A proposta do
evento é servir como um guia para os profissionais do setor, que já tem em
curso diversas transformações digitais e outras tantas novidades que estão a caminho,
como o 5G
O dia 9 de
novembro de 2021 ficou marcado para o presidente do conselho da MD Health, Dr.
Marcelo Sampaio. “Após dois anos este é o meu primeiro evento presencial. Fiz
muitas especializações onlines, mas nada substitui o ‘olho no olho’. Portanto,
posso definir esse momento como especial também pela possiblidade de, quem
sabe, estejamos vencendo a Covid-19”, discursou. Na ocasião, Dr. Wilson
Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de
Medicina Diagnóstica (Abramed), e Luis Natel, ex-diretor executivo do Grupo
Notredame Intermédica e fundador da Abramed, estiveram presentes para debater
“O futuro da saúde pós-Covid” ao lado de Henrique Neves, diretor geral do
Hospital Israelita Albert Einstein; e Dr. Nelson Teich, oncologista clínico e
mestre em Economia da Saúde.
De acordo com o Dr.
Marcelo Sampaio, só será possível ter a real dimensão da Covid-19 daqui cinco
anos. “Eventos como esse em que podemos discutir sobre o futuro da saúde servem
como um guia para iluminar os caminhos na medicina, que está passando por uma
verdadeira revolução. A prova viva disso é o quanto estão avançando os
atendimentos virtuais, os devices,
monitoramento à distância, realidade virtual expandida, robótica, entre tantas
outras novidades que estão a caminho, como o 5G”.
Em sua
apresentação de abertura, Sampaio também explanou como a MD Health, empresa de educação médica
independente do Brasil e América Latina, [JP1] vem
contribuindo para que a capacitação profissional seja cada vez mais
independente e, assim, ser capaz de lidar com as adversidades. “Até pouco tempo
atrás, a informação era restrita a academia. Se saíssemos da faculdade não
tínhamos mais acesso ao conhecimento. Agora não mais. Queremos ser a maior
potência de conhecimento deste país, e no final poder gerar a cura de doenças e
elevar a qualidade de vida das pessoas. Hoje, queremos expandir nossa atuação
de oncologia para a cardiologia, neurologia e ortopedia. Montamos um verdadeiro
time para termos mais médicos qualificados e assertivos em suas decisões
terapêuticas”.
Para Dr. Wilson
Shcolnik, a pandemia trouxe diversos desafios que prevalecerão nos próximos
anos. “Antigamente, era nítido que cada um tinha seu nicho de atuação. Nesse
período de crise sanitária vimos muita cooperação e solidariedade entre os
profissionais da saúde. E tem que ser assim daqui por diante. Outro ponto que
merece um olhar atento é a questão da barreira regulatória. Temos como exemplo
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que simplificou os
caminhos para termos os registros mais facilitados. As perspectivas para o
futuro são boas e não estão diretamente ligada à Covid, como a constituição de
ecossistemas”.
Outra observação
do presidente da Abramed foi em relação a importância da medicina diagnóstica
constante. “Em 2020 eram esperados que fossem realizados 1 bilhão de exames
complementares na saúde suplementar. Por conta da pandemia, apenas 85% foi
feito. A consequência disso, na prática, é que tivemos uma queda de 46% no
número de mamografias, por exemplo, entre outras doenças que necessitam de
diagnósticos essenciais. Além disso, temos uma população que está envelhecendo
e que, via de regra, tem mais de duas doenças crônicas que necessitam de
exames. Com a medicina personalizada na tendência do setor, é inegável a
importância de combater o desperdício na hora do diagnóstico. Sabemos de todas
as limitações para a sustentabilidade do sistema”.
“O mundo é global
quando interessa. Quando o problema fica grande, ele é local”, foi o que
apontou Luis Natel. “Os insumos inacessíveis durante a primeira onda da Covid e
a dificuldade de vacinar a população foram as provas disso. Sempre vimos as
Entidades de classe tentando aglutinar os objetivos. Mas, de fato, só vimos
isso acontecer com a pandemia. Devemos continuar esse movimento colaborativo. A
inflação médica também ficou bem clara e exposta. O desperdício deve ser
combatido, seja o que for: erro, má conduta, medo, recursos. É preciso aprender
sobre gestão. O mercado vem se profissionalizando e, para termos um trabalho
mais amplo, devemos ser integrados”.
Já Henrique Neves
destacou o fato de algumas mudanças já estarem em curso quando o surto da Covid
chegou. “Já havia uma transformação digital em andamento, na questão da
transmissão e do armazenamento dos dados. Já emergia um novo consumidor, com
voz ativa, que se manifesta e diz suas necessidades sem intermediador. O grande
fato que vimos foi o poder de resiliência do brasileiro. Vimos um esforço
profundo do estado e dos municípios para conseguir controlar a situação. Na
segunda onda, vimos um sistema de saúde mais calibrado e evoluído, capaz de
administrar e conseguir recursos. Estamos chegando no ‘início do final’, espero
não estar sendo traído pelo vírus”, disse bem-humorado.
Na visão de
Neves, o que é interessante é refletir se teremos paciência de olharmos para
trás para refletir sobre essa experiência. “O que é tendência? O que acontecerá
com o sistema de saúde no futuro? Quais as lições aprendidas durante a
pandemia? Precisamos entender cada ponto e avaliar a questão da equidade, o que
nós, como país, entendemos como equidade de acesso. Temos obrigação de fazer e
discutir mais sobre esse tema que, certamente, dominará a agenda política”.
Dr. Nelson Teich lamentou o fato de ter presenciado o mundo inteiro brigando por um respirador. “A experiência de querer ajudar e não conseguir foi tensa, sofrida. A Covid veio para mostrar as fragilidades e ineficiências do sistema de saúde. A inovação transformou rapidamente os acessos, como o recurso diagnóstico. Mas, a capacidade de gestão não acompanhou na mesma velocidade. Os gestores precisam ter informação detalhada sobre o financiamento, a operação e a entrega. A informação deve ser clara, senão caminha-se às cegas e tomam-se decisões baseadas em intuição. Quando não se domina as variáveis, trabalhamos com a sensação que estamos usando a lógica. Em uma pandemia, aquilo que deveria ser tratado como evolução é encarada como uma situação de confronto. Nenhum país é preparado para uma sobrecarga como foi, nem Japão e países europeus foram capazes de lidar com o coronavírus”. O presidente da MD Health mostrou sua preocupação: “Onde está o verdadeiro colapso? É esse que vimos ou virá pós-Covid?”. Para o executivo é essencial estudarmos algumas variáveis. “Os médicos precisam entender um pouco sobre gestão, independente do sistema ser público ou privado. Vimos uma mudança de pensamento da população brasileira, que está mais preocupada com a sua saúde. Nos grandes centros vimos outro fenômeno, a vinda de pacientes que não imaginavam que alguns serviços não tinham o custo tão elevado. Agora: o que faremos com os programas de prevenções de doenças crônicas que foram interrompidos nesses dois anos? Quais serão os efeitos? Tivemos pesquisas e áreas de conhecimentos que também foram interrompidas. O que isso vai representar para o mundo pós-Covid?”, finalizou.