Confira a entrevista com Carlos Figueiredo, do HCor, sobre telemedicina, COVID-19 e a importância de um setor unido e diverso
28 de setembro de 2020
É notório que a pandemia de COVID-19 impactou todos os setores e mudou muitos dos processos há anos consolidados. Com a tecnologia agregada ao DNA das corporações, a adaptação foi menos densa. Para Carlos Figueiredo, superintendente de Negócios e Operações do HCor, a telemedicina se tornou um dos pilares de inovação da instituição.
Paralelamente a esse avanço, que
já fazia parte da realidade do hospital, mas foi alavancado pelo novo
coronavírus, serviços de saúde tiveram de se movimentar a fim de criar um ambiente
seguro para receber tanto pacientes com COVID-19 quanto pacientes que
precisavam de consultas, exames e atendimentos para outras tantas doenças que
nunca deixaram de se manifestar. E criar uma relação de confiança foi o que fez
o HCor conseguir trazer esses pacientes de volta ao estabelecimento.
Nessa entrevista exclusiva para o
Abramed em Foco, Figueiredo também fala sobre a importância de um setor unido e
diverso para que a troca de experiências seja proveitosa.
Confira a entrevista completa.
Abramed em Foco – Em 2019, a
Central de Telemedicina do HCor – que emite laudos à distância de exames de
eletrocardiograma (ECG) para todo o país – completou 10 anos atingindo a marca
de 1 milhão de laudos. O que a telemedicina representa para a instituição?
Carlos Figueiredo – Desde
que começamos a atender aos usuários do SAMU através do Tele-Eletrocardiograma,
muita coisa mudou na Telemedicina. Naquela época, o principal objetivo era
levar atendimento qualificado a regiões onde não havia disponibilidade de
profissionais e equipamentos para atender um caso de emergência cardiológica.
Um cidadão de um município longínquo que sofria uma dor no peito e era atendido
pela equipe do SAMU, realizando um eletrocardiograma em tempo real, com laudo
feito aqui no HCor, por uma equipe médica altamente qualificada, com
recomendação da melhor conduta de continuidade do cuidado, usando os protocolos
mais atuais. Isso foi a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas.
Atualmente, oferecemos outras modalidades de atendimento, como segunda opinião
médica e consultas. A telemedicina é um dos pilares de inovação do HCor. É um
caminho que a pandemia da Covid-19 consolidou.
Abramed em Foco – Há mais de
um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o atendimento online
no Brasil e, com a pandemia de COVID-19, passamos a integrar essa realidade em
nossa rotina. Quais ainda são os grandes desafios da telemedicina no país?
Carlos Figueiredo – Vejo a
telemedicina como uma grande oportunidade de acesso, como no caso do Tele-Eletrocardiograma.
Sabemos que há diversas regiões do país que são carentes de profissionais e
equipamentos. Mas para a telemedicina disponibilizar todo o potencial que ela
pode nos proporcionar, precisamos de infraestrutura de telecomunicações. Há lugares
onde não temos banda larga de qualidade que nos permita fazer um atendimento em
tempo real, seja para avaliar e laudar exames de imagens ou seja para uma
avaliação de segunda opinião entre dois médicos. Outro desafio importante é
cuidarmos para que não percamos o contato, o toque e tudo que compreende o
processo do diagnóstico do paciente. De qualquer forma, esse é um aspecto que a
tecnologia tem evoluído muito rapidamente. Antes pensávamos que a tecnologia
iria nos afastar, hoje estamos mais próximos. Mesmo de longe.
Abramed em Foco – O Centro de
Diagnósticos por Imagem HCor disponibiliza serviços como tomografia
computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear, mamografia, MAPA,
ecocardiograma e serviços de laboratório, entre outros. Durante a pandemia do
novo coronavírus, muitos brasileiros estão deixando de realizar exames e de se
prevenirem de outras doenças. Esses exames tiveram queda no número de
realizações no CD HCor? Como a instituição está lidando com esse cenário?
Carlos Figueiredo – Assim
como todas as instituições, precisamos construir fluxos específicos para
pacientes Covid-19 e pacientes que denominamos do HCor+Seguro – ou seja,
pacientes sem sintomas clínicos da doença. No primeiro momento, muitos
pacientes, mesmo precisando realizar exames e outros procedimentos, deixaram de
frequentar as instituições de saúde por medo de contrair a doença. Mas
conseguimos construir fluxos seguros, de isolamento e distanciamento social,
que transmitiram aos pacientes a segurança necessária para retomarem seus
cuidados. Atualmente, conseguimos atender a todos, seja no fluxo da síndrome
gripal ou no HCor+Seguro, com todas as regras e protocolos de proteção e
segurança necessários.
Abramed em Foco – O Centro de
Diagnósticos por Imagem do HCor reúne tecnologias avançadas e equipamentos de
última geração. A inovação na esfera hospitalar é essencial, sobretudo para
manter a competitividade da instituição no mercado. Em seu ponto de vista, o
fortalecimento do setor está diretamente atrelado à inovação tecnológica?
Carlos Figueiredo – Diria
que inovação e tecnologia são pilares do fortalecimento do setor. Com a
evolução, temos conseguido oferecer uma gama cada vez maior de exames, com
precisão e confiabilidade, embora o acesso a esses serviços ainda possa
melhorar. Não é incomum um paciente precisar de um determinado exame e não
encontrar locais onde realizá-lo. E, quando encontra, ou precisa se deslocar um
longo tempo ou a disponibilidade de agenda não é imediata. O acesso é algo que
ainda precisa evoluir em nosso sistema de saúde.
Abramed em Foco – Quais lições
a Saúde pode aprender com a pandemia do novo coronavírus, especialmente a área
de medicina diagnóstica?
Carlos Figueiredo – Diria
que nossa maior lição foi entender que a velocidade de adaptação de processos e
adoção de protocolos de segurança fazem a diferença. Foi necessário conquistar
a confiança de nossos pacientes, através de medidas e ações concretas.
Lembrem-se que, felizmente, os pacientes são bem informados e exigentes, conhecem
os riscos da doença e sabem quando uma instituição de saúde está oferecendo
medidas adequadas de proteção. Outro aspecto fundamental foi a capacidade de
nossas equipes de lidarem com esses novos fluxos distintos. Como sempre,
pessoas preparadas e engajadas são a receita do sucesso.
Abramed em Foco – Qual a
importância de uma associação como a Abramed congregar serviços diversos dentro
da área da medicina diagnóstica, incorporando desde hospitais, grandes grupos
laboratoriais e até mesmo as pequenas empresas que atuam no segmento?
Carlos Figueiredo – A
diversidade de experiências é fundamental. Aprendemos umas com as outras,
através de compartilhamento de melhores práticas. E não importa o tamanho da
organização, os problemas atingem a todos. A Abramed é um catalisador de
processos. Isso faz com que o setor de medicina diagnóstica como um todo
evolua. Ao mesmo tempo, a cooperação na troca de melhores práticas estimula a
competição na oferta de melhores serviços aos nossos pacientes. É o que
chamamos de coopetição. Cooperamos nas melhores práticas e competimos na
conquista dos clientes através dos melhores serviços. No resultado final,
ganham os pacientes.
Abramed em Foco – Este ano, a
Abramed comemora 10 anos. Como associado, o que esperar da Associação para a
próxima década?
Carlos Figueiredo – A
Abramed já se consolidou como entidade representativa do segmento e como fórum
de compartilhamento de melhores práticas, através dos diversos comitês e grupos
técnicos. Espero que ela cresça no número de associados, para que, cada vez
mais, outras organizações possam trilhar esses caminhos. Ganha o setor de
medicina diagnóstica, ganha o setor saúde como um todo e, acima de tudo, ganham
os nossos pacientes.