Em reunião mensal de associados, lideranças debatem os desafios do setor de saúde para 2023

Em reunião mensal de associados, lideranças debatem os desafios do setor de saúde para 2023

Encontro teve palestra com Henrique Neves, CEO do Hospital Israelita Albert Einstein, seguido por debate com a participação de Jeane Tsutsui e Lídia Abdala, respectivamente CEOs do Grupo Fleury e Grupo Sabin

A Reunião Mensal de Associados (RMA) da Abramed aconteceu presencialmente no Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo, no dia 3 de março, e representou um momento especial para a área de medicina diagnóstica, integrando lideranças do setor em torno de um debate sobre os desafios que serão enfrentados em 2023. 

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, revelou que as algumas reuniões mensais de associados serão agora realizadas em um modelo diferenciado. “Este evento inaugurou um ciclo de reuniões exclusivamente presenciais, com a presença de palestrantes e líderes da área, discutindo temáticas importantes para o desenvolvimento do setor.”, explicou.

Neste encontro, o convidado para palestrar foi Henrique Neves, CEO do Hospital Israelita Albert Einstein, liderança de grande destaque no setor. Ele iniciou sua fala afirmando que, após a pandemia, o mercado privado passou por uma mudança estrutural, desencadeando um desequilíbrio entre o financiamento e a demanda. “Precisamos olhar para o cenário que se avizinha, mas é complexo prever. Nosso problema de curto prazo é capacidade para atender à demanda”, disse.

O comentário de Neves destacou o desafio importante enfrentado pelo sistema de saúde no Brasil, que é a ênfase na produção de volume em detrimento da qualidade e da sustentabilidade da cadeia de cuidados. De fato, essa abordagem pode resultar em custos elevados e, em última análise, pode não garantir melhores resultados de saúde para a população.

Para enfrentar esse desafio, é necessário adotar uma abordagem mais ampla e estratégica. Isso envolve a adoção de uma visão de longo prazo, que priorize a sustentabilidade e a eficácia do sistema de saúde, em vez de apenas a produção de volume.

“Precisamos entender como as operadoras de saúde funcionam. Sua saúde financeira deve ser objeto de nossa preocupação. O setor necessita lançar iniciativas para mitigar os altos custos, e o compartilhamento de informação pode ser relevante nesse ponto”, frisou.

O CEO do Hospital Israelita Albert Einstein falou, ainda, sobre os benefícios da telemedicina como forma de expandir o acesso do paciente ao atendimento de saúde e reduzir custos para todo o sistema. Ele comentou que a medicina de precisão e a terapia celular são duas áreas com potencial de revolucionar o setor. Ambas avançam rapidamente e já estão sendo utilizadas em alguns tratamentos. Por exemplo, a terapia celular foi aprovada para o tratamento de certos tipos de câncer, e a medicina de precisão está sendo utilizada para ajudar no diagnóstico e tratamento de doenças como o câncer de mama e a fibrose cística.

À medida que essas tecnologias continuam a se desenvolver, é provável que tenham um impacto crescente no setor de saúde, oferecendo novas opções de tratamento e melhorando os resultados para os pacientes. “De um lado, olhamos para o que já praticamos, tentando fazer diferente e, ao mesmo tempo, olhamos para as novas tecnologias, pensando em como incorporá-las, focando em custo-benefício.”

Segundo Neves, 2023 não será um ano fácil, talvez o mais desafiador dos últimos três anos, pois será necessário lidar com o aumento da demanda, que se mantém elevada. “Percebemos que nossa capacidade está prestes a se esgotar em alguns locais. Precisamos pensar em expansões, sem saber como será a demanda ou o financiamento de saúde no futuro.”

Neves disse que é extremamente importante discutir o setor de saúde com todos os stakeholders envolvidos, incluindo pacientes, médicos, enfermeiros, administradores hospitalares, governos, organizações não governamentais e empresas de tecnologia médica, entre outros. Cada um desses grupos possui uma perspectiva única e valiosa sobre o setor, e é necessário considerar todas elas para garantir que as decisões tomadas sejam justas e eficazes. Ele também ressaltou a importância da integração entre os setores público e privado: “Há muito a ser feito”, finaliza.

Eliézer Silva, diretor do Sistema de Saúde Einstein, deu sequência ao evento moderando um debate, com participação de Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury, e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin, além de Neves.

Para Jeane, a busca pela sustentabilidade do sistema de saúde é fundamental para garantir que ele continue funcionando de forma eficaz e acessível para toda a população. Isso significa que todos os stakeholders, incluindo governos, prestadores de serviços de saúde, pacientes e empresas de tecnologia médica, devem trabalhar juntos para encontrar soluções que garantam que o sistema seja financeiramente viável a longo prazo. “Temos ainda um desafio grande pela frente como sociedade, que é a formação de qualidade dos profissionais de saúde. Grande parte das pessoas que estão aqui também trabalha com educação médica, e é importante que levemos aos profissionais informações corretas, indicando exames que devem e não devem ser pedidos, com base em algoritmos”, disse.

Jeane reforçou ainda que assim como há o overuse, também há o problema do underuse, ou seja, de um lado está o indivíduo que faz demais sem precisar, e de outro aquele que deveria fazer e não está fazendo. “A adequação dos recursos é fundamental, e nós que atuamos no setor temos um trabalho importante de educação com o paciente e, principalmente, com o médico”, expôs.

A CEO do Grupo Fleury também levantou a questão da inovação, não apenas em termos de tecnologia avançada, mas também na criação de novos modelos de negócio que aumentem a produtividade e tragam benefícios significativos para o paciente – que deve ser o foco principal. “É por meio da inovação que conseguiremos desenvolver outras soluções. Precisamos priorizar o que realmente traz benefício real para o paciente, o médico e o sistema”, salientou Jeane.

Por sua vez, Lídia comentou que passamos várias vezes por momentos difíceis, mas sempre encontramos um caminho. “Não podemos perder a capacidade de sermos resilientes e continuar olhando para frente. O ponto principal é sempre seguir as boas práticas. Se há um pilar que a Abramed conseguiu conquistar em seus mais de 10 anos de atividade é a credibilidade no setor de saúde. Credibilidade às custas do trabalho contínuo, de discussões sempre proativas, transparentes, muitas vezes difíceis, mas sempre movidas pela vontade de fazer um setor melhor e mais saudável”, salientou a CEO do Grupo Sabin.

Lídia também destacou que, em qualquer setor, se o foco se mantiver na entrega do melhor serviço e em oferecer a melhor experiência para o cliente, sem dúvida será possível vencer parte dos desafios.

Saúde mental

O tema da saúde mental também foi foco no debate. Eliézer enfatizou os desafios enfrentados na área de recursos humanos, observando que muitos profissionais estão exaustos ou precisam de treinamento adicional. Ele citou estatísticas do Reino Unido e da Alemanha, mostrando que entre 20% e 25% dos médicos gostariam de deixar suas carreiras devido à falta de perspectivas a longo prazo, deficiências na educação médica e baixos salários. “Essa questão não é nova e a pandemia só agravou o problema, deixando as pessoas ainda mais cansadas e frustradas com seu trabalho, o que gera uma grande carga emocional, aumentado a necessidade de cuidados com a saúde mental”, disse.

Questionários de saúde desenvolvidos pelo Grupo Fleury mostraram o aumento do percentual de pessoas que relatam depressão e ansiedade. Jeane lembrou que as mulheres apresentam uma prevalência maior de problemas relacionados à saúde mental. Para enfrentar essa questão, a empresa implementou ações que oferecem apoio psicológico e psiquiátrico no próprio grupo. Além do diagnóstico, é fundamental implementar medidas que trabalhem o tema.

É importante lembrar que existem três aspectos da saúde: física, mental e os determinantes sociais de doença. Além do diagnóstico e suporte, é essencial abordar a questão do propósito nas organizações. “Nesse ponto, a vantagem da área de saúde é já ter um propósito claro: cuidar das pessoas. Essa conexão com o cuidado ajuda a manter as pessoas motivadas e engajadas em sua missão. Embora não seja uma solução simples, esse é um campo de atuação para empresas que prestam serviços na área de saúde. É fundamental levar a mensagem de que é preciso equilibrar os cuidados com o corpo e com a mente para uma vida saudável”, frisou Jeane.

Lídia comentou que a nova geração tem uma perspectiva diferente em relação à vida e ao trabalho em comparação às gerações passadas. Eles valorizam mais as experiências do que os bens materiais e o salário. “É importante entender que essas pessoas buscam um propósito em seu trabalho, algo que os motive e faça com que queiram continuar em suas posições. Oportunidades de crescimento profissional e um equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional são fatores cruciais para mantê-las engajadas. A remuneração e o salário ficam mais abaixo na lista de prioridades”, disse.

Lançamento Abramed

Durante o encontro, foi entregue o Relatório Anual de Atividades 2022, que traz as principais realizações e conquistas da entidade no ano, com os temas que ganharam destaque, o desempenho dos comitês em prol de melhorias para o setor, o que foi pauta na imprensa, a participação em eventos, além das parcerias firmadas com o governo e outras entidades.

“Entendo que o Relatório Anual de Atividades 2022 apresentado durante o encontro é uma importante ferramenta para avaliar o desempenho da entidade ao longo do ano e traçar estratégias para o futuro, atuando também como uma forma de demonstrar transparência e prestar contas aos nossos associados, bem como ressaltar as conquistas obtidas pela entidade”, comemora Milva. O documento está disponível para download neste link.

Para a diretora da Abramed, a Reunião Mensal dos Associados foi um evento inspirador, congregando o setor em torno de um debate extremamente valioso para a cadeia da saúde. “A palestra principal, ao trazer uma visão substanciosa sobre os desafios enfrentados pelo setor de saúde, deve ter proporcionado uma reflexão profunda sobre os problemas que precisam ser enfrentados e as soluções que podem ser adotadas. Além disso, o debate com líderes do setor permitiu a troca de experiências e o compartilhamento de ideias e soluções, enriquecendo ainda mais o encontro”, comentou.

“O fato de a Abramed promover eventos como esse demonstra seu compromisso em contribuir para a integração do setor e para a busca por soluções sustentáveis”, finalizou Milva.

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