Webinar da SAHE debateu aspectos do setor no cuidado geral com a saúde e protagonismo nesse momento de pandemia
4 de agosto de 2020
Para tratar da relevância da medicina diagnóstica no
contexto geral da saúde e debater os novos rumos do setor após a pandemia de
COVID-19, a South America Health Education (SAHE), plataforma de
compartilhamento de conteúdo do Grupo Mídia, recebeu Wilson Shcolnik,
presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed), para um encontro virtual realizado na noite de 3 de
agosto. Comandado por Claudia Cohn, que além de membro do Conselho de
Administração da Associação, é diretora-executiva da DASA e presidente do
comitê científico do Masterclass de Medicina Diagnóstica da SAHE’21, o webinar
tratou de temas que permeiam muitas das atuais discussões da saúde.
O encontro foi iniciado com uma conversa sobre a contribuição
do diagnóstico para a medicina e com os executivos elencando as inúmeras
atribuições do setor na melhoria da saúde populacional. “Os médicos utilizam
exames complementares para confirmar ou excluir possibilidades diagnósticas,
porém o segmento também atua na definição dos tratamentos mais adequados à
determinadas patologias”, explicou Shcolnik exemplificando que um corriqueiro
antibiograma é extremamente útil para indicar, ao médico, qual o medicamento
mais eficaz para combater especificamente aquele determinado micro-organismo.
O executivo também mencionou o monitoramento de resultados
de tratamentos, como a coleta de sangue para análise de desempenho das terapias
anticoagulantes, evitando que os pacientes utilizem doses elevadas da medicação
levando a possíveis sangramentos; e o monitoramento das doenças em si, como no
caso de pneumonias que são acompanhadas por meio de exames de imagem. Além
disso, Shcolnik enfatizou a relevância dos exames tanto para a indicação de
hospitalização quanto para balizar a decisão da alta hospitalar.
Pensando no contexto dos sistemas de saúde, a prevenção
também foi elencada como uma das principais estratégias de adoção do
diagnóstico. “O exame bem realizado, no paciente certo, na hora certa, tem
grande valor para os desfechos da assistência à saúde”, pontuou o presidente da
Abramed reforçando que a Associação defende o uso racional dos exames, ou seja,
a aplicação de procedimentos adequados que gerem valor para a sustentabilidade
dos sistemas, mas sobretudo aos pacientes.
Entrando no atual contexto, Claudia enfatizou que a medicina
diagnóstica se tornou protagonista, levando termos mais técnicos para o
conhecimento de todos. “Dois dos termos repercutidos são qualidade e rastreabilidade.
Qual a importância desses conceitos?”, questionou.
Para explicar essas terminologias, Shcolnik enfatizou que a
tecnologia trouxe muitas evoluções, entre elas kits de diagnóstico
industrializados que entregam ainda mais precisão. Porém, a qualidade desses
testes também depende dos processos pré-analíticos, analíticos e
pós-analíticos. “Temos procedimentos utilizados antes das amostras
laboratoriais chegarem e no preparado dos pacientes que serão submetidos a
exames de imagem; precisamos de cuidados para a execução dessas amostras e
desses exames; e não podemos nos desprender dos processos de qualidade na
emissão dos laudos, pois se essas etapas não forem seguidas, algo pode dar
errado”, detalhou.
Ainda citando termos que se tornaram conhecidos, Claudia
abordou a questão da especificidade e da sensibilidade dos exames para
diagnóstico da COVID-19. Momento em que Shcolnik aproveitou para mencionar a
qualidade dos testes e enfatizar a preocupação do setor em prover informação
para que todos os interessados pudessem investir em exames realmente eficazes.
“Os testes rápidos, por exemplo, já foram por nós
questionados antigamente para a detecção da AIDS, pois não tinham sensibilidade
adequada, deixando de apontar resultados positivos para quem estava doente; e
também não eram específicos, pois não entregam resultados negativos quando as
pessoas estavam saudáveis. Com o SARS-CoV-2 aconteceu a mesma coisa”, pontuou o
executivo.
O novo normal – “A verdade é que estamos em um
momento bastante diferente. O que você acha que precisa mudar no setor de
diagnósticos agora que estamos vivendo esse ‘novo normal’?”, perguntou Claudia
ao iniciar o debate sobre a medicina diagnóstica na pandemia do novo
coronavírus.
Relembrando que a COVID-19 representa um desafio para todos
os países e para todos os setores da economia, Shcolnik lembrou que ainda
estamos vivenciando a pandemia pois não temos uma vacina comprovada e
disponível e os tratamentos ainda não são tão eficazes. Além da gestão dos
surtos em si, o executivo apontou outro grande desafio vivenciado pelo setor
nos últimos meses: o afastamento dos pacientes das consultas e exames relativos
à outras enfermidades e doenças além da infecção pelo SARS-CoV-2.
“As pessoas deixaram de recorrer aos serviços de saúde. No Brasil,
temos uma grande população de idosos com mais de uma doença crônica e esses
pacientes ficaram limitados na assistência, com receio de sair de casa e com
muitas clínicas fechadas”, pontuou ao comentar a proatividade de muitos
laboratórios e clínicas que começaram a disponibilizar serviços em formatos
alternativos como, por exemplo, a coleta domiciliar e o sistema de drive-thru
a fim de evitar que as pessoas tivessem de se deslocar até as unidades.
Hoje, com a flexibilização da quarentena e a reabertura de
algumas clínicas e unidades, os espaços já estão preparados para receber com
segurança os pacientes, visto que criaram novos fluxos de atendimento,
separando pessoas sintomáticas e que estão em busca de testes para diagnóstico
da COVID-19 de outros pacientes lidando com patologias distintas.
Capacidade de testagem – Os executivos também falaram
sobre a capacidade de testagem do Brasil, tão questionada pela população. Shcolnik
mencionou relatórios recentemente divulgados pela Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) sobre a quantidade de exames realizados no âmbito da saúde
privada nos primeiros meses da pandemia. “Em março, o Rio de Janeiro realizou
apenas 928 exames. Em abril, saltou para 2 mil testes. Então esses números
refletem o que foi observado, de que testamos pouco apesar dos nossos
esforços”, declarou.
Porém, com os exames sorológicos, há uma melhor perspectiva.
“A oferta da sorologia é maior e a indústria está nos municiando com uma nova
geração de kits muito mais preciso e que nos dão ainda mais confiança para
ofertar os exames. Além disso, temos a expectativa de que a ANS divulgue sua
normativa para tornar obrigatória a cobertura dos testes sorológicos pelos
planos de saúde”, complementou.
E, para garantir qualidade dos exames à sociedade, Shcolnik
também mencionou o Programa de Avaliação de Kits de Diagnóstico para
SARS-CoV-2, uma iniciativa da Abramed em parceria com a Sociedade Brasileira de
Análises Clínicas (SBAC), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e
Medicina Laboratorial (SBPC/ML), e a Câmara Brasileira de Diagnóstico
Laboratorial (CBDL), que utiliza a estrutura de grandes laboratórios com
atendimento hospitalar para avaliar testes disponíveis no mercado brasileiro,
disponibilizando as análises no portal www.testecovi19.org.
Reforçando a importância de fazer o teste correto, no
momento correto, Claudia declarou que “é preciso escolher um bom kit e não
fazer o exame à toa, seja o RT-PCR, seja a sorologia. E a melhor pessoa para
auxiliar nessa decisão é o médico”.
Pesquisa e Desenvolvimento – Os executivos também
entraram na seara da pesquisa e desenvolvimento no setor de saúde, abordando a
qualidade dos profissionais que hoje estão em atuação no Brasil. “No nosso
segmento, por exemplo, durante a pandemia vimos pesquisadores desenvolverem
alternativas incríveis para diagnóstico da COVID-19”, disse Shcolnik. Segundo o
executivo, as dificuldades existem e estão sempre sendo enfatizadas pelos
cientistas como, por exemplo, o atraso na liberação de reagentes importados por
parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que muitas vezes
leva ao atraso da pesquisa no país.
“Porém, mesmo diante dos entraves, acredito que os grandes
grupos de medicina diagnóstica investem muito em pesquisa e em desenvolvimento.
E quem ganha com isso é a população”, complementou.
O webinar está disponível na íntegra no canal do YouTube do
Grupo Mídia. Clique AQUI
para acessar.