Certificações que avaliam o exercício da medicina e das instituições de Saúde garantem qualidade, resolutividade e sustentabilidade; tema foi discutido durante a JPR 2023
Analisar o cumprimento ético, seguro e eficaz dos serviços de Saúde foi o tema da palestra “Profissionalismo e Gestão em Saúde – Sessão Especial PADI (Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem)”. Os debatedores destacaram a importância da segurança do paciente por meio de programas de acreditação dos serviços, inclusive no enfrentamento de eventos adversos, e lembraram os requisitos que norteiam o uso de novas tecnologias. O evento aconteceu durante a Jornada Paulista de Radiologia (JPR) 2023.
As acreditações são como selos de qualidade que avaliam, por meio de instituições de classe e reguladoras, padrões e requisitos pré-definidos que devem estar na rotina de quem é avaliado para garantir a aplicação de boas práticas. A Abramed, sendo responsável por 60% dos exames particulares realizados no país, traz como critério associativo, a obrigatoriedade de as empresas serem acreditadas, seguindo as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Essas avaliações proporcionam a observância da atuação profissional, das condições dos estabelecimentos, da aplicação de boas práticas e da ética, da gestão, da eficiência, como redução de desperdício, confiabilidade nos resultados e, finalmente, garantir a segurança no exercício da medicina. Mas especialistas atestam que poucos locais têm uma política voltada para isso.
Segundo a Abramed, dos 12 mil a 17 mil laboratórios no Brasil, apenas cerca de 5 mil utilizam controle de qualidade, obrigatório na Anvisa. Nesse cenário, a Associação estimula fortemente a regulação dos serviços. Na instituição, as clínicas de diagnóstico por imagem são acreditadas pelo Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e passam por avaliações periódicas, em que devem demonstrar evidências do cumprimento dos padrões de segurança por meio do Padi.
Os laboratórios de análises clínicas ainda são certificados pelo Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (Palc), oferecido pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), reconhecido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e certificado pela International Society for Quality in Health Care (ISQua), única sociedade no mundo que chancela padrões voltados para a acreditação em saúde, reconhecendo-os internacionalmente.
A certificação avalia se os locais de saúde estão preparados para enfrentamento de reações adversas em procedimentos. Natalia Henz Concatto, médica radiologista do Hospital Moinhos de Vento, destacou que, no caso da execução de ressonância magnética, é possível haver, mesmo que raramente, eventos adversos graves associados à aplicação de contraste. “Os profissionais de Saúde devem estar cientes dos potenciais riscos e tomar as medidas para minimizá-los.” Cláudia Maria Meira Dias, representante da DASA, completou que é necessário um time multidisciplinar qualificado para enfrentar possíveis problemas.
A comunicação assertiva também foi pauta do debate. E deve ser uma habilidade estimulada e prevista nas boas práticas da profissão. Felipe Veiga Rodrigues apresentou o sistema desenvolvido pelo Hospital Sírio-Libanês, que classifica em uma plataforma os tipos de achados críticos e auxilia em todo o processo de comunicação de eventos adversos para o paciente ou familiares.
O uso de tecnologias também faz parte da análise de padrões de qualidade, uma vez que recursos são cada vez mais usados na prática clínica, como a proteção de dados por meio da Lei Geral de Proteção de Dados. A discussão do uso das tecnologias passa por regulação, mas também por humanização dos serviços. Especialistas entendem que o uso de softwares e plataformas que facilitem a atuação do médico e a torne mais precisa possibilita que o profissional esteja mais disponível para o cuidado.