Outros setores podem inspirar melhorias na eficiência e na experiência do cliente em Saúde

Outros setores podem inspirar melhorias na eficiência e na experiência do cliente em Saúde

Baseando-se em modelos de sucesso, saúde avança cada vez mais no uso de dados e IA para aprimorar resultados

15 de agosto de 2024 – O setor de saúde vem enfrentando diversos desafios, como o aumento dos custos operacionais, a crescente demanda por serviços de qualidade e a escassez de profissionais capacitados. Sem falar do envelhecimento da população e do crescimento das doenças crônicas, que pressionam ainda mais o sistema.

A eficiência tornou-se imperativo não apenas para reduzir custos, mas também para melhorar a qualidade do atendimento ao paciente. Segundo Eliézer Silva, diretor do Sistema de Saúde no Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed, todas as indústrias, atualmente, são desafiadas a encontrar novos modelos de produção e geração de valor.

“Inovação não é mais apenas um pilar estratégico; tornou-se uma questão de sobrevivência. É essencial para o desenvolvimento de novos serviços e produtos, assim como para aprimorar a eficiência”, destaca. Na área da saúde, as empresas sofrem pressão em suas margens operacionais, seja por posicionamento de preço (competitividade), seja por aumento de seus custos. Neste contexto, cabe ao gestor olhar e aprender com outros setores novas possibilidades.

Um exemplo claro, apontado por Eliézer, é como as organizações estão utilizando dados e inteligência artificial para melhorar seus resultados. “No setor de saúde há uma enorme oportunidade de fazermos o mesmo. O simples fato de termos dados dos processos assistenciais ao longo da vida dos pacientes permite coordenar melhor o cuidado, evitando desperdícios e riscos desnecessários a uma determinada população”, explica.

Além disso, ele acrescenta que o emprego de IA nos processos operacionais também traz ganhos. “Observamos exemplos aqui no Einstein, como o gerenciamento automatizado da agenda do centro cirúrgico, a capacidade preditiva de internação de pacientes atendidos nas unidades de pronto atendimento e a correta alocação de recursos para esses pacientes.”

De acordo com Eliézer, o emprego de melhoria contínua, como Lean Six Sigma – abordagem que usa o esforço de equipe colaborativa para aprimorar o desempenho –, é um dos pilares operacionais que evidencia as oportunidades de otimizar os recursos e melhorar a eficiência. “Em síntese, a liderança tem de estar atenta às mudanças tecnológicas e ter a capacidade de aprender e empregar as inovações com assertividade e agilidade nas suas organizações”, expõe. 

Exemplo de sucesso

Segundo o executivo, há modelos de sucesso em diferentes setores da economia, com cases relevantes voltados à logística e ambiente antifraude, por exemplo. Por isso, pesquisar a fundo e realizar possíveis trocas de experiências podem enriquecer o processo também na área da saúde. “À medida que toda a jornada do cliente é capturada, algumas empresas utilizam dados em tempo real para otimizar essa jornada, melhorando tanto a eficiência operacional quanto a experiência do usuário, ao passo que esses dados lhes permitem entender melhor cada cliente, criando experiências personalizadas que aumentam a fidelização”, conta.

Para Eliézer, o fato de o setor de saúde ainda se deparar com jornadas fragmentadas (já que nem sempre o paciente é atendido dentro de uma única organização durante a realização de seus cuidados com a saúde) tende a dificultar a construção de um modelo baseado em dados. “Acredito que a troca de experiências entre setores, adaptada ao contexto da saúde, é essencial para alcançarmos um novo patamar de entrega de valor”, comenta.

Passo a passo

Para que as organizações de saúde se tornem direcionadas por dados, é preciso estabelecer uma estrutura adequada, de acordo com Eliézer. “Em primeiro lugar, é fundamental contar com o engajamento da liderança. Mudanças desse tipo exigem que as pessoas entendam e adotem novas formas de trabalho, o que representa um grande desafio, pois desapegar dos hábitos tradicionais exige uma mudança comportamental profunda”, aponta.

Em segundo lugar, é importante implementar práticas de coleta de dados voltadas para a construção de jornadas. Os dados clínicos e demográficos precisam ser capturados, curados e armazenados de forma adequada, respeitando os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e da cibersegurança. “Isso exige investimentos em treinamento de pessoal e em tecnologia da informação. Muitas organizações têm criado áreas dedicadas a big data e analytics, como é o caso do próprio Einstein, juntamente com investimentos em infraestrutura e arquitetura tecnológica”, conta Eliézer.

Em terceiro lugar, é essencial conectar a área operacional à de tecnologia, afinal, as demandas tecnológicas devem ser geradas pelos setores de operação. Por exemplo, ao redefinir uma nova jornada mais integrada, as empresas de medicina diagnóstica precisarão cada vez mais de dados demográficos e clínicos. A construção dessas plataformas deve ser orientada pelas necessidades assistenciais e operacionais, e viabilizada pela área de tecnologia.

“Enfim, esses passos não são simples, mas ajudam as organizações a construírem jornadas mais integradas, proporcionando maior entrega de valor, ou de saúde, às populações, além de garantir um maior retorno sobre os investimentos realizados”, expõe Eliézer. 

À medida que o setor de saúde avança na direção da inovação e da digitalização, a capacidade de adaptação e aprendizado se torna vital. Com a liderança comprometida e uma estrutura de dados robusta, é possível não apenas enfrentar os desafios atuais, como também antecipar e responder às necessidades futuras, garantindo um sistema orientado por dados e, naturalmente, mais sustentável. 

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