Executivos debateram temas como fusões e aquisições, tecnologia e LGPD; Vice-presidente da Abramed apresentou dados atualizados sobre as movimentações
15 de setembro de 2021
A quinta edição do Fórum Internacional de Lideranças da
Saúde (FILIS) está se aproximando e para aquecer o mercado com informações
relevantes sobre o setor, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica
(Abramed) realizou, em 14 de setembro, o Warm-Up FILIS, encontro virtual com
grandes líderes da saúde durante o qual foram apresentados dados sobre os
principais movimentos setoriais que estão transformando o segmento.
Após abertura conduzida por Milva Pagano, diretora-executiva
da entidade, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da
Abramed, fez uma rápida apresentação recheada de indicadores atualizados. Na
sequência, convidou Fernando Torelly, CEO do HCor; Jeane Tsutsui, CEO do
Fleury; e João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica para destrinchar
esses dados e passar suas percepções empresariais quanto a esses movimentos
consolidados.
Segundo Figueira, que apresentou dados computados pela KPMG,
em 2020 o Brasil assistiu à concretização de 1.117 fusões e aquisições, sendo
que o setor hospitalar e laboratorial foi responsável por quase 5% delas, uma
tendência de crescimento notada a partir de 2015, ano em que houve mudanças
regulatórias.
Importante observar que a maior parte dos investimentos
provém de capital estrangeiro: 68,8% dos Estados Unidos, Argentina, Reino
Unido, Canadá, França e Alemanha. “Muitos disseram que o capital chinês
entraria no país de forma vigorosa, mas não é isso que vemos refletido nos
números. Aliás, a Argentina, nosso irmão latino-americano, foi o segundo
principal investidor no mercado brasileiro de fusões e aquisições”, declarou
Figueira.
Observando o comportamento dos estados brasileiros perante
essa movimentação, mais da metade de todas as fusões e aquisições ocorreu em
São Paulo, estado que detém o maior número de beneficiários dos planos de
saúde, hospitais, consultórios e laboratórios clínicos e de imagem. “Temos
cerca de 20 mil unidades de apoio diagnóstico no Brasil e 58% delas estão
instaladas em municípios com mais de 100 mil habitantes”, disse o
vice-presidente. Quanto à expansão do setor, enfatizou que há um ritmo mais
intenso em números absolutos no Sudeste, porém, em termos relativos, nota-se
avanço mais acelerado no Norte, Sul e Nordeste.
Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), nos
últimos dez anos houve crescimento de mais de 60% no número de laboratórios
clínicos e de 96% na quantidade de serviços de diagnóstico por imagem
instalados no país. Em contrapartida, uma redução de 8,8% nos laboratórios de
anatomia patológica, um mercado que, segundo Figueira, é de difícil
escalabilidade.
Para a economia, esse crescimento reflete em ampliação de
emprego, renda e concentração de capital. “Hoje 70% dos prestadores de serviços
vinculados à medicina diagnóstica têm até 9 empregados. Menos de 1% dos
laboratórios do país têm, em sua estrutura, mais do que 100 colaboradores. É um
mercado ainda bastante pulverizado e descentralizado”, pontuou.
Ainda trazendo informações sobre as tendências do setor,
Figueira comentou que o mercado de TI avaliado em US$ 61 bilhões em 2017 deve
alcançar a marca de US$ 149,2 bilhões até 2025; que estima-se que o mercado
global de Internet das Coisas movimente cerca de US$ 158,1 bilhões em 2022; que
há entre 20 e 30 bilhões de dispositivos médicos conectados; e que a LGPD
deverá proporcionar maior transparência, segurança e confiabilidade para todos
os players e usuários dos serviços de saúde.
Debates empresariais
Na sequência da apresentação de Leandro Figueira, o Warm-Up
do FILIS recebeu executivos de grandes empresas do setor de saúde para debater as
percepções quanto aos movimentos setoriais. Foram tratados assuntos de extrema
relevância para o posicionamento estratégico da medicina diagnóstica na cadeia
de saúde. Confira alguns destaques:
Fusões, aquisições e IPOs
Corroborando com os números apresentados por Figueira que
mostram crescimento das fusões e aquisições do setor de saúde nos últimos anos,
Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, mencionou que assim como no segundo semestre as
empresas do setor começaram a notar uma recuperação no número de atendimentos
realizados após forte queda em decorrência da pandemia de covid-19, as fusões e
aquisições também voltaram a ser retomadas graças a melhorias na visibilidade
econômica.
“Esses movimentos são atrativos para ganho de escala. Além
disso, apesar de todo o cenário macroeconômico extremamente desafiador, existe
liquidez no mercado de capitais onde vemos oportunidade de aportes
estrangeiros”, declarou a executiva reforçando que todos conseguem enxergar a
importância da saúde, um setor que está valorizado.
Segundo Jeane, o grupo Fleury está adquirindo empresas de
outros segmentos, porém não deixa de estar focado no seu core, que é a medicina
diagnóstica. “Nosso primeiro posicionamento sempre será continuar crescendo em
medicina diagnóstica. Mas investiremos em outras áreas a fim de manter a
conexão com o cuidado do paciente trazendo, para perto, cada vez mais o
elemento digital”, explicou. Para ela, a saúde deve ser cada vez mais
integrada.
João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica,
lembrou que as fusões e aquisições são de fato extremamente relevantes,
pontuando inclusive que ao grupo está atualmente vivenciando um processo de
fusão com a Hapvida. Porém, fez questão de enfatizar também que em 2020 foram
concretizados vários IPOs. “Foi um ano muito forte para a abertura de capital,
além das fusões tanto entre empresas do mesmo segmento quanto as inorgânicas
que agregam novos setores”, declarou.
Dando exemplos sobre como a NotreDame Intermédica vem se
desenvolvendo, disse que somente em 2020 a marca anunciou 19 aquisições,
concluindo 15 delas. “Todas elas financiadas com capital próprio. 2021 tem sido
muito interessante e 2022 também será”, completou. O executivo indicou que
entre os princípios que estão por trás dessas movimentações estão expansão
geográfica, economia de escala, mutualismo, verticalização, concorrência e
retorno de investimento. Aproveitou, também, para mencionar o boom de
healthtechs que invadem o mercado trazendo soluções pontuais para necessidades
dos pacientes e das corporações.
Mudanças, verticalização e descentralização
Para Torelly, CEO do HCor, durante 2020 a grande preocupação
estava em conseguir atender toda a população diante da crise do novo
coronavírus, mas o país acordará em 2022 com uma indústria da saúde
completamente diferente da atual. “Vejo que o segmento de saúde vai ser
reinaugurado a partir do ano que vem, com crescimento significativo e um novo
conceito onde a população aprendeu a importância de cuidar de si ao longo da
vida”.
Passando para a temática da verticalização, segundo Alceu, o
grau de verticalização da NotreDame Intermédica é de cerca de 72% e o executivo
reconhece que descentralizar é preciso. “Fazemos isso de forma verticalizada
pela abertura de centros clínicos menores e mais ágeis”, pontuou. “A regra
geral é sempre ir aonde nossos clientes estão. Queremos inclusive aumentar o
índice de verticalização”, completou.
LGPD
Recentemente o Grupo Fleury vivenciou um ataque cibernético
e durante o debate no Warm-Up FILIS, Jeane mencionou que por eles já estarem há
um certo tempo investindo na adequação do grupo para atender às diretrizes da
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os estragos foram mínimos. “Já vínhamos
trabalhando a segurança da informação com investimentos significativos, o que
trouxe proteção às nossas bases de dados e nos permitiu reestabelecer o
atendimento de forma relativamente rápida”, comentou.
A executiva ainda listou os três pilares principais adotados
pela companhia durante esse processo de adaptação: mapeamento rigoroso de todos
os processos de coleta e tratamento de dados dos pacientes; elevação dos níveis
de segurança da informação; e mudança cultural por meio de treinamento e
políticas de privacidade de dados.
Um ponto relevante trazido por Torelly ao debate foi a
necessidade de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Me preocupa não falarmos
do sistema público, onde muitos hospitais não têm as questões fundamentais para
implementação da privacidade de dados”, disse ele que participa de um movimento
onde profissionais da saúde estão doando tempo para auxiliar as instituições
públicas a fim de reduzir a desigualdade.
5º FILIS
A 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde
(FILIS) será realizada de forma 100% digital nos dias 13 e 14 de outubro. A
programação, que conta com palestrantes internacionais e grandes nomes do
mercado brasileiro de saúde, está disponível bem como as inscrições, que são
gratuitas. Clique AQUI para conferir.