Segundo capítulo do 5º Painel Abramed destaca o papel estratégico da medicina diagnóstica e os desafios da Saúde Suplementar
As despesas com saúde no Brasil alcançaram entre R$ 912 bilhões e R$ 951 bilhões em 2022, representando um aumento real de aproximadamente 10% em relação a 2019, segundo projeção da Abramed. Esse crescimento é uma tendência mundial.
Dentro do contexto da saúde, o setor de medicina diagnóstica desempenha um papel estratégico, pois os serviços oferecidos são a fonte mais econômica e menos invasiva de se obter informações objetivas sobre o estado de saúde do paciente.
Essas e outras informações são detalhadas no segundo capítulo do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, intitulado “Panorama do Setor de Saúde no Brasil”, que oferece uma visão abrangente do contexto da saúde no país, com foco especial no setor de medicina diagnóstica.
“Esses dados foram cuidadosamente organizados para ajudar os leitores a entenderem a dinâmica do sistema, revelando não apenas os investimentos, mas também evidenciando os desafios enfrentados pelo setor e as oportunidades para aprimorar a qualidade e efetividade dos serviços prestados no país”, comenta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.
Em termos de infraestrutura de serviços, o capítulo aborda os maiores desafios, como a desigualdade regional na disponibilidade de hospitais. As regiões Sudeste e Centro-Oeste possuem maior proporção de hospitais em relação ao tamanho de suas populações, enquanto a região Nordeste apresenta menos hospitais nesta comparação.
Sobre o número de equipamentos de diagnóstico por imagem, os gráficos mostram aumento geral na quantidade em uso no Brasil entre 2021 e 2022. O maior crescimento registrado foi de tomógrafos computadorizados (14%), seguido do ultrassom (12%). O material também revela o aumento no número de equipamentos por métodos gráficos e ópticos no país.
Com relação à mão de obra médica, o Brasil viu um crescimento de mais de 80% no número de médicos, de 2010 ao final de 2022. Isso contribui para melhorar o acesso aos serviços de saúde, embora o país ainda esteja atrás da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em termos de proporção de médicos para a população.
O capítulo aborda, ainda, o cenário da Saúde Suplementar pós-pandemia. Houve uma queda de 3,3% nas receitas, passando de R$ 239 bilhões em 2021 para R$ 231 bilhões em 2022, o que compromete a estabilidade financeira do setor, afetando a qualidade dos serviços.
As despesas assistenciais, principalmente internações hospitalares, permaneceram estáveis, em torno de R$ 206 bilhões, indicando um cenário inédito de estabilidade. Já os exames complementares representaram um grupo crescente de despesas, com uma participação de 20,2% nos custos totais.
A sinistralidade, que mede a proporção entre despesas e receitas das operadoras, atingiu níveis preocupantes em várias modalidades, com destaque para a Autogestão (94%) e Seguradora Especializada em Saúde (93%). A persistente alta pode ser atribuída a diversos fatores, como aumento da demanda por serviços de saúde, inflação médica e custos mais altos de procedimentos.
Além disso, o prazo médio de pagamento por parte das operadoras aos prestadores de serviços de saúde variou consideravelmente, chegando a até dois meses em alguns casos. Isso pode impactar a qualidade e a continuidade dos serviços prestados.
Em relação ao total de beneficiários da Saúde Suplementar, o número ultrapassou 81 milhões em 2022, com cerca de 50 milhões na assistência médico-hospitalar e aproximadamente 31 milhões no setor odontológico. Isso representou um aumento de aproximadamente 3,8% em comparação a 2021.
“A Saúde Suplementar no Brasil enfrenta um cenário desafiador, marcado por quedas nas receitas, alta sinistralidade, ampliação dos prazos de pagamento. O crescimento no número de beneficiários reflete uma recuperação econômica, mas também observamos uma mudança no perfil destes beneficiários, com uma maior conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde, exigindo ainda mais a busca por soluções sustentáveis e parcerias estratégicas para garantir a estabilidade e a qualidade do setor”, analisa Milva.
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