Segundo a pasta, o diálogo permanente com o setor privado da saúde é compromisso do governo atual desde a transição
Na primeira semana de fevereiro, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada pelo presidente do Conselho de Administração, Wilson Shcolnik, cumpriu importante agenda junto à ministra da Saúde, Nísia Trindade, em São Paulo e Brasília.
Um dos encontros foi no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, com alguns dos principais nomes do setor de saúde suplementar. Participaram representantes de entidades setoriais, planos de saúde, laboratórios farmacêuticos e hospitalares. A instituição é reconhecida como “Hospital de Excelência” (HE) pelo Ministério da Saúde, ou seja, cumpre os requisitos para a apresentação de projetos do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (ProadiSUS).
Segundo a pasta, o diálogo permanente com o setor privado da saúde é compromisso que vem desde o período da transição de governo. Assim, os representantes do ministério buscam conhecer e debater ideias de diferentes origens, visando sempre ao aperfeiçoamento do SUS.
Na sequência, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que se destaca como um grande centro de pesquisa e ensino, Shcolnik esteve entre os participantes de um café da manhã com a ministra. Na ocasião, Nísia destacou que as prioridades do Ministério da Saúde são retomar as coberturas vacinais, recuperar a coordenação nacional e ampliar o acesso de qualidade ao SUS, principalmente para a população mais pobre. “Diante da complexidade do Brasil, o Ministério da Saúde será orientado pelas melhores evidências científicas, a serviço do SUS e da democracia”, disse.
No terceiro encontro, a ministra atendeu à uma solicitação de reunião feita pelas entidades Abramed, Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) e Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB). O objetivo foi mostrar que o projeto do piso salarial nacional da enfermagem (PL 2.564/2020), apesar de reconhecer o papel importante da profissão, tem dificuldades em ser viabilizado.
A ministra recebeu o grupo, em Brasília, na companhia de seus principais assessores e dos funcionários do Ministério da Saúde que compõem o grupo de trabalho organizado para examinar o tema.
Na reunião, o setor privado solicitou a colaboração do Ministério da Saúde para identificar fontes permanentes e reais para o pagamento das despesas com o reajuste. Com a aprovação do PL, estima-se um aumento significativo nos custos da medicina de cerca de 9,5%. Os impactos serão sentidos tanto pelo setor público quanto pelo privado.
Foi destacada a fragilidade das soluções até agora apresentadas, por não apontarem fontes de recursos ou serem inconstitucionais. A insistência nesse tipo de solução tende a prolongar o debate, inclusive no poder Judiciário, sem que a questão seja resolvida definitivamente.
As entidades entregaram ao ministério diversos estudos sobre o assunto, encomendados a algumas das mais importantes consultorias econômicas e jurídicas do país. A ministra agradeceu as contribuições e informou que o processo de tomada de decisão sobre o assunto está terminando. Disse, ainda, que transmitirá à equipe do governo as posições e preocupações apresentadas, assim como já fez com o pleito da enfermagem.
A participação da Abramed e de outras entidades em reuniões com a ministra ajuda a construir relacionamentos e colaborações mais estreitas com o governo e influenciar decisões que afetam o setor de saúde, a indústria médica e, principalmente, os pacientes.
Publicado em: 15/02/2023