RMA – Debate reforça integração entre IA e atuação humana para o futuro da Medicina Diagnóstica 

RMA – Debate reforça integração entre IA e atuação humana para o futuro da Medicina Diagnóstica 

Participantes discutiram a jornada de transformação digital da saúde, destacando o papel de uma agenda colaborativa para a preparação de profissionais e empresas

A Reunião Mensal de Associados (RMA) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) de setembro foi realizada na sede do CDB Inteligência Diagnóstica, empresa do Grupo Alliança Saúde, e contou com palestra de Augusto Antunes, Diretor Médico da Axial Inteligência Diagnóstica, e debate “IA na Saúde: estamos prontos para o futuro?”.

A abertura do encontro ficou a cargo de Ricardo Sartim, CEO da Alliança Saúde, e de Cesar Nomura e Milva Pagano, respectivamente Presidente e Diretora Executiva da Abramed. O anfitrião destacou a importância da união entre os associados, da agenda colaborativa e o desejo de estarem mais próximos da entidade. 

Em seu discurso, Milva atualizou os participantes acerca do avanço de pautas centrais para o planejamento estratégico da Associação até 2030 e destacou temas como treinamentos em torno da RDC 978/25) e a participação da Abramed no Conselho Consultivo do Movimento Empresarial pela Saúde (MeS), criado pela CNI e SESI, por meio de uma contribuição técnica para o uso adequado de exames clínicos. 

Nomura, por sua vez, enfatizou que “levar as reuniões mensais nos associados são uma ação estratégica de integração e valorização do ambiente da Medicina Diagnóstica”.

A palestra “Inteligência Artificial: inovações e impactos na Medicina Diagnóstica”, conduzida pelo Dr. Augusto Antunes, abordou o avanço da IA na radiologia e seu impacto na prática médica. Durante a apresentação, ele fez uma afirmação clara: “Só conseguiremos ser melhores médicos se incorporarmos novas tecnologias na prática clínica.”

O Diretor da Axial detalhou também a importância da radiologia para o desenvolvimento tecnológico da medicina, apontando que quase 50% das soluções médicas em desenvolvimento são voltadas a este segmento, um reflexo do protagonismo da área na inovação e digitalização da saúde. 

No entanto, Antunes ponderou que a maioria dos softwares atuais atua apenas no auxílio à detecção de lesões, enquanto o laudo é, na verdade, o produto central da prática radiológica. Ele questionou se essa abordagem faz sentido, visto que já existem tecnologias capazes de produzir laudos de forma automatizada, contribuindo para uma maior agilidade clínica e apoio à tomada de decisões de médicos.

Dentro do processo de digitalização e diante da demanda de exames, o médico apontou outro desafio:  a falta de profissionais. Cerca de 54% dos radiologistas relatam sintomas de burnout emocional exacerbado pelo fato de que, na medicina, você não pode errar. “Não adianta produzirmos 200 laudos por dia se, em uma falha, podemos impactar negativamente toda a cadeia de tratamento de um paciente”, pontuou.

Por isso, o palestrante defendeu que a tecnologia deve ser integrada ao cotidiano desses profissionais, que seguirão responsáveis pela palavra final, para otimizar o fluxo de trabalho, reduzir o período gasto em atividades burocráticas e aumentar o tempo dedicado à análise de imagens e produção do laudo.

No debate que se seguiu, moderado por Cesar Nomura, Adriana Costa, Diretora da Siemens Healthineers Brasil, Anaterra Oliveira, CIO da Dasa, e Ricardo Sartim convergiram sobre a necessidade de engajamento para uma agenda colaborativa no ecossistema de Medicina Diagnóstica e a importância da adoção da tecnologia com critérios bem estabelecidos para alcançar a eficiência clínica e benefícios reais para pacientes e operações de saúde. 

Adriana Costa lembrou que soluções de IA acompanham a ressonância magnética há décadas, mas que o salto atual ocorre quando se integram dados clínicos e laudos a plataformas que otimizem a jornada do paciente. “A inteligência artificial está incorporada à ressonância há mais de 30 anos, mas o grande salto agora é integrar dados e otimizar toda a jornada do paciente, por meio da interoperabilidade”, disse a Diretora da Siemens Healthineers Brasil. 

Já Anaterra trouxe a perspectiva da Dasa sobre a cultura de dados e o investimento em inovação. Para a executiva, enquanto as indústrias de tecnologia investem cerca de 30% da receita em P&D, o setor de saúde destina percentuais muito menores. “Por isso, não dá para evoluirmos sozinhos. Precisamos compartilhar dados e trabalhar em modelos colaborativos”. Ela também enfatizou que a IA é um meio para aprimorar o trabalho, não para substituir pessoas: “A Inteligência Artificial não veio para atuar no lugar do médico, mas para tornar o trabalho clínico mais eficaz e preciso”, apontou.

Ricardo Sartim encerrou o debate complementando essa perspectiva e defendeu o equilíbrio entre a tecnologia e o propósito de cuidar. Ele destacou que o fator humano e a empatia devem ser preservados: “Investir em treinamentos e processos é, sim, mais custoso do que comprar tecnologia, mas é o que garante valor real para o cuidado”. Para ele, a inovação só faz sentido se mantiver o olhar humano no centro da jornada do paciente.

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