que não é possível a aplicação de qualquer penalidade sem que antes o empregador fiscalizado tenha tido a oportunidade de apresentar defesa, assim como não é possível a publicação dos relatórios de transparência salarial e de critérios remuneratórios que envolva a divulgação de valores salariais e remuneratórios vinculados a cargo ou função.

Casos de covid-19 na rede privada caem 31%, segundo Abramed

De 3 a 9 de março, foram realizados 29.996 exames, com 5.874 positivos; na semana anterior, de 25 de fevereiro a 2 de março, foram 34.558 exames, com 8.518 positivos

14 de março de 2024 – Em uma semana, o número de casos de covid-19 na rede privada caiu 31% e a quantidade de exames realizados reduziu 13%, segundo dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

De 3 a 9 de março, foram registrados 29.996 exames, com 5.874 resultados positivos, o que significa uma taxa de positividade de 20%, a menor marca das últimas seis semanas (de 28 de janeiro a 9 de março). Na semana anterior, de 25 de fevereiro a 2 de março, foram realizados 34.558 exames, com 8.518 casos positivos, que representam 25% do total da semana. 

Desde a semana de 4 a 10 de fevereiro, o número de exames vinha subindo significativamente, chegando justamente à maior marca na semana de 25 de fevereiro a 2 de março. 

Durante o período de seis semanas, compreendido entre os dias 28 de janeiro a 9 de março, os associados à Abramed realizaram 148.070 exames de covid-19. A taxa de positividade média nesse período foi de 27,4%, resultando em 40.597 positivos. 

Prezando pela precisão e qualidade, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos. Vale lembrar que os associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

ABRAMED – Exames e positividade – Covid-19
 Semana
 28/01 a 03/0204/02 a 10/0211/02 a 17/0218/02 a 24/0225/02 a 02/0303/03 a 09/03Total 6 semanas*
Nº de exames realizados            12.129             18.172             20.372             32.843                     34.558                         29.996                     148.070 
Taxa de positividade30%34%34%29%25%20%27,4%
Número positivos3.6766.2106.8369.4838.5185.874                      40.597 

* a taxa de positividade total é a média ponderada do período

Aumento número de exames na última semana: -13%

Aumento número de positivos na última semana: -31%

Abramed participará da JPR 2024 abordando o futuro da saúde e o papel do radiologista

O evento será realizado no Transamérica Expo Center, em São Paulo, entre 2 e 5 de maio, reunindo especialistas e profissionais do setor

15 de março de 2024 – Marcando presença em mais uma edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizará no dia 2 de maio, das 14h00 às 15h20, o debate “O Papel do Radiologista na Saúde do Futuro”, buscando contribuir para as discussões sobre o cenário em constante evolução da medicina diagnóstica.

Com moderação de Marcos Queiroz, diretor de Medicina Diagnóstica no Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, o painel contará com a participação de Cibele Carvalho, presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR); Marina Viana, diretora-executiva Brasil da GE HealthCare; e Felipe Kitamura, diretor de Inovação Aplicada e Inteligência Artificial da Dasa. A abertura e o encerramento ficarão a cargo de Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

O debate abordará o papel central que o radiologista desempenhará na interseção entre tecnologia avançada e cuidado ao paciente, garantindo diagnósticos precisos, personalizados e auxiliando significativamente no avanço da saúde digital. 

Entre os tópicos discutidos estarão a gestão das informações, envolvendo a análise dos benefícios relacionados à interoperabilidade e seus desafios; e a educação e adaptação do profissional de radiologia para se manter atualizado com as últimas tecnologias, técnicas e regulamentações sobre inteligência artificial (IA).

A JPR 2024, que acontecerá no Transamérica Expo Center, em São Paulo, entre os dias 2 e 5 de maio, será uma oportunidade única para profissionais de saúde e líderes do setor explorarem as tendências emergentes e os avanços tecnológicos que moldarão o futuro da radiologia e da saúde como um todo.

Durante o evento, representantes da Abramed compartilharão insights sobre as melhores práticas, desafios e oportunidades enfrentados pelos profissionais do setor. Além disso, a entidade estará disponível em seu estande para interagir com os participantes, fornecendo informações valiosas sobre seu trabalho contínuo para promover a excelência na medicina diagnóstica no Brasil.

“A participação da Abramed na JPR é reflexo do seu compromisso em fomentar o diálogo, impulsionar a inovação e colaborar para a promoção de padrões elevados de qualidade e segurança na prática diagnóstica, sempre tendo o paciente no foco. Todos estão convidados a participar desse importante momento”, salienta Milva.

Serviço

54ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR)

Data: 2 a 5 de maio

Local: Transamérica Expo Center – São Paulo (SP)Inscrições: https://www.jpr.org.br/evento/jpr2024/home

Perspectivas na saúde populacional brasileira: uma abordagem multifacetada

É fundamental considerar não apenas aspectos clínicos, mas também sociais, econômicos e tecnológicos

15 de março de 2024 – A saúde populacional é essencial na promoção do bem-estar e da equidade, na redução de custos em saúde, na resposta a emergências de saúde pública e no apoio ao desenvolvimento sustentável. Compreender e abordar seus desafios no Brasil requer uma visão integral e coordenada, considerando não apenas aspectos clínicos, mas também sociais, econômicos e tecnológicos. 

Segundo Paula Campoy, presidente na Aliança para a Saúde Populacional (ASAP), os principais desafios incluem alta incidência de doenças transmissíveis e crônicas, distribuição desigual de recursos e serviços de saúde, bem como questões socioeconômicas. “Além disso, o sistema de saúde é muitas vezes focado no tratamento em vez da prevenção, o que acarreta custos elevados e menos eficiência”, destaca.

Para mudar esse cenário, é preciso um movimento que aborde não apenas os sintomas desses desafios, mas também suas causas fundamentais. Isso inclui investir em educação para a saúde, iniciativas de prevenção e campanhas de conscientização que possam mudar comportamentos de risco e promover estilos de vida saudáveis. “Paralelamente, é necessário fortalecer o sistema de atenção primária, tornando-o mais acessível e integrado com as comunidades que serve. Isso pode ser alcançado através do aumento do financiamento para a saúde pública e da adoção de tecnologias que melhorem a eficiência e a coordenação do atendimento”, conta.

Na saúde populacional, a medicina diagnóstica é um pilar central, pois fornece a base para a maioria das decisões clínicas. Seu papel é detectar doenças precocemente, orientar tratamentos, monitorar a progressão das doenças e avaliar a eficácia das intervenções. Em um país como o Brasil, com grandes disparidades regionais e diferentes perfis de doenças, sua função é ainda mais crítica.

“No atual contexto, enfrentamos a necessidade de equilibrar a alta demanda por serviços de diagnóstico com os custos operacionais e a necessidade de manter a qualidade e a precisão dos resultados. Há, ainda, o desafio da distribuição desigual de serviços de diagnóstico, com áreas rurais e comunidades menos desenvolvidas muitas vezes desassistidas”, aponta Paula.

Inteligência artificial e interoperabilidade

Uma forma de superar esses obstáculos é utilizar a tecnologia, e a inteligência artificial (IA) é um ótimo exemplo, ao possibilitar a coleta e a análise eficiente de grandes volumes de dados. Essa ferramenta identifica padrões imperceptíveis aos métodos convencionais, sendo imprescindível para prever surtos de doenças, entender epidemias e personalizar a medicina com base em dados genéticos e clínicos.

Avanços em dispositivos vestíveis e sensores remotos permitem monitoramento contínuo da saúde em tempo real, enquanto a IA melhora a precisão diagnóstica ao interpretar imagens médicas. Seus benefícios incluem otimização do fluxo de trabalho em saúde, eficiência operacional, redução de custos e, mais importante, melhoria nos resultados de saúde. 

“Ampliar o uso de IA na saúde populacional pode oferecer melhor acesso a diagnósticos e tratamentos de qualidade para populações desatendidas, além de melhorar a resposta a emergências de saúde pública, como demonstrado durante a pandemia de covid-19”, salienta Paula.

Vale destacar que a interoperabilidade de sistemas e o compartilhamento de dados são peças-chave na saúde populacional ao permitir a integração de informações entre diferentes níveis e serviços de atendimento, possibilitando uma visão abrangente da saúde do indivíduo e da população em geral.

Com sistemas que se comunicam eficientemente, é possível acompanhar a jornada do paciente, melhorar o manejo de doenças crônicas, otimizar a alocação de recursos e fortalecer estratégias de prevenção e promoção de saúde. Além disso, a interoperabilidade facilita estudos epidemiológicos e a vigilância em saúde, essenciais para decisões baseadas em evidências.

Inspiração nas melhores práticas

Há várias práticas de gestão de saúde populacional no mundo que poderiam ser adaptadas e adotadas no Brasil. Por exemplo, na Dinamarca e no Reino Unido, são usados sistemas de atenção primária robustos. “Eles servem como o primeiro ponto de contato, coordenando o cuidado e mantendo registros abrangentes que são compartilhados dentro do sistema de saúde. Este modelo facilita a prevenção e o manejo precoce de condições crônicas, e poderia ser adaptado no Brasil para fortalecer nossa atenção primária”, explica Paula.

Outra prática para inspiração e análise é o uso de sistemas de saúde digitais integrados, como na Estônia, onde a digitalização de registros de saúde permitiu o acesso em tempo real a informações médicas por profissionais de saúde e pacientes, melhorando a coordenação e a qualidade do cuidado. 

Na Holanda, há um enfoque significativo na governança participativa, onde pacientes e cidadãos têm voz ativa nas decisões sobre a saúde populacional. Já no Canadá, a abordagem para a saúde mental é integrada e acessível, com programas que vão desde a prevenção até o tratamento especializado e suporte comunitário. 

“É fundamental entender que, para cada prática bem-sucedida internacionalmente, é necessário adaptá-la ao contexto cultural, econômico e político do Brasil, garantindo que as soluções sejam sustentáveis e efetivas a longo prazo”, diz Paula.

Custos e valor em saúde

Os custos na gestão de saúde têm um papel duplo: são um indicativo de eficiência e uma barreira potencial ao acesso. No contexto atual, com recursos limitados e demanda crescente por serviços de saúde, é necessário gerir custos de forma estratégica para maximizar o valor para os pacientes.

Uma abordagem eficaz envolve investir em intervenções comprovadamente eficazes, como a prevenção de doenças e a promoção da atenção primária, o que pode reduzir a necessidade de tratamentos mais dispendiosos no futuro. Além disso, é importante adotar modelos de pagamento baseados em valor, que recompensem a qualidade dos cuidados e desincentivem intervenções desnecessárias.

Por fim, vale ressaltar que a colaboração entre profissionais de saúde, governo e entidades é indispensável para o avanço da saúde populacional. As parcerias público-privadas estão ganhando destaque, unindo conhecimento técnico, inovação e eficiência. Por sua vez, os profissionais de saúde podem ajudar na formulação de políticas públicas baseadas em evidências, especialmente em campanhas de vacinação e prevenção.

“Além disso, a colaboração em pesquisa e desenvolvimento é essencial, assim como o intercâmbio de informações entre os setores. Também é importante investir na capacitação e educação continuada dos profissionais de saúde para enfrentar os desafios emergentes”, encerra a presidente da ASAP.

Casos de covid-19 caem 10% na rede privada, revela Abramed

Os resultados positivos diminuíram de 9.483 para 8.518, na comparação entre a semana de 18 a 24 de fevereiro e a semana de 25 de fevereiro a 2 de março

5 de Março de 2024

Enquanto o número de exames de covid-19 realizados na rede privada aumentou 5%, de 32.843 para 34.558, os casos positivos diminuíram 10%, de 9.483 para 8.518, na comparação entre a semana de 18 a 24 de fevereiro e a semana de 25 de fevereiro a 2 de março. Os dados são das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Esse resultado sugere uma possível estabilização ou mesmo uma diminuição na taxa de transmissão do vírus dentro da população avaliada. Esse fenômeno pode refletir uma série de fatores, incluindo medidas de saúde pública, conscientização da população e até mesmo mudanças nos padrões de comportamento em resposta à evolução da pandemia.

Olhando para o panorama geral das últimas seis semanas (de 21 de janeiro a 2 de março), podemos observar uma tendência ascendente tanto no número de exames realizados quanto no número de casos positivos identificados. Isso é indicado pelo aumento constante no número total de exames, que passou de 8.143 na primeira semana para 34.558 na semana mais recente. Da mesma forma, o número total de casos positivos aumentou significativamente, passando de 2.142 na primeira semana para 8.518 na semana de 25 de fevereiro a 2 de março.

A taxa de positividade também aumentou progressivamente ao longo das semanas, atingindo um pico de 34% nas semanas de 4 a 10 de fevereiro e de 11 a 17 de fevereiro. No entanto, é interessante notar que houve uma ligeira queda na taxa de positividade na semana mais recente, caindo para 25%. A menor taxa das últimas seis semanas.

Em vista dessa realidade, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos, que oferecem precisão, testes mais abrangentes e conformidade com padrões de qualidade. Além disso, os laboratórios clínicos associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

ABRAMED – Exames e positividade – Covid-19 (2024)
 Semana
 21/01 a 27/0128/01 a 03/0204/02 a 10/0211/02 a 17/0218/02 a 24/0225/02 a 02/03Total 6 semanas*
Nº de exames realizados                8.143             12.129             18.172             20.372                     32.843                         34.558                     126.217 
Taxa de positividade26%30%34%34%29%25%29,2%
Número positivos2.1423.6766.2106.8369.4838.518                      36.865 

* a taxa de positividade total é a média ponderada do período

Aumento número de exames na última semana: 5%

Aumento número de positivos na última semana: -10%

Número de exames de Covid-19 cresce 61% em uma semana na rede particular, segundo Abramed

Na comparação entre as semanas de 11/02 a 17/02 e de 18/02 a 24/02, a quantidade de casos positivos subiu 39%

28/02/2024 – Houve um aumento de 61% no número de exames de Covid-19 realizados na rede privada, segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam 65% do volume de exames realizados na saúde suplementar no Brasil. 

Na semana compreendida entre 11/02 e 17/02, foram realizados 20.372 exames. Já na semana subsequente, entre 18/02 e 24/02, foram 32.843 exames. Quanto à taxa de positividade, observou-se uma queda em pontos percentuais: de 34% na semana de 11/02 a 17/02 para 29% na semana de 18/02 a 24/02. Em termos absolutos, foram registrados 6.836 casos positivos na primeira semana mencionada, enquanto na semana seguinte o número aumentou para 9.483. Esse incremento de 39% no número de casos positivos demonstra que, embora a taxa de positividade tenha diminuído, o número total de casos confirmados ainda está em ascensão.

Nas últimas seis semanas (14/01 a 24/02), um total de 99.297 exames de Covid-19 foram realizados, com taxa média de positividade de 30,4%, o que significa que aproximadamente um terço dos testes realizados retornaram resultados positivos.

Em termos absolutos, foram registrados 30.146 casos positivos durante essas seis semanas. Isso indica uma tendência contínua de incidência da doença, conforme refletido tanto no número absoluto de casos positivos quanto na taxa de positividade relativamente alta.

Os dados estão disponíveis apenas ao nível Brasil, ou seja, não há recorte por cidade ou estado. A Abramed reforça a importância contínua das medidas de prevenção e controle, bem como a necessidade de intensificar os esforços na detecção e no tratamento precoce da doença.

“Defendemos que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos, que oferecem precisão, segurança, testes mais abrangentes e conformidade com padrões de qualidade. Além disso, os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública”, declara Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

ABRAMED – Exames e positividade – Covid-19
 Semana
 14/01 a 20/0121/01 a 27/0128/01 a 03/0204/02 a 10/0211/02 a 17/0218/02 a 24/02Total 6 semanas*
Nº de exames realizados                7.638                 8.143             12.129             18.172                     20.372                         32.843                       99.297 
Taxa de positividade24%26%30%34%34%29%30,4%
Número positivos1.7992.1423.6766.2106.8369.483                      30.146 

* a taxa de positividade total é a média ponderada do período

Aumento número de exames na última semana: 61%

Aumento número de positivos na última semana: 39%

Novas abordagens de diagnóstico e técnicas promissoras para doença de Parkinson

Especialista aborda a contribuição da ressonância magnética, questões genéticas e perspectivas em tecnologia

Há no mundo cerca de 4 milhões de pessoas com a doença de Parkinson, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas esse número pode dobrar até 2040, com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento populacional. Esta é uma das doenças destacadas na campanha global Fevereiro Roxo, que chama atenção para diversas condições médicas que afetam o sistema nervoso.

Identificar o Parkinson em estágios iniciais permite começar intervenções terapêuticas com maior antecedência, o que pode retardar a progressão dos sintomas e melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente. Um diagnóstico precoce possibilita a implementação de estratégias de tratamento personalizadas, adaptadas às necessidades individuais de cada paciente.

“Atualmente, o diagnóstico é feito clinicamente e só pode ser confirmado definitivamente por meio de exames cerebrais após a morte. No entanto, o desenvolvimento de terapias poderia ser impulsionado com o uso de biomarcadores, permitindo a identificação de pacientes antes mesmo de apresentarem sintomas”, explica Alexandre Marconi Ayres Pereira, coordenador da Radiologia/Medicina Interna do Hospital Sírio-Libanês e Líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Embora ainda seja cedo para afirmar que existam marcadores e métodos que impactem no diagnóstico precoce da doença de Parkinson, o uso de biomarcadores poderia reduzir a subjetividade na avaliação e auxiliar na distinção entre outros transtornos parkinsonianos, especialmente em estágios iniciais.

Sobre técnicas de imagem relevantes, Marconi destaca que as sequências de ressonância magnética padrão, como T1/T2, T2-FLAIR e difusão, são comumente utilizadas nesse contexto. Embora as técnicas de medicina nuclear (PET e SPECT) sejam sensíveis e específicas, elas raramente são aplicadas na prática clínica, sendo mais comuns em pesquisas.

Na prática, a doença de Parkinson pode apresentar apenas atrofia leve, afetando várias regiões do cérebro. A ressonância magnética estrutural pode ser útil como biomarcador, mas são necessários estudos com amostras maiores para avaliar sua precisão. Além da ressonância magnética estrutural, técnicas como SWI e sequências T1 são utilizadas para avaliar o nigrossomo 1 e a neuromelanina, respectivamente.

Marconi explica que a perda do padrão de suscetibilidade da cauda da andorinha na substância negra pode ser um sinal diagnóstico promissor. Além disso, a intensidade de sinal na substância negra está relacionada à perda de neuromelanina e ao acúmulo de ferro.

A ressonância magnética também pode detectar sinais de parkinsonismo secundário, como alterações nos vasos sanguíneos. Na doença de Parkinson idiopática, menos neuromelanina nos neurônios dopaminérgicos pode indicar maior propensão à neurodegeneração estrutural. No entanto, a diminuição da neuromelanina não é exclusiva da doença de Parkinson e pode variar entre seus subtipos.

Genética

O estudo da genética na doença de Parkinson avançou desde a descoberta das mutações no gene α-sinucleína, em 1997. “Isso marcou um ponto de virada, revelando que doença pode ser influenciada por fatores genéticos, envolvendo uma combinação de mutações em vários genes, fatores ambientais e envelhecimento. Desde então, outras mutações genéticas altamente penetrantes e fatores de risco genético foram identificados, contribuindo para uma compreensão mais profunda das formas monogênicas da doença e da arquitetura do risco genético associado ao Parkinson”, detalha Marconi.

Além do α-sinucleína, genes como LRRK2 e glucocerebrosidase (GBA) também foram reconhecidos como fatores de risco genético para o Parkinson. A pesquisa genética continua a desempenhar um papel fundamental na compreensão da doença, com a esperança de que avanços futuros possam levar a terapias mais específicas e eficazes. “O estudo da genética no Parkinson é uma área promissora que pode fornecer respostas e uma melhor compreensão desta doença complexa”, complementa.

Futuro promissor

Quanto às perspectivas futuras em tecnologia para diagnóstico, Marconi destaca avanços recentes nas abordagens de transferência de magnetização, denominadas transferência de saturação por troca química (CEST). Elas têm se mostrado promissoras em destacar características exclusivas da doença de Parkinson e das síndromes parkinsonianas, auxiliando no diagnóstico diferencial.

A imagem ponderada em suscetibilidade (SWI) e o mapeamento quantitativo de suscetibilidade (qSM) também estão sendo investigadas em pesquisas, podendo fornecer informações valiosas sobre a presença de certas substâncias ou alterações nos tecidos.

É importante reconhecer que a luta contra o Parkinson envolve não apenas o desenvolvimento de novas tecnologias e terapias, mas também a conscientização pública e o engajamento dos profissionais da saúde. Com esforços combinados, é possível avançar na detecção precoce e no tratamento dessa doença complexa.

Radiologia: desafios e perspectivas para a prática profissional

Por Cibele Alves de Carvalho*

A prática da radiologia médica enfrenta uma série de desafios que não apenas impactam os profissionais da área, mas também reverberam na qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Por isso, abordar essas questões de forma transparente e propositiva é fundamental, inclusive pensando na sustentabilidade de todo o sistema.

Um dos principais desafios enfrentados pelos médicos radiologistas é a percepção equivocada de que somos meros operadores de equipamentos. Ao contrário, somos médicos responsáveis pela interpretação dos exames de imagem e emissão dos respectivos laudos, assumindo toda a responsabilidade ética, civil, penal e criminal associada. Essa subestimação de nossa função tem reflexos diretos na remuneração que recebemos, muitas vezes inadequada e desproporcional ao nosso papel para o diagnóstico e tratamento das doenças.

Outra barreira significativa é a pressão das fontes pagadoras por redução de custos, ignorando que não somos nós os responsáveis pela solicitação dos exames. É imperativo que haja uma discussão  embasada  e responsável para avaliar o real custo  dos serviços de radiologia, em vez de transferir essa responsabilidade para os profissionais da área. O maior custo que temos sempre foi causado pelos gastos com medicamentos, órteses e próteses. Já os custos com propedêutica na cadeia da saúde giram em torno de 6%. 

Além disso, há questões que envolvem a evolução da inteligência artificial. Essa tecnologia tem impactado na formação de novos médicos radiologistas, porque há sempre a ameaça de que ela vai substituí-los. Embora a IA traga avanços significativos, as relações humanas e a expertise clínica são insubstituíveis. 

Os impactos negativos desses desafios para a comunidade médica são evidentes. O número de médicos especialistas está diminuindo, com muitos profissionais frustrados com a desvalorização de sua profissão e optando por outras especialidades ou até mesmo indo atuar em outros países. Com isso, o Brasil perde capacidade técnica e intelectual, comprometendo a qualidade dos nossos serviços de saúde.

E, ainda, essa falta de valorização resulta em dificuldades para atualização e investimento na própria carreira. Sem falar na baixa remuneração pelas operadoras de saúde, o que impacta na renovação tecnológica, reduzindo as chances de investimento no diagnóstico cada vez mais precoce. Diagnosticar precocemente é fundamental para minimizar os custos assistenciais e melhorar os desfechos clínicos, reduzindo a morbidade e aumentando as chances de sobrevida dos pacientes.

Agora falando em tendências, o cenário médico brasileiro apresenta duas que podem impactar significativamente a prática da radiologia. Primeiramente, a proliferação descontrolada de novas escolas de Medicina, com qualidade questionável, tem aumentado o número de médicos no mercado de trabalho, desvalorizando a profissão como um todo. Em segundo lugar, as políticas governamentais têm priorizado a formação de generalistas, em detrimento dos especialistas, o que tem levado muitos profissionais a optarem pela atuação em estratégia de saúde da família, especialmente do ponto de vista financeiro.

Esta situação tem preocupado tanto o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) quanto a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que vêm trabalhando em conjunto para valorizar o papel dos profissionais que atuam com propedêutica, incluindo radiologistas e, no caso da Abramed, também os patologistas clínicos. A colaboração entre essas entidades inclui iniciativas políticas para destacar a importância do trabalho desses profissionais e defender seus interesses junto aos órgãos legislativos e Agências Nacionais.

O CBR tem feito, inclusive, discussões, webinares, salas de discussão em congresso para que o acadêmico entenda melhor qual é o papel do médico radiologista, que eu reitero: é essencial dentro da Medicina. Já a Abramed desempenha um papel crucial ao monitorar os dados dos laboratórios clínicos, evidenciando o impacto positivo desses serviços na redução dos custos assistenciais. A medicina diagnóstica gera impacto no custo assistencial, mas para menos, não para mais.

A educação continuada também é uma prioridade para o CBR e a Abramed, que promovem iniciativas para atualização profissional e aprimoramento técnico dos médicos radiologistas e patologistas clínicos. Essas ações são fundamentais para valorizar e fortalecer a especialidade médica em propedêutica no Brasil.

A preocupação com a qualidade e a segurança dos serviços de imagem e laboratórios também gerou iniciativas importantes. O CBR criou o Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi); a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) criou o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC); e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) criou o Programa de Acreditação e Controle de Qualidade (PACQ). Vários simpósios de qualidade têm sido realizados através das ações conjuntas entre as entidades. 

De fato, a prática da radiologia enfrenta desafios significativos, mas também oferece oportunidades para aprimoramento e inovação. É fundamental que os radiologistas estejam cientes e ativos na defesa de sua prática profissional, participando da vida associativa,   potencializando sua representatividade e defendendo seus interesses em todas as instâncias pertinentes. Somente a união poderá nos fortalecer para enfrentarmos os desafios, garantir a valorização da profissão e, principalmente, oferecer serviços de saúde de qualidade à população.

*Cibele Alves de Carvalho é médica formada pela UFMG, especialista em Clínica Médica e em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, com MBA em gestão de hospitais e serviços de saúde pela Fundação Getúlio Vargas. Foi presidente da Sociedade Mineira de Radiologia (SRMG) por dois mandatos e presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), onde ainda é conselheira. É presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e diretora administrativa e financeira da Clínica Scanner, em Belo Horizonte. Além disso, é membro da Câmara Técnica de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Conselho Federal de Medicina (CFM).