Abramed promoveu painel no 3º Simpósio de Qualidade e Gestão de Clínicas, durante CBR24

Abramed promoveu painel no 3º Simpósio de Qualidade e Gestão de Clínicas, durante CBR24

Evento destacou as recentes iniciativas da Abramed, dados da sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e debateu a inovação na radiologia

24 de setembro de 2024 – A Abramed conduziu um painel durante o 3º Simpósio de Qualidade e Gestão de Clínicas, parte do 53º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR24), realizado em Salvador (BA) entre os dias 19 e 21 de setembro. O painel, ocorrido no dia 20, foi estruturado em três momentos, trazendo as recentes iniciativas e parcerias da Abramed, dados da sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e um debate com o tema “Inovação na Radiologia: Explorando o poder da tecnologia na prática médica”.

Na abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, destacou a atuação da entidade, trazendo um panorama das ações deste ano e como a entidade vem contribuindo para uma agenda propositiva do setor.

Na ocasião, ressaltou a parceria com a Anvisa no projeto “Com a Visa no Peito”, para promover a qualidade dos serviços de mamografia no país. O objetivo é identificar potenciais riscos nos serviços e promover intervenções que garantam a segurança e a qualidade dos equipamentos utilizados.

Para trabalhar a conscientização, foi lançada uma cartilha para gestores de saúde. “Trata-se de uma ferramenta prática para auxiliar gestores na implementação de boas práticas e controle de qualidade em seus serviços, seguindo os Roteiros Objetivos de Inspeção e a Planilha Síntese de Testes de Controle de Qualidade. Essa é mais uma iniciativa que faz parte da agenda propositiva da entidade”, explicou. Para acessar a cartilha clique aqui.

Em seguida, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, comentou que, quando estamos no meio de uma crise, é difícil olhar para o futuro, mas isso é essencial. “Por muito tempo, dirigimos olhando apenas pelo retrovisor, sem focar adequadamente no que vem pela frente. Precisamos mudar essa postura, pois sem uma visão clara do futuro, será complicado enfrentar os desafios que surgirão. Somos um elo fundamental de comunicação com o sistema público, e compartilhamos o mesmo objetivo: oferecer uma saúde de qualidade”, afirmou.

Ele frisou que a Abramed tem participado fortemente de debates sobre questões regulatórias e o quanto é vital que os diversos grupos estejam envolvidos também. “Inclusive, as próprias agências, como a ANS e a Anvisa, estão enfrentando grandes desafios, e estamos colaborando com várias iniciativas para apoiá-las”, reforçou.

Indicadores setoriais

Responsável pela coordenação da sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, Ademar Paes Jr., fundador da LifesHub, sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed, apresentou alguns dos principais dados do estudo.

Entre eles, que cerca de 80% dos exames na saúde suplementar foram realizados pelas empresas associadas à Abramed, em 2023. Essas organizações geraram um faturamento de mais de R$ 26,4 bilhões e empregaram mais de 107 mil colaboradores, o que reforça a importância do setor de medicina diagnóstica.

De forma geral, 2023 foi um ano de significativas evolução e adaptação, com avanços em tecnologia, expansão geográfica e compromisso contínuo com a qualidade e a inovação. Ademar mostrou que a diversificação de segmentos de atuação, a expansão do atendimento B2B e B2C, e o fortalecimento da produção científica e das certificações são indicativos de um setor dinâmico e em constante crescimento.

Falando sobre a conjuntura demográfica e econômica, Ademar disse ser importante entender alguns aspectos que influenciam o panorama que enfrentaremos nos próximos anos. Primeiramente, o Brasil tem registrado uma taxa de crescimento populacional cada vez menor, e, se as atuais tendências continuarem, a população poderá até mesmo diminuir no futuro.

“Estamos enfrentando o envelhecimento da população, e a partir de 2040, o Brasil terá mais dependentes, especialmente idosos, do que pessoas economicamente ativas. Isso trará grandes desafios, principalmente para o financiamento da saúde suplementar e pública, agravando a situação com o aumento de idosos e a redução da força de trabalho”, explicou.

Um dado importante revelado pela 6ª edição do Painel Abramed é que, apesar do aumento no volume de exames, o custo médio da medicina diagnóstica permaneceu estável nos últimos cinco anos, e a participação dos exames nas despesas associadas caiu de 22,9% para 21,1%. Ademar destacou que o aumento nos custos da saúde suplementar deve-se mais ao crescimento da utilização dos serviços do que ao custo unitário. “O setor tem conseguido realizar mais exames pelo mesmo valor, aliviando a pressão financeira e aumentando o acesso a tecnologias avançadas, o que fortalece a sustentabilidade de toda a cadeia”, salientou.

Debate

O Painel Abramed no CBR24 encerrou com o debate “Inovação na Radiologia: Explorando o poder da tecnologia na prática médica”, com a mediação de Marcos Queiroz, Líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein.

Participaram Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica no Hospital Sírio-Libanês; Felipe Basso, CEO da Philips América Latina; Gilberto Szarf, gerente médico de Inovação no Departamento de Imagem do Hospital Israelita Albert Einstein; e Gustavo Meirelles, médico radiologista, empreendedor e inovador em saúde.

Queiroz começou comentando a grande transformação pela qual estamos passando. “Vivemos um momento histórico em que as relações médicas estão sendo profundamente influenciadas pela crescente inovação tecnológica, como telemedicina, cirurgia robótica, inteligência artificial e o uso de dados para suporte diagnóstico”, disse, chamando Meirelles para explicar o conceito de inovação.

“Inovação e invenção são conceitos distintos. Enquanto a invenção representa a criação de algo novo, a inovação consiste em aplicar essa invenção de maneira prática e útil. Todos podem ser empreendedores e inovadores, basta encontrar uma forma de fazer algo diferente dentro da sua área de atuação”, expôs Meirelles.

Sobre a experiência do Hospital Sírio-Libanês em equilibrar inovação com sustentabilidade, Nomura disse que a instituição é muito criteriosa na escolha das soluções implementadas. “Vimos que muitas dessas tecnologias geravam aumento de custo que impactava outras áreas. Hoje, além de considerarmos o aspecto financeiro, damos prioridade ao impacto que essas inovações terão no tratamento e na jornada do paciente. Estamos muito mais seletivos e estratégicos nesse sentido.”

Szarf também comentou como funciona o processo de incorporação de tecnologia no Einstein. “A necessidade é a mãe da inovação. O primeiro passo é identificar se há um problema real a ser resolvido e se a solução tecnológica proposta tem utilidade prática. Precisamos compreender a demanda local. Algumas ferramentas podem ser úteis para grupos de radiologistas generalistas, mas para especialistas podem não atender às expectativas.”

Após identificar a necessidade, a equipe responsável testa a solução, avalia sua viabilidade financeira e conduz testes práticos. “Com os resultados em mãos, apresentamos a proposta à diretoria para aprovação e possível implementação”, contou.

De fato, a inteligência artificial está em franca expansão no Brasil, conforme evidenciado por uma pesquisa citada por Basso. Enquanto globalmente 60% das indústrias utilizam apenas uma ferramenta de IA, no Brasil esse número supera 80%, impulsionado pelo foco em produtividade, que amplia o acesso das pessoas às soluções ofertadas.

Ele citou o exemplo da Phillips com o projeto de ultrassom portátil, que visa mitigar a falta de mão de obra e melhorar o acesso ao diagnóstico, especialmente em áreas com escassez de recursos. “Acreditamos que a tecnologia não deve ser vista apenas pelo seu uso isolado, mas sim pela capacidade de escalar e expandir o acesso de mais pessoas a soluções de saúde”, disse.

Relacionamento humano

Questionado sobre como ficará o relacionamento humano com o crescimento da tecnologia, Meirelles reconheceu que vai haver uma substituição humana em diversas profissões, e a radiologia é a bola da vez. “Não apenas os radiologistas, mas muitos profissionais terão funções substituídas por máquinas. Podemos comparar com a Revolução Industrial, e as pessoas se reinventaram. Ninguém tenta competir em velocidade com um carro, da mesma forma que a inteligência artificial será mais eficiente na identificação, medição e quantificação de nódulos pulmonares, por exemplo”, comentou.

Segundo ele, o conceito de coopetição – competição com cooperação – será fundamental nesse cenário. “Estou muito otimista com o que está por vir. Vejo os humanos se tornando mais humanos e as empresas utilizando cada vez mais a tecnologia. Imagine um chatbot atendendo questões de saúde mental às 3h da manhã, com encaminhamento para um Centro de Atenção à Vida em casos mais graves. Teremos um novo momento muito iluminado para a humanidade”, expôs.

Meirelles acredita que estamos no início de uma nova fase da inteligência artificial, que está começando a impactar nossas vidas de maneira significativa. “Precisamos sincronizar nossos próximos passos para entender como a IA se integrará efetivamente à nossa rotina. Embora estejamos no início dessa jornada e ainda haja muito a se desenvolver, é inegável que estamos em uma espécie de bolha. Sou otimista quanto ao potencial da IA, mas é fundamental que adotemos uma abordagem regulatória cuidadosa para evitar excessos e garantir um equilíbrio saudável”, disse.

Desafios

Nomura apontou que a prática da radiologia tem mudado ao longo dos anos. Anteriormente, a especialidade era altamente concorrida, mas hoje há uma diminuição no número de novos profissionais entrando na área.

De acordo com ele, há um equívoco comum de que a IA substituirá os radiologistas, mas, na realidade, a demanda por esses profissionais está aumentando. “Um ultrassom bem realizado pode oferecer muitos benefícios. No entanto, a perda de qualidade causada pela falta de profissionais capacitados pode resultar em um aumento nos custos do sistema, pois os pacientes acabam sendo encaminhados para exames mais caros, como tomografias e ressonâncias”, expôs.

Nomura acrescentou que as indústrias terão um papel fundamental na transição para o uso de algoritmos. Para ele, a solução ideal deve vir de um marketplace mais completo e simples de incorporar, reduzindo a necessidade de complexas integrações. “A incorporação da tecnologia de IA deve ocorrer de maneira mais colaborativa, em vez de simplesmente adicionar diversos algoritmos ao sistema existente”, disse.

Dentro deste tópico, Szarf comentou que, atualmente, muitas empresas estão resolvendo pequenos problemas de forma isolada, cada uma com seus próprios algoritmos e questões de segurança cibernética. Compreender essa avaliação é essencial para empresas que pretendem entrar no mercado.

O sistema está em constante evolução e o modelo de negócios ainda não está completamente definido. “Enquanto empresas pequenas têm a vantagem de agilidade para desenvolver algoritmos, as grandes empresas operam com uma velocidade diferente. Os times mais eficazes são aqueles que consideram a opinião dos médicos, que identificam problemas reais, garantindo que os algoritmos desenvolvidos sejam de fato valiosos. Este processo está em evolução”, expôs.

Para Szarf, a segurança cibernética é um ponto importante, e será difícil continuar atuando “a granel”. “É provável que surja um marketplace que ofereça uma solução integrada responsável por conexão e segurança cibernética, podendo ser uma empresa já existente ou um novo entrante.”

Em se tratando de barreiras regulatórias e integração, Nomura disse que é preciso agregar valor à cadeia de saúde, envolvendo todas as áreas. “As discussões sobre a incorporação de tecnologias ao Rol da ANS, por exemplo, não podem ser unilaterais. É essencial que todos os elos da cadeia participem”, disse. Para ele, o processo deve ser mais plural e inclusivo, garantindo que as decisões reflitam as necessidades e contribuições de todas as partes envolvidas.

De modo geral, o Painel Abramed no 3º Simpósio de Qualidade e Gestão de Clínicas sublinhou a importância da colaboração entre todos os atores do setor para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que surgem com as novas tecnologias e práticas. A participação ativa e o diálogo contínuo são essenciais para garantir a evolução e a qualidade dos serviços de saúde no Brasil, bandeira sempre defendida pela Abramed.

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