Na JPR, Abramed debate inteligência artificial e o papel da tecnologia para a sustentabilidade do diagnóstico por imagem

Na JPR, Abramed debate inteligência artificial e o papel da tecnologia para a sustentabilidade do diagnóstico por imagem

Na 55ª edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR 2025), realizada de 01 a 04 de maio, no Transamerica Expo Center (SP), a Abramed marcou presença com uma programação exclusiva que discutiu o futuro da Saúde e os desafios, boas práticas e os caminhos para a sustentabilidade no diagnóstico por imagem no Brasil.

Para iniciar essa reflexão ampla sobre os avanços da Medicina Diagnóstica em meio à corrida tecnológica e a necessidade de integração entre os diferentes elos do setor para a consolidação de práticas positivas e sustentáveis, Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, destacou o papel da entidade como promotora do diálogo no mercado.

“Nossa missão é consolidar valores na Medicina Diagnóstica, atuando de maneira objetiva, com união e imparcialidade em todos os assuntos referentes à Saúde Suplementar no Brasil. Para tanto, investimos e trabalhamos com foco em inovação, conhecimento, representatividade setorial, gestão profissionalizada, em favor do benchmarking, do aprimoramento contínuo, da governança e do compliance”, apontou Milva.

Bruno Porto, sócio na PwC Brasil e Líder do Setor de Saúde, apresentou a palestra “O Futuro da Saúde e a Inovação Tecnológica”, com base em pesquisa global da PwC que apontou que 47% dos CEOs de saúde acreditam que suas organizações não sobreviverão à próxima década sem mudanças estruturais. Ele destacou a importância de novos modelos de precificação, combate à fraude e uso estratégico da inteligência artificial (IA), especialmente no campo da IA generativa.

“A adoção de novos modelos de precificação e a busca por parcerias que complementam os esforços de transformação tecnológica são pontos fundamentais em um momento de disrupção do mercado. Além disso, questões cruciais como o combate à fraude também devem ser abordadas para fortalecer a sustentabilidade do setor de Saúde”, explicou o sócio e líder do setor de saúde da PwC. 

Nesse contexto, a inteligência artificial – especialmente no campo da IA Generativa – foi apontada como o principal vetor de transição para as operações de Saúde, inclusive na Medicina Diagnóstica, com 58% dos CEOs relatando que a IAGen já trouxe ganhos de eficiência no tempo dos funcionários, enquanto 35% apontaram aumento de receita e outros 32% de lucratividade.

“As organizações de Saúde que se destacaram nos próximos anos serão aquelas capazes de agir rapidamente para entender como os avanços tecnológicos, as demandas por acessibilidade, sustentabilidade e a evolução das expectativas dos pacientes impactarão nas suas operações”, disse Bruno Porto.

Em seguida, o debate “Diagnóstico por Imagem: Boas práticas, Desafios e Sustentabilidade no Cenário Atual” contou com a participação de: Edgar Rizzatti, Presidente da unidade de negócios do Grupo Fleury; Fernando Paiva, Diretor executivo do Ultra-X; Marcelo Abreu, Head de Radiologia do Grupo SIR e Hospital Mãe de Deus; Cesar Nomura, Presidente do Conselho de Administração da Abramed e Diretor de Medicina Diagnóstico do Hospital Sírio Libanês; e Marcos Queiroz, Diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein, que conduziu o bate-papo.

O debate aprofundou esse novo ambiente de transformações e desafios aplicados à prática cotidiana da radiologia. Marcos Queiroz (Hospital Albert Einstein), reforçou a importância do diálogo para a promoção de melhores práticas dentro de um cenário de mudanças.

“A prática isolada do consultório em radiologia não existe mais. Somos, todos, parte de empresas. E a Abramed é o espaço onde o setor se organiza, discute, influencia políticas públicas e promove as melhores práticas”, disse Queiroz.

Em diálogo com a apresentação de Bruno Porto, Edgar Rizzatti (Grupo Fleury), pontuou que a inteligência artificial já oferece ganhos expressivos de eficiência e qualidade, inclusive sem investimento em novos equipamentos.

“Temos algoritmos que reduzem em até 70% o tempo de realização de exames, com melhora de qualidade. Nesse sentido, há um ganho claro que se traduz em ganho clínico, operacional e econômico. Por isso, quando pensamos em integração entre tecnologia e sustentabilidade financeira, é fundamental entendermos a inovação como uma alavanca de valor que traz retornos objetivos, não como despesa”, disse Rezende, acrescentando ainda a redução do retrabalho, o uso sustentável de recursos e a gestão inteligente de equipamentos como vantagens concretas do uso da IA na Medicina Diagnóstica.

Marcelo Abreu (SIR/Hospital Mãe de Deus) alertou para os riscos de um avanço desregulado da tecnologia, destacando que muitas soluções comercializadas não passam por validação clínica robusta, ressaltando também a importância da regulação sobre o desenvolvimento da IA.

“Há muitas inteligências sendo vendidas e é fundamental que não se perca o controle sobre o que é ofertado como inovação. Nesse sentido, a parte médica precisa ser observada nesse processo. Não há sustentabilidade sem regulação e, antes de tudo, não podemos perder o olhar para o cuidado sobre o paciente”, afirmou.

Fernando Paiva (Ultra-X) ressaltou que, para que esses desafios sejam superados, a jornada da inovação na radiologia passa pela centralidade nas pessoas. Segundo ele, por exemplo, a cultura organizacional e o empoderamento dos times são determinantes para o sucesso na adoção tecnológica.

“Inovação só se concretiza quando passa pelas pessoas. São elas que desenvolvem, validam e executam as soluções”, afirmou. Fernando compartilhou a experiência da Ultra X no uso de telecomando para operar equipamentos remotamente e de um modelo de gestão com monitoramento em tempo real das operações, o que, em sua visão, fortalece a governança e a qualidade assistencial.

Fechando o painel, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, trouxe uma perspectiva ampla do setor de Saúde.

Para ele, a sustentabilidade da Saúde – tanto pública quanto privada – está intrinsecamente ligada ao ganho de produtividade, e isso passa, inevitavelmente, pela tecnologia.

“Ganhos de escala na transformação tecnológica e, consequentemente, de produtividade são indispensáveis. E isso só será possível com a incorporação estratégica de IA”, afirmou. Sobre regulação, Nomura defendeu a autorregulação responsável como caminho mais viável do que uma supervisão estatal centralizada. “Não podemos depender da Anvisa para validar cada algoritmo. A regulação precisa ser crítica, mas realista. A sustentabilidade do ecossistema de Saúde como um todo depende disso”, completou.

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