Especialistas em ESG compartilham suas experiências em episódio da série #DiálogosDigitais Abramed

Especialistas em ESG compartilham suas experiências em episódio da série #DiálogosDigitais Abramed

Relatório de sustentabilidade, indicadores, metodologias, sensibilização e desafios foram alguns dos temas abordados

“O que ESG tem a ver com a sua saúde?” foi o tema de mais um episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2022, que aconteceu no dia 6 de dezembro, com transmissão ao vivo pelo canal do  YouTube  da entidade. Entre as perguntas respondidas durante o webinar, estiveram: de que maneira o ESG se conecta com a estratégia da empresa; porque ele é importante para o setor de saúde; como estamos e de que forma somos vistos; e quais seus desafios e oportunidades.

Participaram da conversa Lílian Mendes, gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa e membro do Comitê de ESG da Abramed; Meire de Fátima Ferreira, especialista e mentora em gestão de sustentabilidade; e Daniel Périgo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury e diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed. A moderação ficou a cargo de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

O conceito de ESG – Environmental, Social and Corporate Governance, sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental, vem ganhando bastante destaque, no entanto, ainda há muito o que evoluir na medicina diagnóstica. “Esse é um tema de grande interesse, mas que tem sido pouco falado no setor. Portanto, convidamos três especialistas que lidam com o assunto diariamente”, iniciou Shcolnik.

Lílian começou destacando a importância do relatório de sustentabilidade, que é um dos principais passos para quem pretende incluir o ESG em sua estratégia de negócio. “Esse relatório provoca uma evolução interna da empresa e traz os stakeholders para mais perto. Independentemente do porte da organização, pode ser implementado com facilidade e aprimorado aos poucos. Cada passo é dado no seu tempo, afinal, estamos falando de uma jornada”, disse.

Ela contou que a Dasa implementou a metodologia da GRI, mantendo a transparência e a reciprocidade com pacientes e stakeholders. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização sem fins lucrativos que fornece os padrões mais usados ​​do mundo para relatórios de sustentabilidade, os padrões GRI, também chamados de relatórios GRI.

Um dos desafios enfrentados pela Dasa em relação ao tema é equilibrar os três pilares de forma estratégica para que todos tenham o mesmo peso de importância. “Por isso, sempre mantemos metas e indicadores para cada um deles, fomentando os temas de forma equilibrada junto ao Conselho de Administração da empresa. Evidentemente, nosso propósito tem cunho social e ambiental. A governança, pilar muito relevante, acaba permeando os outros dois”, expôs.

Meire, por sua vez, está em transição de carreira, mas compartilhou sua experiência enquanto esteve como gerente executiva de sustentabilidade na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Manter uma organização do porte da instituição, que possui 7 mil colaboradores diretos, em um ambiente regulado, é desafiador. Estrategicamente, o hospital trabalha com uma visão sistêmica muito imbuída no fundamento de Peter Senge, que considera as organizações organismos vivos. Segundo essa perspectiva, é preciso prestar atenção em tudo aquilo que me afeta e que é afetado por mim no ambiente onde estou inserida”, ressaltou.

Vale lembrar que as iniciativas de ESG não são voltadas apenas para grandes companhias. “Qualquer uma, não importa o tamanho, que conseguir pensar nesse impacto socioambiental pode organizar a própria gestão. O setor de saúde é altamente regulado, o S, de social, todas as empresas precisam ter para existir. O A, de ambiental, está conectado com o cumprimento da legislação, mas, é claro, é necessário ir além. Sobre o G, de governança, o simples fato de ter um contrato ou um estatuto social já gera o vínculo. É a governança que vai dar o tom da gestão para que se possam fazer as escolhas”, explicou a especialista.

Em se tratando dos relatórios, Meire afirmou que eles são ferramentas de gestão que ajudam a organizar as ideias, a tomar decisões, a priorizar determinados temas, sempre em função daquilo que a empresa tem mais facilidade em fazer. “Os relatórios permitem às organizações do setor de medicina diagnóstica adotarem uma gestão estruturada de sustentabilidade sem precisarem de uma estrutura muito robusta para isso.”

Falando pelo Grupo Fleury, Périgo citou algumas iniciativas da empresa em consonância com a pauta ESG, como a construção de usinas fotovoltaicas, que têm tornado a matriz energética mais sustentável. “Também atrelamos o programa de remuneração variável a metas de ESG e temos buscado iniciativas sociais mais focadas na ampliação da atenção primária em saúde e no uso de telemedicina, aproveitando os aprendizados da pandemia. Na área de finanças, emitimos uma debênture (título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor. Ou seja, ele terá direito a receber uma remuneração do emissor e periodicamente ou quando do vencimento do título receberá de volta o valor investido) para o mercado atrelada a metas de ESG, o que foi algo pioneiro na saúde do país”, contou, ressaltando que o sucesso das iniciativas depende da atuação de todas as áreas da companhia.

Para elaborar seu relatório anual de sustentabilidade, o Grupo Fleury utiliza como metodologias o GRI, o relato integrado, o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), ou Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade, e o Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que diz respeito às questões climáticas.

“O relatório precisa mostrar a atuação integrada da companhia em relação às três letras da sigla. O objetivo é conseguir uma integração cada vez maior entre elas. Na área de saúde, o S ainda sobressai, pois a conexão é direta, embora o social seja o grande desafio das empresas. Importamos de outros países o maior destaque à questão ambiental, mas o Brasil precisa focar mais o social”, analisou Périgo.

Sobre os indicadores, o diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed destacou, ainda, que eles permitem visibilidade e autorreflexão. “É o momento de avaliar os ganhos e as oportunidades de melhorias. A partir da análise dos indicadores, é possível trazer ganhos externos e para a companhia”, disse.

Périgo salientou também que o ESG demanda ações de longo prazo. É necessário aprender a desdobrar as metas e os indicadores entre as áreas e os projetos de uma empresa. “Não precisa esperar ter uma grande estrutura para começar a trabalhar com o tema, é possível iniciar com pautas pequenas e evoluir ao longo do tempo, como aconteceu com o Grupo Fleury.”

Sensibilização

Segundo Shcolnik, a sensibilização de colaboradores é sempre um desafio para obter os resultados desejados. Ele questionou os convidados sobre as iniciativas adotadas para atingir o engajamento dos envolvidos. Périgo respondeu que, para criar uma cultura de ESG, é preciso ter conexão com a estratégia e com o core businessda companhia. “Se trabalharmos dissociados disso, essa pauta será sempre secundária”, expôs.

Ele também citou a importância do apoio da direção, porque são necessários recursos para as pautas saírem do papel. “Tivemos dificuldades com a média liderança, o que exigiu um grande esforço de sensibilização”, revelou. O Grupo Fleury aprendeu, ainda, que é fundamental agregar a visão que vem de fora da companhia, ou seja, dos clientes, dos fornecedores e dos órgãos regulatórios. “É preciso conversar com todos os players envolvidos”, disse.

E, falando em outros atores no processo, Périgo lembrou que as operadoras de planos de saúde ainda são um público distante da pauta. “O diálogo com elas precisa avançar, porque há uma série de oportunidades e sinergias entre operadoras e prestadores de serviços”, observou.

Lílian, por sua vez, comentou que, neste mês de dezembro, a Dasa vai lançar a Jornada ESG. Todos os novos colaboradores passarão por ela para conhecer o significado e a importância da sigla, a maneira como a Dasa se posiciona e quais são suas metas, entre outras questões. Para a liderança, a experiência será diferenciada, sendo mais focada em como conectar a estratégia ao negócio e como liderar pessoas. “Não temos resultados ainda, mas isso vai ajudar muito na sensibilização dos colaboradores”, disse.

De acordo com a gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa, a empresa aprendeu a ouvir o que as pessoas, os diversos stakeholders, têm a falar. “Essa escuta é um ponto de partida fantástico, que tem espaço em rodas de conversas e palestras. Companhias de qualquer porte podem fazer isso. O que funciona, de fato, é utilizar as estratégias e sensibilizar.”

Já Meire contou que a BP criou a figura do influenciador, aquele que sempre está disposto a levantar a bandeira do ESG. Ela aproveitou para comentar sobre atores muito importantes no processo: os médicos. “Quando falamos com eles a respeito do assunto, todos conversam no mesmo nível de conhecimento e linguagem. Esses profissionais estão perto tanto dos pacientes quanto das operadoras. Também não podemos nos esquecer dos enfermeiros, essenciais para tocar essa missão tão relevante quando se fala de uma agenda de sustentabilidade.” O episódio completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/hbXVmNCzWEM

Texto publicado em: 12/12/2022

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