Dados compilados pela Abramed mostram impacto da COVID-19 no diagnóstico precoce do câncer de mama
9 de outubro de 2020
Principal exame para detecção precoce do câncer de mama, a
mamografia é uma das grandes aliadas da saúde feminina. Porém, durante a
pandemia de COVID-19, muitas mulheres deixaram de fazer esse procedimento que
salva vidas. A queda na quantidade de mamografias realizadas no país, segundo
dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
(Abramed), foi de 46,4% quando comparado o período de março a agosto de 2020
com os mesmos meses de 2019. Importante frisar que as associadas à Abramed
representam 56% do total de exames realizados na saúde suplementar.
No Sistema Único de Saúde (SUS) o cenário é igualmente
preocupante: entre janeiro e junho de 2019 foram realizados 180.093 exames na
rede pública. No mesmo período de 2020, a quantidade de exames caiu para
131.617.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020 o
Brasil deve assistir à 66.280 novos casos de câncer de mama, doença que em 2018
matou mais de 17 mil mulheres no país. Importante enfatizar que o Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) divulgou recentemente a
pesquisa “Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena” que
afirma que 62% das 1.400 mulheres entrevistadas não foram ao médico durante a
pandemia com medo de contrair COVID-19. Entre o grupo de risco, composto por
mulheres com mais de 60 anos de idade, 73% disseram estar aguardando a pandemia
passar para retomar suas consultas e exames.
Essa situação exposta pelo IBOPE reflete parte do impacto da
crise na medicina diagnóstica no país. O setor previa a realização de mais de
480 milhões de exames no primeiro semestre de 2020 e foram realizados apenas
353 milhões, o que representa uma queda geral de mais de 36%.
“O setor de medicina diagnóstica é rigidamente regulado para
garantir a segurança do paciente. Com a pandemia, as empresas reforçaram ainda
mais seus protocolos de segurança, aumentaram os intervalos entre os
agendamentos, eliminaram agendamentos presenciais, reduziram drasticamente o número de pessoas
nas recepções, criaram fluxos de atendimento separados para atender pacientes
com sintomas de síndrome gripal, aumentaram a coleta domiciliar, criaram o
sistema de coleta drive-thru. Tudo isso aliado a uma comunicação consistente
sobre a importância de manter a rotina de exames preventivos e de continuidade
de tratamentos. As outras doenças não vão esperar a pandemia passar e não
podemos descuidar dos cuidados com nossa saúde”, relata Priscilla Franklim
Martins, diretora-executiva da Abramed.
Considerando que o Brasil é um país continental, a situação
do atraso nos diagnósticos de câncer de mama pode ser ainda mais complexa em
determinadas regiões do país. Informações do Painel Abramed de 2019 – O DNA do
Diagnóstico mostram que a região Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos
do Brasil, o que gera desigualdade na oferta de exames nos estados e leva ao
chamado vazio assistencial. A região Norte, por exemplo, possui apenas 6% dos
equipamentos do país.
Com a chegada do Outubro Rosa, campanhas diversas incentivam
as mulheres a realizar exames preventivos importantes como a mamografia que,
segundo o Instituto Oncoguia, é capaz de detectar pequenos nódulos de 1
milímetro até três anos antes da mulher conseguir senti-los na palpação. Assim,
com o diagnóstico precoce e iniciando o tratamento do câncer de mama ainda no
estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%.