Julho Amarelo é o mês de conscientização da doença. Em apoio, a Abramed promove a importância do diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado
18 de julho de 2024 – O diagnóstico é um dos pilares fundamentais para eliminar as hepatites virais até 2030, conforme meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença representa uma preocupação global crescente, sendo a segunda principal causa infecciosa de morte no mundo. Com 3,5 mil óbitos diários e 1,3 milhão de mortes anuais, a hepatite viral se compara à tuberculose, a maior causa infecciosa de mortalidade, segundo a OMS.
“Esses números alarmantes destacam a necessidade urgente de medidas eficazes para combater essa crise de saúde pública e reforçam a importância do diagnóstico precoce como uma estratégia essencial na luta contra as hepatites virais”, salienta Alex Galoro, médico patologista clínico, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).
Segundo a OMS, as mortes registradas em 187 países aumentaram de 1,1 milhão, em 2019, para 1,3 milhão, em 2022. A hepatite B foi responsável por 83% desses óbitos, enquanto a hepatite C respondeu por 17%. Apesar da disponibilidade de melhores ferramentas de diagnóstico e tratamento, a testagem e o tratamento dos pacientes estagnaram.
Estima-se que, em 2022, 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 50 milhões com hepatite C. A maioria das infecções foi registrada entre adultos de 30 a 54 anos, com homens representando 58% de todas as infecções. Em todas as regiões do mundo, até o fim de 2022, apenas 13% das pessoas com infecção crônica por hepatite B foram diagnosticadas, e apenas 3% recebiam terapia antirretroviral adequada.
Dados do Ministério da Saúde indicaram mais de 700 mil casos de diagnósticos positivos da doença de 2000 a 2021. Só por hepatite C, foram mais de 62 mil óbitos no período.
Segundo Galoro, o principal obstáculo para a detecção precoce das hepatites virais é que a maioria delas é assintomática, não gerando sintomas até que a doença atinja um estágio mais avançado. “Nesses casos, o diagnóstico tardio reduz significativamente as oportunidades de tratamento e intervenção eficaz, comprometendo a saúde do paciente e aumentando os riscos de complicações graves, como cirrose e câncer de fígado”, expõe.
Por isso, é fundamental realizar a triagem na população através de exames laboratoriais, especialmente em grupos de risco, mas também de maneira ampla, uma vez que não há uma população específica exclusivamente exposta ao risco de hepatite.
“A grande dificuldade está em garantir que esses exames de triagem alcancem toda a população no Brasil, tanto em áreas remotas quanto nos grandes centros urbanos. Muitas vezes, há falta de solicitação médica para a pesquisa de hepatite”, explica.
Galoro ressalta que apesar das orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) para que os médicos solicitem testes de sorologia para hepatite durante consultas de rotina, essa prática ainda não é amplamente adotada. “O diagnóstico precoce permite também a interrupção da transmissão do vírus, já que a pessoa diagnosticada pode tomar medidas para evitar sua propagação.”
Além de expandir o acesso a testes e diagnósticos, o relatório da OMS cita mais sete ações que devem ser tomadas pelos países para que a meta de eliminar as hepatites em 2030 continue viável. São elas: mudar políticas para implementação de tratamento equitativo; fortalecer esforços de prevenção da atenção primária; simplificar a prestação de serviços, otimizando a regulamentação e o fornecimento de produtos; desenvolver casos de investimento em países prioritários; mobilizar financiamento inovador; utilizar dados aprimorados para ação; e envolver as comunidades afetadas e a sociedade civil e avançar nas pesquisas para melhorar o diagnóstico e as possíveis curas para a hepatite B.
A Abramed reitera seu compromisso em apoiar as metas globais de eliminação das hepatites virais, promovendo a importância do diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado, garantindo assim uma melhor qualidade de vida para todos os pacientes.
Tipos de hepatites virais
As principais hepatites virais são A, B e C, sendo os tipos D e E menos frequentes. A hepatite A é transmitida principalmente por contaminação fecal, geralmente devido à falta de saneamento básico, e tende a ser auto eliminada, embora possa evoluir para uma hepatite fulminante em casos graves, possivelmente necessitando de um transplante de fígado.
A hepatite B pode ser transmitida por via sexual e pelo contato com sangue contaminado, e possui um índice de transmissibilidade maior do que o HIV. A principal forma de prevenção é a vacina. A hepatite C é transmitida principalmente pelo contato com sangue, sendo comum entre usuários de drogas intravenosas.
As hepatites B e C são mais destacadas devido à maior prevalência e gravidade, sendo as principais causas de complicações, como cirrose e câncer de fígado. Portanto, o diagnóstico e a triagem contínua dessas hepatites são essenciais para o controle e tratamento da doença.