Valorização do setor é grande desafio da medicina diagnóstica brasileira

Valorização do setor é grande desafio da medicina diagnóstica brasileira

Confira a entrevista com o doutor Marcelo Rodrigues de Abreu, da Radiologia SIR, nova associada Abramed

Fevereiro de 2019

Com vasta experiência no setor de diagnóstico, doutor Marcelo Rodrigues de Abreu, diretor da Radiologia SIR, soma atuações como coordenador médico do Centro de Diagnóstico por Imagem do Hospital Mãe de Deus, revisor da revista Skeletal Radiology e membro do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) em seu currículo. Acredita que o ano será de muitos desafios para o setor, entre eles a necessidade constante de valorizar o segmento agregando tecnologia de ponta e investindo em educação continuada.

Para Marcelo, aplicar toda a tecnologia que já temos disponível na rotina das empresas de medicina diagnóstica é uma atitude estratégica que deve ser direcionada com atenção e cuidado pelo seu alto potencial de revolução. Confira a entrevista completa.

Abramed em foco: Quais os desafios da medicina diagnóstica brasileira em 2019?  

Marcelo Abreu: São muitos os nossos desafios e um deles está na busca pela maior valorização do nosso trabalho e dos nossos produtos. Em um país com tanta informalidade, falta de regulamentação do setor e falta de fiscalização, essa não é uma tarefa fácil. Na área de exames, qualidade deveria ser a condição mínima para a prestação do serviço, deixando o diferencial competitivo para quem fosse capaz de manter a qualidade com maior volume graças à otimização de processos e custos. Essa equação ficaria ainda mais interessante e possível por meio da tecnologia de ponta que é, inclusive, outro grande desafio: inserir a tecnologia já disponível, como machine learning e big data, no dia a dia das empresas de medicina diagnóstica. Uma fusão da high tech com o mundo real, o que está demorando para acontecer no nosso segmento. Fazer essa mescla com sabedoria pode gerar grandes lucros a curto e médio prazos, mas é preciso pensar bem nas estratégias para implantá-las, visto que são tecnologias com características disruptivas que podem mudar todo o negócio.

Abramed em foco: O que pode dizer sobre atuar fora do eixo Rio-São Paulo?

Marcelo Abreu: Enxergo muitas oportunidades por estar fora do eixo Rio-São Paulo. Ficar dentro dele significaria estar nas grandes corporações ou nos grandes hospitais, onde fica ainda mais difícil inovar. Para exemplificar, estamos trabalhando com protocolos otimizados (exames de ressonância ultrarrápidos) há mais de dez anos. Protocolos que hoje estão validados por grandes universidades como a de Nova Iorque. Será que conseguiríamos fazer isso dentro das grandes corporações? Tenho colegas brilhantes atuando dentro do eixo Rio-São Paulo que enfrentam grandes dificuldades para colocar suas ideias em prática.

Abramed em foco: Acredita que o fortalecimento do setor de diagnósticos está diretamente atrelado à inovação tecnológica?

Marcelo Abreu: A inovação tecnológica sem dúvida fortalece o setor aumentando a qualidade e a produtividade ao mesmo tempo que reduz custos. Dentro da área de medicina diagnóstica, ainda temos dois grupos distintos: os exames laboratoriais e os exames de imagem. Porém, em um futuro próximo esses dois departamentos serão fundidos.

É muito tentador utilizar novas tecnologias para automatizar os exames. Entretanto, do meu ponto de vista, a figura do radiologista deve ser vista como uma vantagem enorme para as empresas de medicina diagnóstica. As organizações exponenciais, por estarem fortemente atreladas a softwares e plataformas, são frágeis e podem quebrar com mais facilidade. Comercializar o trabalho do radiologista muda o negócio de uma empresa de tecnologia para uma empresa de serviços, e isso pode agregar mais valor aos nossos exames, produtos e marcas. Grandes empresas de medicina diagnóstica e hospitais já perceberam essa possibilidade, por isso estão promovendo mudanças e vendo os resultados positivos chegarem.

Abramed em foco: Sua empresa oferece também cursos de residência médica e de aperfeiçoamento. Acredita que o investimento na educação continuada é um dos pontos mais importantes para garantir o desenvolvimento do setor?

Marcelo Abreu: Sim, com certeza. Por isso oferecemos cursos de formação em radiologia, ultrassom, R4 e fellows há mais de 20 anos. É preciso manter uma equipe estimulada e, para isso, temos que conviver com os jovens permanentemente renovando o time.

Abramed em foco: O que espera da Abramed como associação para vencer todos os desafios do setor?

Marcelo Abreu: Ao conhecer a Abramed por meio do Conrado Cavalcanti, vice-presidente do Conselho, fiquei impressionado com o potencial da entidade para fortalecimento e valorização do setor de medicina diagnóstica no Brasil, até mesmo pela sua composição repleta de expoentes do setor. Fiquei muito contente em saber da existência de uma entidade com foco no nosso negócio, que é vital para todos nós.

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