Integrando a cadeia de valor na saúde: desafios e oportunidades em debate no 8º FILIS

Integrando a cadeia de valor na saúde: desafios e oportunidades em debate no 8º FILIS

Discussão abordou desde a colaboração entre diferentes setores até inovações necessárias para otimizar a assistência e reduzir desperdícios

4 de setembro de 2024 – Líderes do setor se debruçaram sobre as complexidades e oportunidades na integração dos serviços de saúde durante o primeiro painel do 8º FILIS, que discutiu a temática “Integrando a Cadeia de Valor: Desafios e Soluções para Melhoria do Cuidado em Saúde”. O debate evidenciou a necessidade urgente de conectar os diversos elementos da cadeia de saúde para proporcionar um cuidado mais eficiente e sustentável, abordando as lacunas existentes e propondo soluções inovadoras.

Moderada por Ademar Paes Jr., Membro do Conselho de Administração da Abramed, sócio da Clínica Imagem e Founder LifesHub, a mesa contou com a presença de Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde e Segurança na Indústria no SESI; Manoel Peres, CEO da Bradesco Saúde e MedService; e Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein.

Paes Jr. destacou que “durante muito tempo, em momentos de crise, acabamos focando nossos trabalhos e decisões em soluções ligadas à nossa própria área de atuação. Mas, nos últimos tempos, temos visto soluções mais criativas e integradas, que chamam para projetos de múltiplos elementos”. Essa visão é essencial para enfrentar os desafios atuais e promover uma abordagem mais colaborativa na saúde.

Diante deste contexto, Lacerda sublinhou a importância de uma gestão mais abrangente. “A saúde dentro das empresas não é só plano de saúde. Infelizmente, ele é visto, muitas vezes, como um benefício de RH, não como uma ferramenta de gestão de saúde. Precisamos unir as empresas e dialogar com o setor público para criar uma agenda conjunta que permita um compartilhamento de dados e uma melhor gestão da saúde dos trabalhadores.” Segundo Lacerda, é fundamental uma colaboração mais eficaz entre a indústria e os prestadores de serviços de saúde para alcançar melhores resultados.

Peres também refletiu sobre o cenário atual do setor de saúde. “Lamentavelmente, ainda não temos um serviço tão integrado como o desejado. Há iniciativas importantes, mas ainda há muita fragmentação e desperdício.” Ele lembrou que o setor de saúde representa cerca de 9% do PIB, refletindo sua importância econômica, mas também destacou a desigualdade no financiamento do setor privado em relação ao público.

“É evidente que há um subfinanciamento no setor privado, mas estamos observando um grande esforço para melhorar essa situação, o que é significativo. Para aqueles que estão aqui e trabalham na área, muitas vezes a perspectiva tende a ser bastante negativa, pois focamos apenas no presente e esquecemos de como o setor era nos anos 70, 80 ou até mesmo 90”, completou.

Por sua vez, Klajner abordou a questão da remuneração e seus impactos na saúde. “O modelo de remuneração muitas vezes é perverso, pois incentiva mais a receita do que a saúde real. No Hospital Albert Einstein, ao assumirmos o cuidado de nossos colaboradores, conseguimos reduzir custos e promover um cuidado mais integrado e efetivo, evidenciando a importância de uma abordagem menos fragmentada.” Ele ressaltou que essa integração não apenas melhora a qualidade do cuidado, mas também resulta em economias significativas.

Reformas e inovações no setor de saúde

Com a necessidade crescente de reformulação e inovação no setor de saúde, as discussões do painel avançaram para a questão fundamental do novo marco regulatório e da tecnologia para compartilhamento de dados. “Está claro que o setor precisa de um novo marco regulatório para evoluir e responder às demandas atuais. A saúde mudou completamente nos últimos 20 anos, e um novo marco é essencial para atender às novas necessidades e expectativas da população”, disse Peres.

Ainda no quesito necessidade, Lacerda frisou as dificuldades da gestão de saúde na indústria. Ele afirmou que existe a necessidade de uma agenda do contratante e um movimento coordenado para que todos os stakeholders se reúnam e desenvolvam soluções eficazes, salientando que tanto grandes quanto pequenas empresas têm um papel crucial e que o RH deve criar sistemas de incentivo, sem tantas barreiras, para engajar os colaboradores em programas de prevenção. Além disso, enfatizou a relevância da Telessaúde e a necessidade de colaboração, mencionando que “não vai ser uma coisa exclusivamente do Sesi, mas em cooperação com o sistema”.

Sobre a complexidade e os problemas enfrentados com o modelo atual, Klajner refletiu sobre situações que acontecem em outros países e a preocupação para que isso não ocorra no Brasil. Ele também enfatizou a importância de uma abordagem mais integrada, que priorize a qualidade do cuidado e a eficiência dos recursos.

O painel encerrou com um olhar otimista para o futuro, destacando a importância da inovação e da tecnologia na melhoria dos cuidados de saúde. Paes Jr. concluiu: “Precisamos ser otimistas com o setor de saúde. Ano após ano, ele cresce em volume financeiro e participação no PIB, e há um grande potencial para incorporar novas tecnologias e inovações.” Em suma, a integração mais eficaz é o primeiro passo para promover uma assistência de qualidade.

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