Wilson Shcolnik
destacou que vem assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos,
inclusive como personagem dessa história
O Fórum ABRAIDI 2002, realizado
de forma híbrida (online e presencial), em São Paulo,
no dia 26/4, debateu “O presente e o futuro do setor de produtos para
saúde no Brasil”. Durante o evento, o atual presidente executivo da Associação
Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI),
Bruno Boldrin, mencionou os 30 anos da entidade e o lançamento da campanha
publicitária pública, que divulgará a importância da cadeia para qualidade da
saúde. Representando Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed),
Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração, participou do Painel
que discutiu a financeirização em saúde, o
fenômeno da verticalização e consolidações no setor de saúde e os desafios
decorrentes.
Dentro da ótica dos
prestadores, profissionais e operadoras, acerca dos benefícios, dilemas e
desafios do fenômeno da financeirização da saúde, Shcolnik destacou que vem
assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos, inclusive como
personagem dessa história, quando 20 anos atrás o laboratório de análise de sua
família foi adquirido pelo Grupo Fleury.
O presidente da Abramed apresentou
um cenário que continua favorável para verticalização, assunto que já foi
temido pelo setor e a consolidação horizontal, mas que se mantém mesmo depois
da pandemia, “mesmo com um mercado aparentemente paralisado, houve um
crescimento no setor de 30%. As consolidações continuam, como a Rede D’Or, a
SulAmérica Saúde, o Fleury que está adquirindo clínicas oftalmológicas e de
ortopedia, o Sabin, de Brasília, que comprou CML, além de vários hospitais
adquirindo Centros de Imagens”, comenta.
Shcolnik contextualizou em sua
apresentação os números do setor, como os de empreendimentos no país. “É importante
entender que quando há uma base estrutural correta, todos ganham. Precisa haver
um maestro para conduzir a jornada do paciente, que se puder encontrar em um
mesmo espaço tudo ou quase tudo que necessita para manutenção ou socorro da sua
saúde, através de uma prestação de serviço de qualidade, terá prazer de ser
cliente desse sistema privado. É necessário saber reger, ter colaboradores de
qualidade e oferta de tecnologia avançada. Cada setor é um elo de uma corrente
que deve ser perfeita”, finalizou.
Dividindo o painel com Shcolnik,
estava Miyuki Goto, assessora da Associação Médica Brasileira (AMB), que falou do
papel das agências reguladoras e suas falhas em não colocar na mesa de
negociação fornecedores junto com as operadoras de saúde, entre outros itens.
Sergio Rocha, presidente do
Conselho de Administração da ABRAIDI, aproveitou o momento para apresentar os
dados do anuário lançado, trazendo alguns números que vem acender sinais de alerta,
como a comparativo entre exportação de produtos médicos, que teve um
crescimento de 4,8% em contraponto de 7,3% de importação. Os valores de R$ 1.3
bilhões gastos com Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME´s) pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) se mantém o mesmo há anos, com o agravante do longo prazo
para pagamento estar a cada dia mais estendido, além de uma série de produtos
que não são reajustados há duas décadas.
No painel de discussão sobre a
complexidade da cadeia de valor do fornecedor de produtos para saúde, com foco
no desequilíbrio de responsabilidades entre os players da cadeia que oneram o fornecedor de produtos para saúde,
Felipe Barreiro, general manager da Medtronic do Brasil, fez ressalvas
importantes para o setor.
“Embora o Brasil tenha um
sistema único que atende toda a população, a falta de uma política de longo
prazo resulta em uma incerteza constante para as empresas globais. A Medtronic
está no Brasil há 50 anos, temos duas fábricas no país, mas lamentavelmente
deparamos com um cenário desfavorável devido as constantes incertezas do cenário
político e econômico”, comenta Barreiro, que conclui quanto ao setor: “Temos um
imenso leque de produtos, R$ 13 bilhões em estoques e com lead time de mais de 79 dias, o que nos dá uma margem corroída, uma
conta que não fecha e um sistema perto de travar. A solução tem que ser
construída além das fronteiras de nossas organizações, é hora de pararmos de
nos enxergar como concorrentes, passando a ter uma visão mais geral para
encontrarmos soluções transversais”.
Doutor em Economia, Roberto
Luís Troster trouxe informações sobre contexto macroeconômico, alertando,
inclusive, sobre o posicionamento do dólar no cenário mundial, que vem perdendo
frente cada vez mais para o Euro e para as criptomoedas – uma luz para as
informações trazidas por Patricia Marrone, sócia-diretora da Websetorial Consultoria
Econômica, que afirmou que 37% dos produtos do setor, comercializados no
mercado, são importados e vêm sofrendo variação de custos. “Em dezembro devemos
ter o dólar estável em R$ 4,50, mas devemos ter atenção a cinco fatores de
risco: Ucrânia, eleições no Brasil, fatores energéticos, pandemia, economia da
China e questões fiscais mundiais, além do nosso maior monstro – a inflação”,
apontou Troster.
Fechando o evento, os painéis
sobre e-commerce e doenças
cardiovasculares, ministrados por Rodrigo Correia da Silva, CEO da Suprevida, e
Sergio Madeira, Diretor Técnico ABRAIDI, respectivamente, levantaram pontos
essenciais para o setor, como o debate sobre a importância da telemedicina,
inteligência artificial, robótica e o avanço das tecnologias de ponta como um
todo.
Assista ao Fórum Abraidi 2022
na íntegra AQUI.