Abramed e Bracco discutem sustentabilidade da medicina diagnóstica em simpósio durante a JPR 2023

Abramed e Bracco discutem sustentabilidade da medicina diagnóstica em simpósio durante a JPR 2023

A sustentabilidade na medicina diagnóstica, inclusive na indústria que fornece insumos, pode promover redução de gastos e qualidade e segurança para o paciente; o uso da tecnologia é fundamental para esse processo

Durante a 53ª edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR), realizada de 27 a 30 de abril no Transamérica Expo Center em São Paulo (SP), a Abramed e a Bracco realizaram em parceria o simpósio “Desafios e Oportunidades para a Sustentabilidade do Setor de Diagnóstico por Imagem”. As ações que otimizam a utilização de recursos foram pontos centrais. A Abramed também participou da programação oficial da JPR 2023 com painel que discutiu “O futuro da medicina diagnóstica” e com estande institucional para receber associados e parceiros.

Estiveram presentes, além do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik; Tommaso Montemurno, Country Manager da Bracco do Brasil; Gustavo Meirelles; vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Alliança Excelência em Saúde e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; Marcos Queiroz, diretor de medicina diagnóstica no Hospital Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed; e Márcio Sawamura, vice-diretor médico do InRad-HCFMUSP.

Shcolnik abriu a rodada de discussões destacando a importância da Associação na medicina diagnóstica. Mais de 60% dos exames diagnósticos privados são realizados pelos seus associados. Entre todos os exames realizados, na saúde suplementar e complementar, essa representação chega a 30%. Comentando sobre a importância do setor, pontuou que ele é frequentemente acusado de ser insustentável. Porém, aproximadamente 70% das decisões médicas são pautadas por exames laboratoriais ou de imagem.

Mas, o bom uso desse recurso e as boas práticas ocuparam o ponto central do debate. Foi unânime a defesa do uso de tecnologias, como a inteligência artificial (IA) para promover a sustentabilidade financeira na medicina diagnóstica. Destacaram-se protocolos que preconizam uso racional de insumos e softwares que monitoram a jornada do paciente e orientam os médicos sobre pedidos de exame mais assertivos.

Meirelles destaca que deve haver uma educação de como usar o sistema para usuários. “O problema das operadoras envolve paciente: eu pago, eu preciso usar, isso não é sustentável, a má medicina beneficia mercadologicamente a curto prazo, até estrangular o sistema.” Queiroz destacou que é necessário, além de chamar o paciente para a discussão, chamar para perto das deliberações as operadoras. Como integrantes da Abramed, ambos são centrais na discussão da sustentabilidade da medicina diagnóstica.

O contexto da discussão permeia o fato de a saúde suplementar apresentar dificuldades financeiras, o que amplia o debatesobre melhor aproveitamento dos recursos. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as operadoras de Saúde acumulam um prejuízo operacional de mais de R$ 11 bilhões. Estão envolvidos os prestadores de serviços, a indústria e, finalmente, o paciente. Por isso, encontrar formas de prestar serviços mais assertivos passa pela otimização e pelo não desperdício de recursos, assim como pontuou Sawamura. O objetivo final é promover acesso de qualidade para usuários e mudar os paradigmas de como se fazer medicina para que isso aconteça sem implodir o setor, ou seja, com mais planejamento, assertividade e com menor desperdício.

Tommaso Montemurno, comentou que o mercado de tomografia está crescendo globalmente entre 6% e 8%, mas, atualmente, há uma melhor utilização de recursos, evitando desperdícios. “Reciclamos mais que 90% do excedente.” Na pandemia e, atualmente, durante a guerra na Ucrânia, o fornecimento de insumos passa por momentos de escassez.

“Inspirados na saúde privada, usamos a IA para que o médico seja alertado para um pedido de exame desnecessário”, comentou Márcio Sawamura. Ele ainda destacou o uso de chatbot e aplicativos de celular para marcação remota de exames. Isso evita a ida rotineira do paciente ao hospital, otimizando o atendimento e o uso de recursos humanos e diminuindo o tempo de espera.

Esses são alguns exemplos para promover melhor uso de recursos no maior hospital público da América Latina. Outro exemplo foi a implantação de protocolos quando se percebeu que os contrastes continuavam sendo injetados mesmo depois do procedimento. Por paciente, 10 ml foram economizados, segundo o radiologista. “Na saúde pública, que tem problemas de financiamento, isso representa muito”, pontua o vice-diretor médico do InRad-HCFMUSP.

Além disso, problemas econômicos globais afetam a indústria. Montemurno cita ainda os benefícios ambientais de ações como essa. “Não dá para imaginar pessoas saudáveis num mundo não saudável.” Segundo estudos da Health Care Without Harm (HCWH), o setor da Saúde também exerce atividade poluente por meio da indústria e dos hospitais, seja pela emissão de CO2 ou pelo uso e descarte dos insumos.

A implantação de protocolos para diminuir a utilização de insumos e de procedimentos pode parecer uma estratégia menos lucrativa, mas é mais sustentável a longo prazo, ou seja, evita gargalos no futuro. É o que defende Meirelles, que destacou o projeto da Associação, que está em desenvolvimento para este ano, para redução de impressão de filmes e papéis. Segundo ele, assim é possível remanejar custos para outros investimentos, mas comenta que não é suficiente as decisões serem tomadas por “meia dúzia” de profissionais sem chegar a locais mais remotos. “É preciso de educação continuada e sistemas de controle na ponta para garantir a aplicação desses protocolos de eficiência no setor.”

Sawamura, destacou a medicina preventiva como base do exercício da medicina. “Ainda fazemos uma medicina curativa, mas nosso foco deve ser atenção primária, no rastreamento de doenças.”

“Na formação, fomos ensinados a cuidar de doenças, não de saúde”, complementa Marcos Queiroz, que moderou a rodada de debates, estimulando a discussão dos atores envolvidos.

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