A Pandemia e os aprendizados da telemedicina são tema de Painel no 5°FILIS

A Pandemia e os aprendizados da telemedicina são tema de Painel no 5°FILIS

Regulamentação, formação dos médicos, exemplos reais, uso de dados do paciente e mundo “phygital” estiveram entre os tópicos abordados

A regulamentação da telemedicina como caminho para garantir o acesso amplo e rápido a saúde, bem como todos os aprendizados que a pandemia trouxe no uso da tecnologia para transformar o sistema de saúde brasileiro, foram temas da discussão mediada por Eduardo Cordioli, presidente da Saúde Digital Brasil, durante na 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (Filis), promovido pela Abramed. Adriana Ventura, Deputada Federal e presidente da Frente Parlamentar em Telemedicina; Caio Soares, diretor médico da TelaDoc Health; e  Clara Rodrigues Alves de Oliveira, coordenadora Clínica do Centro de Telessaúde do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC- UFMG), debateram o tema e trouxeram suas visões a respeito de como enxergam o cenário em um futuro próximo.

Eduardo Cordioli abriu o painel apresentando dados da Saúde Digital Brasil que mostram que, entre 2020 e 2021, foram mais de 7,5 milhões e meio de pessoas atendidas na modalidade de pronto atendimento, sendo que em 6,5 milhões deles os pacientes tiveram seus casos resolvidos totalmente no digital, ou seja, evitando idas desnecessárias ao pronto atendimento. No mesmo período, foram cerca 75 mil vidas salvas graças ao uso da telemedicina. 

Ele enfatizou ainda que existem muitas oportunidades a serem exploradas no mundo da telemedicina. “Não podemos ser dicotômicos. Precisamos eliminar a ideia de que o que se começa no físico, tem que seguir exclusivamente no físico, assim como o digital deve ser 100% digital. Ou então que, o que é realizado no Sistema Único de Saúde (SUS) tem que ficar só no SUS, e o que é do segmento privado, no privado. O sistema de saúde é um só e se convergir pode ganhar sinergia e todo mundo ganha com isso”, complementa.

Adriana Ventura, autora da lei que garantiu a plenitude da telessaúde durante a pandemia, reforçou que a COVID-19 só acelerou algo que, apesar de já existir, estava bastante atrasado. Ela reiterou ser um momento de evolução que deve ser usado para aprimorar o que deu errado. Sobre a regulamentação definitiva, salientou que os trâmites estão avançando, assim como outros projetos de telessaúde de sua autoria, no Congresso Nacional, e foi enfática em dizer que embora existam divergências que precisam ser discutidas entre todos os envolvidos de maneira bastante objetiva, é fato que não se pode retroceder. “O Brasil não pode ser a eterna lanterninha do mundo. Queremos para nós uma telemedicina que proporcione dignidade, respeito, traga rapidez, dê acesso e seja simples”, reforçou. 

Clara de Oliveira contou um pouco da trajetória e apresentou os números do projeto da Rede de Telessaúde de Minas Gerais (RTMG). Chamada inicialmente Minas Telecárdio e que hoje atende mais de 1.020 municípios no Brasil, desde 2006, o projeto já realizou mais de 5,5 milhões tele-eletrocardiograma, o que faz da rede o maior serviço de telediagnóstico e tele-eletrocardiografia do mundo. 

Caio Soares ressaltou que a pandemia provocou uma transformação imensa, derrubando todos os planos previstos e provocando um novo e acelerado curso para disponibilizar tecnologias capazes de suportar o atendimento digital. Segundo ele, existem muitos aspectos positivos para o paciente, que têm um acesso muito mais amplo aos players do sistema de saúde (médicos, nutricionistas, enfermeiras, psicólogos), com segurança e protegidos inclusive pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). 

“No começo da pandemia realizávamos 35 atendimentos médicos em média, e isso acabou sendo multiplicado por 10. Foi preciso reorganizar essa estrutura em menos de um mês, sempre tomando cuidado para não colocar a tecnologia na frente do atendimento médico. Mais do que colocar o paciente no centro do sistema, queremos que ele seja parte dele. E telemedicina construiu essa mensagem para aumentar a nossa participação como paciente, nesse ecossistema”, pontua. 

Quando indagado sobre o futuro da saúde ser “phygital” (integração entre o mundo físico, com o mundo digital), Soares explicou que em sua visão, o presente já é digital, mas ressaltou que não se pode  esperar que o digital resolva 100% dos casos. “Quando um médico atende um paciente, independente do meio e do local onde ele está, ele tem uma capacidade de resolver até um certo limite. Alguns casos podem ser resolvidos na hora, outros requerem encaminhamentos. Sempre será preciso de um sistema”, ressalta o executivo que complementa: “A telessaúde faz parte de um sistema que, se bem utilizado, no momento adequado, com amplo acesso, com alta capacidade técnica,  maior resolução, maior qualidade, trará um melhor desfecho clínico, com menos desperdício”.

A necessidade de investir na formação dos médicos e a inclusão da disciplina de saúde digital nos cursos de medicina também foi apontada como uma estratégia importante a ser adotada daqui para frente para garantir esse amplo acesso. Além disso, também foi abordada brevemente a necessidade de ampliar a discussão a respeito sobre a propriedade dos dados dos pacientes e como eles podem ser usados a favor da humanidade e no avanço da ciência e tecnologia. 

O 5º FILIS foi realizado de forma totalmente digital, em dois dias com intensa programação. Confira aqui a gravação completa deste debate e de todas as palestras e painéis concretizados nesta edição. O conteúdo gravado ficará disponível até o final do mês de outubro.

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