Após vencer meses de pandemia com crescimento e sem demissões, IACS encara novos desafios para expansão

Após vencer meses de pandemia com crescimento e sem demissões, IACS encara novos desafios para expansão

Confira a entrevista com Arthur Ferreira, diretor-executivo do Instituto de Análises Clínicas de Santos

08 de janeiro de 2021

Diante de uma crise de grandes proporções gerada pela disseminação do novo coronavírus, a prioridade do Instituto de Análises Clínicas de Santos (IACS) sempre foi preservar seu capital humano e trabalhar pela sustentabilidade dos negócios. Para isso, lideranças de todas as 14 unidades da rede se uniram em um comitê de crise focado em respostas estratégicas. Após muitas mudanças ao longo dos últimos meses, o IACS está fortalecido com atendimento 20% superior ao anotado na pré-pandemia.

Para entender como a empresa está vencendo as mazelas da COVID-19 e quais os desafios que vislumbra para o futuro, a Abramed em Foco conversa com o diretor-executivo, Arthur Ferreira, que detalha as ações adotadas pela companhia nos últimos dez meses e abre as expectativas para o primeiro semestre de 2021.

Confira a entrevista completa!

Abramed em Foco – O ano de 2020 foi atípico. A pandemia de COVID-19 impactou drasticamente todos os setores e exigiu, da medicina diagnóstica, mudanças rápidas e drásticas para a manutenção dos serviços. Como o IACS reagiu às necessidades geradas pelo novo coronavírus?

Arthur Ferreira – Em meados de março nos deparamos com a necessidade urgente de uma tomada de ação estratégica. Quando os serviços começaram a fechar, tentamos nos preparar para enfrentar tudo isso. Reunimos as lideranças estratégicas e táticas das nossas 14 unidades em um comitê de crise que apontou, como prioridades, a proteção de todo o nosso capital humano e a sustentabilidade da nossa rede.

Abramed em Foco – E quais foram as principais medidas desse plano estratégico?

Arthur Ferreira – A primeira atitude foi afastar todos os nossos colaboradores do grupo de risco. Era fundamental, na nossa visão, preservar a saúde do nosso pessoal. Física e mental. Para isso, criamos programas de monitorização dos colaboradores infectados e investimos na contratação de apoio psicológico para todos os profissionais afastados, deixando o atendimento à disposição de quem necessitasse. Assim, conseguimos manter todo nosso corpo de trabalho. Não aderimos a nenhum programa de demissão ou redução de salários. Paralelamente, fechamos 10 das nossas 14 unidades pois sabíamos que, em um primeiro momento, teríamos uma debandada de pacientes. A partir daí, foram tomadas atitudes estratégicas para gestão dos estoques pela maior aquisição de insumos como álcool em gel, luvas e seringas – pois fatalmente haveria uma supervalorização desses produtos e possível escassez; alterações de infraestrutura para instalação de proteção em acrílico nos guichês e implementação de EPIs como o face shield para os profissionais responsáveis pelo atendimento no front; e a corrida para aquisição dos kits de testes para diagnóstico da COVID-19.

Abramed em Foco – Essa disputa pelos kits foi uma das demandas mais estratégicas dentro do IACS?

Arthur Ferreira – Talvez tenha sido a tarefa mais árdua que enfrentamos, pois essa ação não se limitava à compra dos kits. Era necessário cuidar da qualidade desses kits. Para isso foi criado um braço no nosso comitê de crise que se responsabilizou pela aquisição. No começo da pandemia vimos até mesmo fornecedores que antes não comercializavam reagentes vendendo testes rápidos sem comprovação de eficácia. E a posição do IACS foi de não adotar testes rápidos de anticorpos devido à incerteza de resultados confiáveis. Nunca colocamos nossa credibilidade em jogo e fazer essa aposta não era interessante nem para nós nem para a segurança dos pacientes. Portanto optamos por testes já consagrados. Como já contávamos com um setor de biologia molecular, passamos a fazer o RT-PCR [padrão ouro para diagnóstico da COVID-19] dentro de um protocolo validado pelo Instituto Adolfo Lutz que não exigia a contraprova, o que nos deu força e agilidade na entrega dos laudos.

Abramed em Foco – O IACS também ampliou a forma de atendimento para garantir acesso seguro aos pacientes?

Arthur Ferreira – Aos poucos fomos adequando nosso atendimento. Precisávamos encontrar um caminho para chegar até as pessoas, então montamos um centro avançado para coleta de exames de COVID-19 fora das nossas unidades, em sistema drive-thru, permitindo aos pacientes a realização do teste sem risco de contaminação. Além disso, melhoramos e ampliamos nossa coleta domiciliar que cresceu 200%.

Abramed em Foco – Acredita que essas modalidades de atendimento vieram para ficar?

Arthur Ferreira – A médio prazo, nossa expectativa é de que o volume por esse atendimento permaneça o mesmo. Considerando que uma imunidade pela vacina deve começar entre março e abril, pelo menos nos próximos seis meses devemos manter o ritmo atual. Creio que depois, no segundo semestre, o ritmo deve diminuir, mas não voltará ao basal do ano de 2019. Ainda permaneceremos com um volume aumentado de coleta domiciliar, tanto para os exames de COVID-19 quanto para outros testes, visto que muitas pessoas “descobriram” esta comodidade.

Abramed em Foco – As unidades fechadas já foram reabertas? Quais os novos desafios do IACS a partir de agora?

Arthur Ferreira – Fomos reabrindo nossas unidades de acordo com a demanda. Estamos presentes em seis cidades do litoral paulista. Quando víamos que os pacientes de uma cidade estavam buscando atendimento em unidades de outros municípios, começamos a reabrir nossa rede. Dessa forma, em 15 semanas estávamos com todas as nossas unidades funcionando novamente. Dentro desse cenário, percebemos que em pouco mais de três meses conseguimos contornar a queda de movimento que ocorreu em função do novo coronavírus. Hoje, então, já estamos trabalhando com um número de pacientes que supera em 20% o ritmo pré-pandemia. Notamos que as pessoas, além de terem tido sua atenção despertada para o auto cuidado, tiveram de retomar seus exames que estavam represados.

Infelizmente o planejamento de 2020 não pode ser plenamente executado. Mas mesmo diante de uma situação totalmente adversa, pensamos estrategicamente e positivamente para agir. Esse foi nosso intuito dentro da pandemia. Agora miramos, claro, na COVID-19, mas não deixamos de lado os outros braços do IACS. Assim, pretendemos expandir nossos setores de cardiologia e de diagnóstico por imagem, bem como investir na medicina ocupacional. Temos metas arrojadas para 2021.

Abramed em Foco – Evolução e inovação são termos que comandam o setor de medicina diagnóstica. O que, na sua opinião, balizará as demandas do futuro nesse segmento?

Arthur Ferreira – Acredito no poder da comunicação como ferramenta para incentivar o autocuidado. Mensagens que levem a população a melhorar seu estilo de vida, não com foco em comercialização de saúde, mas com o intuito do fortalecimento da prevenção. Para isso, teremos de encarar o desafio do tratamento de dados. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está em vigor e interfere diretamente nessa abordagem. Acho que essa será nossa grande balança: como tratar os dados, investir em comunicação sem ferir a privacidade dos pacientes.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed e o que espera da entidade para esse ano desafiador?

Arthur Ferreira – Somos caçulas dentro da Abramed, pois nos associamos recentemente, porém acompanhamos a atividade da entidade há bastante tempo, participando, inclusive, de reuniões como convidados. E nos associamos justamente por conta do trabalho exemplar que a Associação vem fazendo junto aos órgãos reguladores da saúde, especialmente junto à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), além claro, de engrossar o grupo bastante qualificado dos maiores players do mercado. Vemos, também, como essencial, o envolvimento dos comitês técnicos e dos grupos de trabalho nos nossos principais pleitos setoriais, atividades que agregam muito valor tanto ao nosso trabalho regional quanto à medicina diagnóstica nacional. Contar com o suporte de uma entidade que direciona tantas ações pertinentes é uma boa oportunidade para todos nós.

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