FILIS 2026 é lançado com convite ao diálogo para a transformação do futuro da Saúde

FILIS 2026 é lançado com convite ao diálogo para a transformação do futuro da Saúde

A 10ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), principal evento da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), foi lançada oficialmente em São Paulo, no Hospital Israelita Albert Einstein, em um encontro que reuniu especialistas do ecossistema de Saúde Suplementar no dia 09 de setembro.

O encontro evidenciou o caráter histórico do FILIS, criado pela Abramed com o intuito de consolidar um espaço de conexão, diálogo e geração de agendas propositivas para o setor, incluindo a integração dos sistemas público e privado e o fomento de consensos em torno de pautas estratégicas que favoreçam o acesso a uma medicina de qualidade para todos.

Na abertura, Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, reforçou que o FILIS se consolidou como espaço de conexão e de construção coletiva para o setor. Ela ressaltou que o evento deixou de ser apenas palco de debates para se tornar ambiente de pactuação de pautas propositivas que precisam se materializar em ações concretas e apresentou alguns destaques da última edição do Fórum e do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, que consolidaram temas como interoperabilidade, ESG e atualização regulatória.

Milva também apresentou a nova proposta de parceria do FILIS, que passa a ser estruturada de forma ainda mais estratégica, com três categorias simplificadas: Liderança, Estratégia e Presença. O modelo, segundo ela, facilita a adesão das empresas e fortalece o relacionamento estratégico de longo prazo com o setor.

No centro do painel, estiveram presentes alguns dos temas que guiarão os debates do FILIS 2026, com destaque para a inteligência artificial e suas aplicações na Saúde, o protagonismo da interoperabilidade de dados como vetor de transformação positiva para desfechos clínicos mais assertivos e ágeis, além das questões regulatórias que cercam esse contexto.

Participaram da discussão Cesar Nomura, Presidente do Conselho de Administração da Abramed e Diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês; Cristóvão Mangueira, Diretor de Medicina Laboratorial do Einstein; Edgar Gil Rizzatti, Presidente da Unidade de Negócios Médico, Técnico, Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury; Leonardo Vedolin, Vice-Presidente Médico e de Operações da Dasa; e Lídia Abdalla, Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed e CEO do Grupo Sabin

O lançamento destacou ainda a transformação digital como movimento decisivo para o setor, mas também destacou questões sociais, econômicas e estruturais que desafiam o sistema. Nesse sentido, ficou claro que os avanços dependem não apenas de tecnologia, mas também de integração, olhar humano, diálogo contínuo e postura coletiva do setor, como destacou Cesar Nomura:

“Que nós estejamos juntos discutindo não só a Medicina Diagnóstica, mas o contexto da Saúde como um todo. Juntos somos mais fortes e temos poder de contribuir com as pautas regulatórias que moldarão a jornada do cuidado.”

O potencial (e os limites) da inovação: dos dados à IA

Na discussão sobre as tendências de inovação que trazem novos paradigmas para a prática clínica, a inteligência artificial foi apontada como uma evolução do big data e das soluções de analytics que já provocam impactos em produtividade, eficiência e no desenho de modelos de atenção.

Os debatedores, porém, foram claros: o que se aplica hoje ainda não é uma IA plena. “Ainda não chegamos a uma IA real; o que usamos hoje é big data com esteroides. A verdadeira transformação virá quando avançarmos para a predição clínica”, provocou Cristóvão Mangueira.

Nesse ponto, os debatedores ressaltaram a importância de separar hype de resultados efetivos e reconhecer que há dificuldade em comprovar ROI e sustentabilidade da adoção de IA, sobretudo em modelos de remuneração baseados em custo e volume, e não em desfecho.

Dentre outros pontos, os participantes trouxeram exemplos práticos da aplicação de algoritmos na detecção precoce de nódulos pulmonares. Em case do Grupo Fleury, foi destacado o cruzamento de imagens com dados clínicos a partir do uso de sistemas de inteligência artificial que permitiram diagnósticos mais rápidos, precisos e com maiores taxas de retorno dos pacientes, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

“Dados são um insumo muito presente para quem trabalha com Medicina Diagnóstica e colocar médicos para trabalhar junto com cientistas de dados pode ser muito virtuoso. No caso dos exames de nódulos pulmonares, por exemplo, tivemos um aumento de 13% para 40% no retorno dos pacientes. Mas é fundamental ter em mente que o engajamento e a coordenação do cuidado continuam sendo função do médico. A tecnologia contribui, mas não resolve sozinha”, explicou Edgar Gil Rizzatti.

“A inteligência artificial já está mudando a maneira como os seres humanos se relacionam com o trabalho, aumentando muito a produtividade dos profissionais. Mas ainda não temos uma IA que possa tomar decisões. O componente humano é fundamental e ele se torna mais eficiente com o desenvolvimento da tecnologia”, disse o Diretor de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein.

Conectando inovação ao protagonismo do paciente, Lídia Abdalla reforçou que a transformação digital não é apenas promessa, mas realidade que já impacta a vida dos pacientes.

“Com testes digitais e wearables, já conseguimos obter muitas informações de saúde dos indivíduos. Isso já está acontecendo e favorece o autocuidado, uma das bases para a sustentabilidade do sistema”, pontuou.

O painel também abordou o marco regulatório da IA, em tramitação no Congresso. Para Nomura, o desafio é não engessar o setor:

“Mais de 60 PLs em Brasília envolvem Medicina Diagnóstica e 38 podem ter impacto significativo. É nossa obrigação influenciar a discussão legislativa para que a regulação não restrinja a inovação e, ao mesmo tempo, traga segurança ao paciente.”

E trouxe ainda uma reflexão sobre sustentabilidade: se a lógica atual remunera mais o tratamento da doença do que a prevenção, como equilibrar inovação e viabilidade econômica? Para Mangueira, o setor precisa avançar nessa agenda: é essencial criar mecanismos que valorizem a prevenção e a inovação como parte das soluções do sistema, mesmo diante de modelos ainda centrados na doença.

Tech vs. Touch: empatia e letramento digital em debate

No debate, o consenso entre os participantes é de que o letramento digital deve ser tratado como prioridade estratégica, envolvendo desde a formação acadêmica até programas contínuos de atualização profissional por meio, por exemplo, de formações técnicas em ciências de dados aplicadas à Saúde.

Leonardo Vedolin comentou que um dos grandes desafios em provar o potencial dos dados e das soluções de analytics na Medicina Diagnóstica diz respeito ao gap de letramento, por isso, fazer essa pauta avançar nas organizações é decisivo.

Preparar profissionais para lidar com dados e IA de forma crítica e humanizada é condição para reduzir as barreiras de acesso, não comprometer a efetividade da inovação no setor e garantir que a tecnologia seja suporte, e não substituto, da relação médico-paciente. “Quem entrega valor é quem está mais próximo do paciente, e não a tecnologia”, afirmou Vedolin.

Para além da tecnologia, a humanização também foi destaque. Cláudia Cohn, membro do Conselho de Administração da Abramed e CEO do Alta Diagnósticos, alertou para o problema de colocar a empatia em segundo plano:

“Mais de 50% das criações de IA que explodiram recentemente são personagens feitos para conversar com pessoas. Daqui a pouco, teremos mais interações com IA do que com humanos. Como garantir empatia no diagnóstico, quando o médico corre o risco de virar apenas logística?”

O painel deixou claro que não há consenso sobre o tema: se, por um lado, há convergência sobre o papel fundamental do componente humano na tomada de decisões e como ele se torna ainda mais eficiente com o desenvolvimento da tecnologia, por outro, ficou a reflexão de que a empatia já é frágil na prática médica e precisa ser preservada como diferencial para que os profissionais do setor não sejam substituídos pelo “tech”.

O lançamento do FILIS 2026 reafirmou o protagonismo da Abramed na articulação de agendas para o setor e colocou em evidência dilemas centrais em Saúde. As reflexões adiantam que a 10ª edição do Fórum, muito além de um encontro, será um espaço para pactuar caminhos que ajudem a transformar a inovação em valor concreto para pacientes, profissionais e todo o Sistema de Saúde, e que devem orientar o futuro da Medicina Diagnóstica no Brasil.

A 10ª edição do FILIS já tem data marcada – 26 de agosto de 2026.

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