Assinado por Franco Pallamolla, da ABIMO, artigo aborda campanha da entidade focada em ampliar capacidade produtiva interna do país
09 de agosto de 2020
* Por Franco Pallamolla
Desde a sua fundação, em 1962, a ABIMO busca fortalecer o
setor industrial brasileiro de dispositivos médicos para a saúde. Acompanhamos
o nascimento do Sistema Único de Saúde (SUS), hoje o maior sistema de saúde
pública mundial em países com população acima de 100 milhões de habitantes.
Testemunhamos grandes transformações como consequência das incontáveis
inovações tecnológicas em todos os setores. Alcançamos, como país, as soberanias
alimentar e energética.
Porém, ao longo das últimas décadas, assistimos a um desestímulo
ao desenvolvimento tecnológico, à produção local. De certa forma, nos recusamos
a alcançar a soberania tecnológica em produtos para a saúde e acabamos nos
tornando dependentes das importações, seja pela ampla oferta de insumos, seja
por vantagens econômicas e fiscais advindas de uma esquizofrênica legislação
tributária que favorece as importações e eleva o custo da produção local.
Agora, neste momento em que a tragédia da pandemia da
Covid-19 se abate sobre a nossa sociedade, a indústria brasileira de
dispositivos médicos mostrou sua força, sua valia, seu papel estratégico, sendo
determinante no enfrentamento do novo coronavírus. Ao longo dos últimos seis
meses, desenvolvemos projetos, aumentamos a nossa capacidade produtiva, fizemos
reconversõesindustriais e demos
respostas concretas, eficientes e ágeis à sociedade num esforço gigantesco, mas
silencioso.
Dentro desse cenário, não há dúvida de que a área diagnóstica
é uma das mais importantes no controle dos diversos estágios da Covid-19, além
de indicar os passos que devem ser dados em direção ao futuro. Assim como as
indústrias responderam rapidamente às necessidades, esse setor mostrou total
capacidade de atender às demandas de forma eficiente, com segurança e qualidade.
Temos total conhecimento da impossibilidade de fabricar todos
os insumos necessários no País nessa área, porém, diante do panorama que o
coronavírus evidenciou, é imprescindível estimular cada vez mais o setor
diagnóstico para termos soluções adequadas aos diversos tipos de demandas com
custos competitivos.
Sabemos que a pandemia vai passar. Por isso, neste momento é
hora de olharmos para a frente, para o amanhã. Pensando no fortalecimento e na
valorização do nosso setor, a ABIMO lançou a campanha Saúde Feita no Brasil.
Nosso objetivo é mostrar a importância estratégica da indústria de dispositivos
médicos, mostrar que é imprescindível alcançarmos a soberania tecnológica da
indústria de produtos para a saúde. Precisamos valorizar e incentivar os
empregos que são gerados pelo nosso setor, fomentar e valorizar a tecnologia
desenvolvida e as pesquisas realizadas em nosso país.
A campanha Saúde Feita no Brasil é uma iniciativa pioneira do nosso setor e não envolve somente as indústrias. Também pretende engajar a sociedade e os governos nesse movimento nacional, para que a saúde no país seja vista não só na parte assistencial, mas como uma cadeia completa e abrangente e que é de importância fundamental para todos nós e estratégica nos momentos mais cruciais da história do país.
* Franco Pallamolla é presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO)