1º Congresso Virtual da SBPC/ML contou com participação de Wilson Shcolnik, da Abramed, em duas mesas redondas
05 de outubro de 2020
Entre 28 e 30 de setembro, o presidente do Conselho de
Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed),
Wilson Shcolnik, participou de duas mesas redondas que compuseram a ampla
agenda de debates do 1º Congresso Virtual da Sociedade Brasileira de Patologia
Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Na segunda-feira (28), a discussão
tratou da visão das entidades médicas sobre a crise de COVID-19. Já na
quarta-feira (30), o assunto se voltou aos riscos enfrentados pelos
laboratórios clínicos durante a pandemia.
Moderado por Daniel Kanaa Faria, médico patologista da DASA
e membro da comissão do Congresso, o debate da segunda-feira contou com
apresentações de Shcolnik e, também, de Gustavo Campana, vice-presidente da
SBPC/ML; Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira
(AMB) e Natasha Slhessarenko, conselheira titular do estado do Mato Grosso do
Conselho Federal de Medicina (CFM).
Em sua apresentação, Natasha reforçou uma pesquisa realizada
pelo CFM sobre a percepção dos cidadãos quanto a atuação médica nacional no
contexto da pandemia. “A maioria da população aprova o desempenho do médico e a
qualidade do atendimento, visto que tivemos mais de 60% de avaliações entre
ótimo e bom”, disse.
Segundo a conselheira, essa percepção reflete o empenho da
classe profissional no enfrentamento, já que de acordo com dados por ela
apresentados, o país conta com mais de 422 mil médicos aptos a atuar no combate
(com menos de 60 anos de idade), o que seria “uma proporção excelente”. “De
janeiro a maio passamos a contar com quase 10 mil novos médicos que puderam
antecipar suas formaturas. Assim, a razão de médicos no país chegou a 2,49
profissionais por mil habitantes, o que é mais do que na Coreia, na Polônia, no
Japão e apenas um pouco abaixo do Canadá e dos EUA”, explicou.
Representando a SBPC/ML, Campanha parabenizou a medicina
diagnóstica nacional relembrando que os laboratórios privados agiram com muita
rapidez assim que o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi
confirmado no país. “Tenho orgulho em dizer que no Brasil em fevereiro nós já
tínhamos o teste de RT-PCR disponível”, disse.
Se havia médicos suficientes para atender à toda a população
exposta ao novo coronavírus e o país conseguiu rapidamente desenvolver soluções
diagnósticas – por mais que o acesso tenha sido um pouco complicado por outras
razões –, o sistema poderia não estar tão preparado. Foi esse um dos temas
abordados por Ferreira na apresentação. “Nossa preocupação inicial foi com o
possível colapso do sistema, visto que as demais enfermidades seguiriam seu
curso normal e precisaríamos continuar atendendo a infartos, embolias,
neoplasias e traumas”, enfatizou.
Com o sistema resistindo, visto que felizmente o Brasil não
assistiu às cenas tristes vistas na Europa de cidadãos sem atendimento médico
devido à lotação máxima dos hospitais ter sido atingida em muitas cidades, foi
preciso focar no setor de diagnóstico, principalmente depois da Organização
Mundial da Saúde (OMS) ter declarado que o caminho para o combate à COVID-19
era “testar, testar e testar”.
Entrando nesse assunto, Shcolnik relembrou o sucesso do projeto
de validação de testes para COVID-19, uma iniciativa da Abramed em parceria com
a SBPC/ML, a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) e a Sociedade
Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). “Foram utilizados soros de pacientes
infectados colhidos em diferentes períodos da doença e tivemos mais de 10 mil
amostrar analisadas”, comentou.
Na quarta-feira, para tratar sobre os riscos, foram convidados
profissionais do setor jurídico em atuação na área de medicina diagnóstica.
Dessa vez, Shcolnik coordenou o bate-papo que recebeu Ana Paula Aleixo
Schimiloski, supervisora jurídico e compliance da DB Diagnósticos do Brasil;
Gustavo Rola, especialista em direito do trabalho e procurador em Belém (PA);
Juliana Micheletti, coordenadora de Contratos do Grupo Hermes Pardini; e
Walquiria Nakano Eloy Favero, superintendente jurídico, compliance e
regulatório da DASA.
Foram tratados diversos assuntos inerentes à insegurança
jurídica que se instalou diante de um cenário de incertezas causado por um
patógeno desconhecido. Rola mencionou as medidas provisórias 927 e 936, que
impactaram diretamente as empresas ao propor mudanças nas relações de trabalho
como, por exemplo, alternativas para a manutenção do emprego e possibilidades
de suspensão ou redução do contrato de trabalho.
Já Walquiria, com base e sua experiência na DASA, falou
sobre as mudanças operacionais que os laboratórios tiveram que instituir para
que estivessem preparados para os atendimentos. Entre as mudanças elencadas
pela especialista relativas à segurança do paciente e controle epidemiológico
estavam a medição de temperatura, o uso de máscaras pelos pacientes e o
distanciamento social que obrigou as unidades a controlar o acesso. “Caso os
laboratórios não respeitassem essas regras estavam sujeitos à fiscalização da
vigilância sanitária e multas”, explicou.
Com todas as mudanças que ocorreram nos últimos meses, as
empresas precisam estar atentas, pois o cenário é de oscilação. Para Juliana,
as orientações têm sido dinâmicas, visto que seguem as recomendações da OMS e
dos demais órgãos de saúde nacionais. “Isso também gera um certo conflito,
visto que estados e municípios podem legislar de forma diferente”, pontuou.
Assim, os departamentos jurídicos tiveram de ficar 100% em
estado de alerta acompanhando o cenário global e o que vinha acontecendo
“dentro de casa”. Foi o que mencionou Ana Paula. “Em um curto período tivemos
uma imensidão de medidas provisórias na área trabalhista, um excesso de
portarias que precisaram – e ainda precisam – de análise contínua”, disse.
Ao abrir a mesa redonda para o debate, Shcolnik levou aos
palestrantes algumas das perguntas do público, entre elas como explicar ao
paciente que nem sempre ele terá um resultado conclusivo do teste de COVID-19.
“Muitas vezes o paciente não entende o resultado inconclusivo. Ele quer receber
uma informação precisa. Porém sabemos que o momento da coleta da amostra tem
relação com o resultado obtido e que os testes sorológicos têm variação ainda
maior. Vocês tiveram queixas ou problemas nesses moldes? Como proceder?”,
questionou.
Para Walquiria, que confirmou que na DASA ocorreram esses
casos, um dos caminhos está na transparência com o paciente e, para minimizar a
frustração, oferecer um voucher para que ele realize um novo teste.
“Possibilitar uma liberação ou um desconto para a realização de um segundo
exame confirmatório é uma atitude bem-vinda e que preserva a imagem da rede”,
disse.
Além dessas duas mesas redondas, o 1º Congresso Virtual da
SBPC/ML contou com inúmeras outras palestras. Foram sete dias de debates,
workshops e conferências, realizado entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro
de 2020.