Healthcare Talks debate os pilares da medicina diagnóstica brasileira

Healthcare Talks debate os pilares da medicina diagnóstica brasileira

Encontro virtual reuniu lideranças para tratar do protagonismo do setor durante e no pós-pandemia

1º de maio de 2021

Líderes da medicina diagnóstica estiveram reunidos na tarde de 29 de abril para debater o protagonismo do setor nos tempos atuais. O evento, intitulado Healthcare Talks e promovido pelo Grupo Mídia, recebeu o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, que trouxe alguns dos principais pleitos dos laboratórios e clínicas de imagem para um rico debate virtual junto a Claudia Cohn, CEO do Alta Excelência Diagnóstica e membro do conselho da Abramed; Adriano Caldas, general manager da Guerbet; e Carlos Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL).

Na primeira parte do bate-papo moderado por Carla de Paula Pinto, editora do Grupo Mídia, os executivos falaram sobre alguns dos pilares da medicina diagnóstica brasileira: pioneirismo, espírito colaborativo, senso de urgência e competência.

Para Claudia, o ramo de diagnóstico exige pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica em um fluxo constante e, mesmo que nenhum país estivesse preparado para enfrentar uma pandemia como a de COVID-19, a agilidade das empresas e dos profissionais do setor na busca por ferramentas e estratégias para combater o novo coronavírus precisa ser destacada. “Foi o pioneirismo que nos permitiu a rapidez na criação dos testes necessários para uma maior testagem populacional e que nos levou, também, à uma rápida ação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) na incorporação desses exames, nos garantindo a chance de exercer a função diagnóstica que precisávamos”, declarou.

Na sequência, ainda falando sobre o protagonismo do segmento, Shcolnik destacou que os bons resultados foram conquistados graças à união dos diversos players que compõem a cadeia de saúde. “O espírito colaborativo é o que eu ressalto. Sem a indústria que nos fornece os kits e os materiais; sem os equipamentos apropriados que nos levam à maior capacidade operacional; e sem os profissionais de saúde especializados e dedicados, nenhum bom resultado teria sido possível”, disse. Nesse mesmo sentido, Gouvêa relembrou a união de várias entidades, entre elas a CDBL e a Abramed, na construção de um projeto de validação de kits de testes de diagnóstico de COVID-19 para garantir a qualidade da testagem no país. “Hoje o valor do diagnóstico está ainda mais claro”, afirmou.

Ao pioneirismo e ao espírito colaborativo, Caldas acrescentou o senso de urgência e a competência do setor durante a crise de COVID-19. “O sistema de saúde e a medicina diagnóstica responderam às demandas na velocidade adequada desenvolvendo rapidamente as soluções necessárias e, ao mesmo tempo, tomando todos os cuidados para que essas soluções fossem seguras para a melhor gestão da pandemia”, pontuou.

Tecnologia

Para iniciar um novo ciclo de debates, Carla questionou os participantes sobre a importância dos avanços tecnológicos no setor de diagnóstico no combate à pandemia.

Shcolnik fez questão de enfatizar: “a medicina diagnóstica é 100% dependente de tecnologia”. Mas complementou que toda a tecnologia implementada carece de avaliação, teste e validação. Para isso, fez uma analogia e comparou os processos tecnológicos da medicina diagnóstica à aviação. “Somos como uma aeronave que, antes de levantar voo, passa por uma série de checagens feitas pelos pilotos para garantir a segurança dos passageiros. Na saúde, tudo deve ser testado – e precisa de pilotos experientes – para não incorrermos em erros”, observou. Diante de uma cadeia tão complexa, Cláudia reforçou que existe a tecnologia que é visível a todos – aplicada a equipamentos ultramodernos, por exemplo – mas que há, também, muita tecnologia nos bastidores.

Underuse e overuse

Uma das principais pautas da Abramed também ganhou espaço nessa edição do Healthcare Talks: underuse e overuse. Carla perguntou qual o posicionamento da Abramed quanto aos questionamentos de desperdícios ocorridos nas solicitações de exames tanto no sistema público quanto no sistema privado.

Ao responder essa pergunta, Shcolnik explicou qual é o atual cenário nacional. Segundo o executivo, estamos realizando cada vez mais exames, porém existem fatores que justificam esse aumento. “Além de termos uma população envelhecendo, temos muito mais gente preocupada com sua saúde, focadas em prevenção. O que é positivo”, disse reforçando que não se pode interpretar exame com resultados normais como desperdício, visto que o preventivo é extremamente eficaz para o diagnóstico precoce e que o esperado é um exame normal, mas que somente por esse acompanhamento de rotina chega-se a um exame “anormal” no início de qualquer patologia.

O presidente também aproveitou a oportunidade para derrubar mais um mito: o de que muitos exames não têm seus resultados acessados. “Apuramos que apenas 5,4% dos laudos dos exames não são vistos. Há, muitas vezes, essa percepção equivocada, pois vivemos em uma era moderna na qual muitas pessoas não vão mais aos laboratórios pegar seus resultados. Elas acessam pela Internet”, afirmou.

A sustentabilidade do sistema é sim uma preocupação da Abramed e o executivo reconhece que os recursos não são suficientes para suprir toda a demanda populacional e que, portanto, as sociedades médicas precisam ser apoiadas no que tange à orientação dos médicos para a indicação dos exames adequados.

Claudia também se manifestou quanto à necessidade do uso racional desses exames. “Devemos lutar contra os exames pedidos em demasia, mas também precisamos mudar o modelo que está sendo aplicado e que, hoje, atrela a melhor remuneração à maior quantidade de procedimentos. O nosso sistema já entendeu que essa não é uma vertente que dá certo e todos temos trabalhado para mudar. Estou otimista de que vai melhorar e de que teremos o foco sempre no melhor desfecho para o paciente”, explicou ao se referir às mudanças na forma de remuneração que são debatidas na cadeia de saúde.

Hoje o Brasil prioriza o fee-for-service, modelo que paga o prestador de acordo com os procedimentos realizados. O que muitos consideram ideal está aplicado em uma proposta que remunera e gera incentivos de acordo com o desfecho, e não com a quantidade. É o que vem sendo chamado de saúde baseada em valor.

Impactos da pandemia

Os primeiros meses da pandemia trouxeram um impacto extremamente relevante ao setor de diagnóstico, que assistiu a quedas drásticas no movimento em decorrência do receio das pessoas em comparecer aos atendimentos durante uma pandemia infecciosa e, também, à dificuldade de passar em consultas com seus médicos.

Questionado sobre essa redução, Shcolnik trouxe dados chocantes sobre queda no número de exames realizados entre março e agosto de 2020. “Os exames de hemoglobina glicada, que monitoram a diabetes, caíram 32,5%; as mamografias diminuíram 46%; e o Papanicolau, para rastreio do câncer de colo de útero, teve redução de quase 50%. Três exemplos básicos que deixam claro que o afastamento dos pacientes dos exames em 2020 trará consequências para seus prognósticos e também consequências econômicas para o sistema”.

Relembrando qual foi a solução aplicada pelas redes de laboratórios e clínicas do país, Claudia mais uma vez parabenizou o pioneirismo dessa classe ao mencionar que rapidamente as unidades se prepararam para prover uma infraestrutura adequada ao novo cenário e capaz de gerar atendimentos seguros aos pacientes.

Realização de exames fora do ambiente laboratorial

Por fim, as CPS 911 e 912 – sobre realização de exames laboratoriais em qualquer serviço de saúde –, abertas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), também entraram na agenda do webinar. Shcolnik fez questão de enfatizar que a grande preocupação da Abramed está na disponibilização exames que coloquem em risco a segurança dos pacientes. Segundo o executivo, é importante que todo teste seja realizado por um profissional capacitado. Além disso, aqueles com maior complexidade precisam de outro tratamento. “Existem testes diagnósticos laboratoriais de média e alta complexidade que deveriam se manter restritos às infraestruturas totalmente controladas dos laboratórios clínicos”, disse.

Gouvêa defende a ampliação do acesso por meio de testes point-of-care, mas reforçou a importância da qualidade dos kits serem testados e de haver um sistema de treinamento para capacitação dos profissionais. “A Anvisa precisa olhar para isso”, pontuou.

Essa edição do Healthcare Talks sobre o protagonismo da medicina diagnóstica está disponível para visualização AQUI.

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