Abramed participou de painel do IX Congresso Brasileiro Fenaess Online para debater o que o setor vive e quais os desafios futuros
16 de setembro de 2020
Ainda em curso, a pandemia do novo coronavírus desperta
muitos questionamentos, entre eles quais serão os desafios da saúde quando o
vírus estiver controlado. Para debater esse assunto, dedicando especial atenção
ao setor de diagnóstico, o IX Congresso Brasileiro Fenaess (Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde)
convidou a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed),
representada por Priscilla Franklim Martins e Claudia Cohn, respectivamente
diretora-executiva e membro do Conselho de Administração da entidade, para um
debate junto a Fábio Brazão, diretor da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), e Christiane do Valle, presidente da
Federação dos Hospitais,
Laboratórios, Clínicas de Imagem e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no
Estado de Goiás (Fehoesg).
O encontro virtual realizado na tarde de 11 de setembro,
colocou em pauta qual a atual situação da medicina diagnóstica em tempos de
COVID-19, para onde o setor está indo e quais as perspectivas futuras desse
mercado altamente relevante para a saúde populacional. Priscilla, da Abramed,
fez a mediação e, na sequência das apresentações, moderou as perguntas que
chegarão virtualmente.
A primeira a se apresentar foi Claudia Cohn, que também é
diretora-executiva da Dasa e membro do Conselho de Medicina Diagnóstica da
CNSaúde, que traçou um rápido histórico dos últimos seis meses. Segundo a
executiva, o Brasil seguiu todas as diretrizes internacionais no que diz
respeito à testagem, mas ainda assim vivenciou um percurso diferente de países
europeus no combate ao novo coronavírus. Por esse motivo precisamos ficar
atentos ao que está acontecendo em outras nações a fim de compreender como
serão as próximas fases da pandemia por aqui.
Claudia também falou sobre as dificuldades enfrentadas. “No
início, vivemos a ausência de insumos e de testes, fazendo com que os recursos
fossem destinados às pessoas com mais necessidade. Seguimos com o RT-PCR,
padrão ouro para diagnóstico da COVID-19, e vimos os sorológicos ganharem
espaço na medida em que apresentavam reprodutibilidade adequada em relação à
sensibilidade”, pontuou.
Ao entrar no assunto dos testes sorológicos, Fábio Brazão
citou o Programa de Avaliação de Kits para SARS-CoV-2, uma iniciativa da
Abramed e da SBPC/ML junto com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial
(CBDL) e a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) para validar os
kits de testes disponíveis no mercado nacional. “Temos visto exames sorológicos
com boa acurácia, sensibilidade e especificidade, o que traz mais confiança aos
colegas da saúde e à população em geral”, pontuou enfatizando que os resultados
das avaliações são públicos e podem ser acessados por meio do portal testecovid19.org.
Além disso, explicou qual o atual cenário de acesso aos
testes ao dizer que desde o início da pandemia a Agência Nacional de Saúde
Suplementar (ANS) incluiu o teste molecular RT-PCR no rol de procedimentos
obrigatórios e que, nas últimas semanas, acrescentou também os sorológicos de
anticorpos totais e de IgG como exames de cobertura obrigatória.
Vacina, telemedicina e globalização
Ao seguir com sua apresentação, Claudia entrou na temática
da tão esperada vacina, reforçando que essa discussão é extremamente relevante
até por fortalecer a pesquisa e desenvolvimento em saúde, e na mudança de
comportamento dos pacientes e do corpo clínico. “O usuário da saúde mudou suas
expectativas e a forma como usa os serviços. Enquanto isso, os médicos também
tiveram de se adaptar à telemedicina, que veio para ficar ampliando o acesso e
trazendo mais possibilidades aos pacientes”, apontou.
Segundo Claudia, os pacientes aprenderam a escolher quando
precisam de uma consulta presencial e quando podem apelar à saúde digital. E,
no âmbito dos exames, passaram a usar mais a coleta domiciliar, inclusive de
exames de imagem. “Não tem como darmos um passo para trás. Essa é a nova
realidade e toda colaboração se faz necessária para caminharmos juntos, inclusive,
com órgãos reguladores”, disse.
Sobre a incorporação tecnológica, a executiva acredita que
“apesar da pandemia ser triste para o mundo inteiro, ela trouxe oportunidades
de avanços em equipamentos, pesquisa clínica, insumos, vacinas e exames”.
Já Brazão adentrou aspectos relacionados à globalização que,
na sua opinião, desponta como uma faca de dois gumes. “Sabemos que a
globalização traz benefícios, mas vimos ser importante estimular a indústria
nacional para produção de tudo o que é indispensável ao atendimento da saúde no
dia a dia”, comentou após lembrar as dificuldades para aquisição de
equipamentos de proteção individual.
Criatividade
Trazendo um questionamento sobre as mudanças criativas
adotadas pelo setor de diagnóstico para atender os pacientes durante a
pandemia, Priscilla lembrou que a medicina laboratorial se aproximou do público
promovendo coletas domiciliares e até mesmo sistemas de drive-thru. Porém,
paralelamente à criatividade dos laboratórios, houve uma criatividade não tão
positiva. “Vimos testes sendo realizados em postos de gasolina, em pet shops e
em clínicas odontológicas. Será que o brasileiro é criativo demais?”, provocou.
Nesse momento, Claudia explicou que a excelência e
confiabilidade dos testes está vinculada ao controle, cuidado e conhecimento de
quem os realiza. E que todo laboratório segue a RDC 302 – que dispõe sobre o
Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos – e que
qualquer estabelecimento que vá realizar procedimentos diagnósticos deve seguir
a mesma regulação para que tenha o mesmo controle rígido de qualidade.
Retomada
Para Christiane do Valle, a flexibilização que o Brasil está
vivendo está paralela à retomada do setor de saúde, visto que os pacientes aos
poucos voltam a se cuidar, buscando atendimentos antes paralisados. E, nesse
sentido, depois de meses de queda da arrecadação, os laboratórios estão prontos
para renascer. Para isso, a adaptação ao novo cenário foi primordial. “A saúde
digital que surgiu na pandemia vai permanecer e podemos receber novamente os
pacientes em nossas unidades que não eram tão amplas e tiveram de ser
readequadas. Com tudo isso, agregamos muito ao nosso mercado”, declarou ao
mencionar que o paciente não chegava ao laboratório, mesmo assim o laboratório
conseguia levar o acesso a esse paciente. “O drive thru foi extremamente
significativo”, exemplificou.
O protagonismo dado ao setor de diagnóstico na pandemia foi
apontado como um avanço pelos participantes do webinar. “Vejo, como ganho, não
um protagonismo egocêntrico, mas o protagonismo colaborativo”, finalizou Claudia.
O bate-papo completo deste painel do IX Congresso Brasileiro
Fenaess Online está disponível no canal do YouTube da Federação e pode ser
acessado AQUI.