A análise de laudos à distância permite intervenções mais rápidas, salvando vidas e otimizando cuidados em situações críticas
10 de fevereiro de 2025 – A telemedicina tem revolucionado a área de diagnóstico ao permitir que exames sejam analisados por especialistas localizados em qualquer lugar do país, reduzindo o tempo de espera para emissão de laudos e aumentando a precisão diagnóstica.
Segundo o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, 57% das associadas à entidade oferecem serviços de telemedicina. Além da melhora na experiência e no tratamento dos pacientes, a ferramenta contribui para a sustentabilidade do setor ao reduzir custos operacionais e acelerar processos.
Carlos Pedrotti, presidente do Conselho de Administração da Saúde Digital Brasil (SDB), lembra que, no Brasil, os laudos à distância começaram a ganhar espaço nos anos 1990, inicialmente com a análise remota de eletrocardiogramas (ECG), especialmente para atender áreas remotas, com o sinal sendo transmitido por linha telefônica.
“Desde então, e principalmente após maior disponibilização de internet de banda larga, evoluiu para incluir diversas modalidades diagnósticas, como espirometria, eletroencefalografia e exames de imagem cada vez mais complexos”, explica.
Ferramentas como PACS (Picture Archiving and Communication System) e plataformas integradas passaram a facilitar o acesso remoto a imagens e dados, otimizando o fluxo de trabalho e ampliando a disponibilidade de especialistas para regiões menos assistidas. Além disso, a interoperabilidade dos sistemas facilita a troca de informações entre laboratórios e clínicas, promovendo maior eficiência operacional.
Segundo Pedrotti, a telemedicina tem mostrado resultados muito importantes na eficiência do atendimento, especialmente em áreas como teleECG e teleneurologia. “Por exemplo, no teleECG, pacientes com suspeita de infarto em áreas remotas têm seus exames analisados por cardiologistas em minutos, permitindo o início rápido de tratamentos como trombólise no infarto agudo do miocárdio, em que cada minuto pode fazer diferença no desfecho”, cita.
Do mesmo modo, estudos indicam que a teleneurologia também pode aumentar a taxa de tratamentos de reperfusão, reduzir a mortalidade e melhorar os tempos de resposta em emergências neurológicas. “A American Heart Association, respeitada sociedade americana de cardiologia, recomenda, inclusive, a implementação de serviços de telecardiologia e teleneurologia nos sistemas de cuidado de Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC), destacando que podem melhorar a precisão das decisões de tratamento e os desfechos clínicos”, aponta Pedrotti.
Em relação aos exames radiológicos complexos, a distribuição para análise por especialistas em estudos específicos, a possibilidade de obtenção de segunda opinião e as discussões de casos, entre outras práticas, contribuem para uma maior acurácia diagnóstica e redução de erros. Essas abordagens também aceleram a emissão de laudos, beneficiando tanto os pacientes quanto os serviços solicitantes.
Quando questionado sobre os avanços tecnológicos e regulamentares necessários para ampliar o alcance da telemedicina no setor de diagnósticos, Pedrotti destaca como fundamentais a expansão de redes cabeadas, o desenvolvimento do 5G e da internet via satélite, além do fortalecimento da interoperabilidade entre sistemas e da aplicação de inteligência artificial para suporte na análise de exames.
Ele expõe que regulamentar o compartilhamento seguro de dados entre instituições e aprimorar a proteção à privacidade do paciente também são prioridades para garantir uma maior rede de acesso a especialistas e melhor qualidade de laudos de exames comparativos. “Também é necessário estimular políticas que ampliem o acesso a equipamentos e capacitação em regiões carentes, promovendo uma maior equidade no uso dessas ferramentas”, destaca Pedrotti.