Abramed contribui para discussão sobre agenda de políticas para a saúde em evento virtual

Abramed contribui para discussão sobre agenda de políticas para a saúde em evento virtual

Participante do Welcome Saúde, Leandro Figueira destacou a importância da educação para o desenvolvimento do setor

“Diálogos para uma agenda de políticas para a saúde” foi o tema do debate promovido pelo Grupo Mídia no evento Welcome Saúde: Perspectivas políticas e econômicas pós-pandemia, realizado virtualmente no dia 27 de janeiro. 

Com moderação de Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da Abimo – Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos, o debate contou com profissionais de grande experiência no setor, que discutiram as necessidades da área de saúde e as perspectivas para este ano.

Segundo Francisco Balestrin, presidente do SINDHOSP – Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo e do CBEXs – Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde, em 2020 começou um movimento muito positivo da sociedade, mostrando a interdependência entre todos os atuantes na área de saúde, inclusive entre os setores público e privado.

“Entretanto, nessa trajetória, sofremos muito. A política repercutiu em todas as ações: no desenvolvimento de produtos, nas ações coordenadas de combate à doença e de produção de vacinas, ou seja, além do ‘inimigo comum’, chamado Covid-19, tivemos de enfrentar outro elemento, a política, com mudanças constantes de ministros e disseminação de notícias falsas”, destacou Balestrin.

Para o presidente do SINDHOSP e do CBEXs, será muito difícil desenvolver uma política pública de saúde em 2022. “O cristal já está trincado, não tem jeito de colar. Precisamos de uma grande mudança. Todos teremos de trabalhar para produzir propostas de reestruturação do sistema que possam ser utilizadas a partir do ano que vem, não deste ano”, revelou. 

Também convidado para o debate, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, concordou com a opinião de Balestrin sobre não ser possível haver mudança política este ano, pois o país vai se concentrar na agenda eleitoral.

Questionado sobre a necessidade de uma melhor organização dos recursos disponíveis para saúde, Figueira comentou que o mercado de saúde privado é extremamente onerado. “Geramos riqueza, resultado para o PIB, emprego, mas sua sustentabilidade é questionável. A questão é: qual o limite da gestão para fazer com que todas as margens decrescentes sejam responsáveis por manter o setor?”

Figueira citou os desperdícios e a falta de recursos tanto do setor público quanto do privado. “Todos dizem que a racionalização de recursos é necessária, mas nós, como agentes de mudança, ainda não internalizamos ou não tivemos a força política necessária para poder mudar a mentalidade dos políticos e criar uma política de Estado, seja para a saúde suplementar, seja para o Sistema Único de Saúde.” 

Para o vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, precisamos educar a população sobre a utilização dos recursos em saúde conscientemente. “Mobilizando a sociedade, a racionalização do recurso vai naturalmente aparecer e teremos um setor mais sustentável”, expôs.  

De acordo com Figueira, não adianta ir atrás dos políticos para criar uma agenda pública e discutir o acesso à saúde. É necessário criar políticas públicas para definir qual é o grau de instrução da população para poder levar conhecimento. “E levando conhecimento, faremos uma sociedade melhor, elegeremos representantes melhores e será um círculo virtuoso de crescimento para o país.”  

Em sua apresentação, Figueira também destacou o papel da Abramed durante a pandemia, já que os associados foram extremamente requisitados, por ser a porta para a realização de exames. No entanto, o Brasil não conseguiu lidar com maestria com a crise. “Foi a iniciativa privada que se mobilizou para que os dados chegassem ao Ministério da Saúde. Em relação à área pública, a privada tem como diferenciais a disciplina, a capacidade de execução, a utilização de protocolos rígidos e a cobrança de profissionais superiores, no sentido de responsabilidade”, disse.

Falando sobre a atenção primária, Denise Eloi, diretora-executiva do ICOS – Instituto Coalizão Saúde, salientou a importância de ampliar e organizar o acesso à saúde, mas evitando soluções isoladas, investindo também nas atenções secundária e terciária.

“Algumas discussões pedem alterações na atenção primária, mas elas só aumentam a fragmentação do sistema de saúde. Entendo que aprimorar o modelo assistencial, a gestão, o financiamento, o desenvolvimento científico e tecnológico, a indústria, a relação entre público e privado, enfim, propostas que entreguem valor ao cidadão, deve ser o foco dessa agenda política”, expôs Denise. 

Também contribuiu para o debate Carlos Alberto Pereira de Oliveira, coordenador do Projeto “Sífilis Não”, pesquisador do LAIS/UFRN, vice-diretor do IFHT/UERJ e assessor externo da OMS para a Estratégia de Aprendizagem. Ele concorda com os enormes desafios para 2022, mas acredita que é nele que começará a construção para os anos seguintes. 

“Precisamos entender que 2022 será um ano em que a pandemia passará a ser uma endemia. A saúde, a economia, os empregos, o recolhimento de impostos não podem parar. Por isso, nossa agenda política na saúde é mais que prioritária e exige mobilização. Precisamos ter uma bancada no Congresso Nacional que defenda a saúde pública e privada como um negócio”, afirmou.

Conforme explicou Oliveira, é necessário ter um plano específico para o setor da saúde que dialogue transversalmente com outras áreas. E que chegue ao Congresso até o fim de fevereiro ou começo de março, senão não haverá uma política pública para defender coletivamente.  

Para os participantes, é importante definir os principais eixos que nortearão os próximos passos da saúde, unir forças e reunir pessoas que tenham compromisso com a saúde e sejam fundamentais para a tomada de decisões. A responsabilidade é de todos nós.

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