Segundo encontro do evento Abramed #DiálogosDigitais tratou das inúmeras mudanças nos recursos humanos durante e após a crise de COVID-19
25 de agosto de 2020
Conversando sobre a gestão de pessoas na retomada das
atividades econômicas, o segundo episódio da série #DiálogosDigitais, projeto
promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), tratou
das mudanças corporativas que foram impulsionadas pela pandemia de COVID-19 e
de como essas mudanças impactarão o futuro dos recursos humanos no país.
O debate virtual foi realizado na noite de 24 de agosto e
contou com a participação de Lidia Abdalla, CEO do Grupo Sabin Medicina
Diagnóstica; Milva Gois dos Santos Pagano, presidente-executiva da Associação
Brasileira dos Profissionais de RH (ABPRH); e Tommaso Montemurno, country manager
da Bracco Imaging do Brasil. Desta vez a moderação foi de Daniela Bernardo, membro
do Comitê de Recursos Humanos da Abramed e sócia trabalhista da Machado Nunes.
Multinacional italiana, porém com grandes operações nos
Estados Unidos e na China, a Bracco trouxe uma experiência muito enriquecedora
ao debate por ter vivenciado de perto o começo da pandemia do novo coronavírus.
“Foi na China que desenvolvemos nossos protocolos, políticas e abordagens para
a crise, que depois foram implementadas nos outros países”, comentou
Montemurno. Segundo o executivo, adaptações foram necessárias de acordo com o
cenário de cada filial.
No Brasil, por exemplo, Montemurno comentou que o
deslocamento dos colaboradores precisou ser modificado. “Tivemos que nos
adaptar. Em alguns lugares, a política de RH indicava o uso dos meios de
transporte públicos. No Brasil montamos um sistema de transporte particular
para evitar que os funcionários ficassem expostos”, declarou.
Falando sobre a experiência do Sabin, que tem 5.400
colaboradores em todo o Brasil, Lidia Abdalla enfatizou como a construção de
uma relação de confiança entre a empresa e os funcionários foi fundamental para
que a companhia pudesse vencer os inúmeros obstáculos que surgiram em um cenário
em que os times estavam inseguros.
“Tomamos um enorme cuidado para que não faltassem
equipamentos de proteção individual. E realmente não faltou, em nenhum momento.
Mesmo pagando mais caro, conseguimos manter essa aquisição extremamente
importante para proteção dos nossos colaboradores”, pontuou. Segundo a
executiva, 70% da força de trabalho do Sabin está na linha de frente, no
atendimento, o que impossibilita o home office. Aliás, para Lidia, o
trabalho remoto não será abraçado em sua integralidade pela rede de
laboratórios. A presidente acredita que a integração, o contato próximo entre
os pares, e a proximidade criada pelo trabalho presencial são indispensáveis ao
crescimento, aprendizado e evolução das equipes.
Essa preocupação da empresa com os colaboradores também fez
com que a companhia ampliasse seu serviço de atenção primária. Desde o começo
da pandemia, colaboradores e familiares dos colaboradores tiveram acesso 24h,
por meio de teleatendimento, a profissionais de saúde para consultas e dúvidas.
E esse atendimento foi ampliado à saúde mental, visto que a companhia incluiu
psicólogos e terapeutas ocupacionais no rol de serviços prestados ao seu
público interno. “O suporte emocional tem sido um dos grandes desafios da
crise”, disse Lidia.
Tomar atitudes e promover ações de nada adianta se a
comunicação não for eficiente. Para Daniela Bernardo, que moderava o debate, um
diálogo transparente é indispensável. “Esse é um momento sem precedentes e
precisamos de uma comunicação saudável com os colaboradores. Podemos ter erros
e acertos, e a comunicação é que fará a diferença”, disse ao convidar Milva
Pagano, da ABPHR, para o diálogo.
A executiva à frente da Associação Brasileira dos
Profissionais de RH foi direta ao mencionar que nesses momentos de crise
torna-se ainda mais visível a necessidade de as empresas colocarem a
preocupação com seu corpo de trabalho acima de todas as outras preocupações.
Relembrando que empresas são formadas por pessoas e que os negócios dependem
desses profissionais, Milva falou sobre como é importante que haja uma
coerência entre os anseios pessoais e corporativos.
“Quando você tem na equipe pessoas com propósito pessoal
alinhado com o propósito empresarial, tudo flui melhor. E esse alinhamento só é
possível quando há preocupação genuína com o ser humano”, pontuou. A executiva
ainda complementou que a comunicação é muito importante, mas que “comunicação
sem empatia e sensibilidade não vale de nada”.
Essa empatia também se faz presente quando a empresa
consegue olhar para cada funcionário de forma individual, entendendo suas
particularidades para auxiliá-lo da melhor forma. “As pessoas lidam de forma
diferente com as situações”, disse Milva.
Complementando esse raciocínio, Montemurno mencionou que uma
das dicas mais valiosas que recebeu das equipes internacionais da Bracco foi a
de entender a situação particular de cada membro da equipe. Segundo o
executivo, não pensar na diversidade gera muitos problemas. “Uma parte da nossa
força de trabalho, direcionada às vendas, foi uma das mais abaladas. As pessoas
estavam acostumadas a ficar o tempo inteiro na rua, visitando clientes, e de
repente se viram em casa”, exemplificou. Para atingir todos os públicos, a
Bracco desenvolveu treinamentos diversos que abordavam desde as ferramentas
para o melhor desempenho do trabalho remoto até aulas comportamentais e cursos
com foco no emocional.
Lídia também comentou sobre a necessidade de enxergar
colaborador por colaborador. “Temos líderes que se cobram de forma diferente,
então criamos ações diferenciadas para cada liderança”, esclareceu.
Quanto à testagem dos colaboradores, a executiva que comanda
o Sabin explicou qual foi o protocolo adotado pela empresa: foco no
rastreamento. Segundo Lidia, a qualquer sinal de sintomas gripais, o
colaborador é imediatamente afastado e testado por meio do RT-PCR, exame de diagnóstico
para COVID-19 apontado como padrão ouro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Com o resultado positivo, cerca de cinco dias depois todos os profissionais da
área em que o colaborador estava infectado também são testados, mesmo que
estejam assintomáticos. “Adotamos esse protocolo que nos dá segurança pois
conseguimos controlar a disseminação de casos dentro da empresa”, esclareceu.
Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed,
foi a responsável pela abertura e pelo encerramento do encontro. Na ocasião,
trouxe aos participantes uma pergunta enviada por Wilson Shcolnik, presidente
do Conselho de Administração da entidade, que estava participando da plateia
virtual. Shcolnik questionou os participantes qual a maior dificuldade
enfrentada e como ela foi solucionada.
Para Lídia Abdalla, a maior dificuldade foi incorporar a
necessidade de tomar decisões muito rapidamente e implementar mudanças de forma
ágil, entrave solucionado pela criação de um comitê de crise no início da
pandemia; Milva Pagano acredita que a falta de informações sobre o público
interno interferiu negativamente na agilidade das medidas por parte das
companhias, e que isso só pode ser solucionado com o entendimento sobre o
perfil populacional e uma boa gestão da saúde; e Tommaso Montemurno disse que
lidar com o desespero inicial pela falta de contato próximo com os clientes foi
uma barreira que, no final das contas, foi superada de forma mais simples do
que imaginavam, visto que ferramentas tecnológicas possibilitam que mesmo com o
isolamento social, o contato com os parceiros fosse próximo.
O segundo episódio do Diálogos Digitais está disponível na
íntegra no canal do YouTube da Abramed. Clique AQUI para assistir. A
próxima edição está marcada para dia 8 de setembro e falará do cuidado à
distância, enfatizando a era da telessaúde. Fique atento às redes sociais da
Abramed para se inscrever. Os interessados inscritos ganham três meses de
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