O valor econômico da Medicina Diagnóstica: muito além do laudo

O valor econômico da Medicina Diagnóstica: muito além do laudo

Por César Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed

Quando se pensa em um exame médico, normalmente se foca apenas no resultado, que chega em formato de um laudo — dando pouca atenção às imagens e gráficos indecifráveis para os leigos, mas que já são sinal inequívoco da complexidade da Medicina Diagnóstica.

Por trás de cada exame, existe uma profunda inteligência em saúde, movida por uma engrenagem complexa que movimenta bilhões de reais, sustenta milhares de empregos e impulsiona a inovação no Brasil.

A Medicina Diagnóstica não é apenas uma etapa do cuidado. É um motor silencioso que conecta ciência, tecnologia, indústria e desenvolvimento econômico.

Em 2024, as empresas associadas à Abramed realizaram cerca de 1 bilhão de exames. Esse número, por si só, impressiona. Mas o que ele representa vai muito além do volume: cada exame envolve insumos adquiridos, equipamentos em funcionamento, profissionais qualificados e cadeias de serviços que se movimentam.

Um simples teste de sangue mobiliza fornecedores de reagentes, fabricantes de materiais de coleta, empresas de logística, energia, tecnologia da informação e até empresas de descarte seguro de resíduos.

O impacto econômico é concreto. Em 2024, o consumo de produtos e equipamentos médico-laboratoriais cresceu 11,5%. O uso de reagentes subiu 28,4% e as importações, 19,4%. São recursos que irrigam o mercado, geram empregos e sustentam empresas de diversos segmentos.

Além de ser parte essencial das demandas geradas pelo setor de Saúde, que responde por cerca de 10% do PIB brasileiro, a Medicina Diagnóstica é também um vetor de inovação. A busca por precisão, agilidade e confiabilidade estimula investimentos constantes da indústria nacional e internacional em novas tecnologias.

O setor ainda possui um ativo de grande valor, mas pouco visível: a informação. Cada exame gera dados clínicos que, quando integrados e compartilhados com segurança, podem transformar o cuidado no país.

Esse, aliás, é o princípio da interoperabilidade, assunto tão debatido em nossa área por evitar exames repetidos, reduzir desperdícios, acelerar diagnósticos e liberar recursos para atender mais pacientes. Na prática, interoperabilidade é eficiência — e eficiência significa economia.

Toda essa engrenagem também está conectada a outro tema que dialoga diretamente com o impacto econômico do setor: a sustentabilidade.

Quando reduzimos o uso de filmes e papéis em exames de imagem e migramos para formatos digitais, estamos diminuindo nosso impacto ambiental e impulsionando um novo mercado de soluções sustentáveis. Isso envolve fornecedores de tecnologia, empresas de armazenamento seguro em nuvem, softwares de visualização, equipamentos de digitalização e serviços de descarte adequado.

Ou seja, até na busca por práticas ambientalmente responsáveis, a Medicina Diagnóstica continua sendo uma grande compradora, geradora de serviços e um setor que impulsiona a inovação. Um movimento que cria uma cadeia de valor que une eficiência operacional, responsabilidade ecológica e dinamismo econômico.

É por isso que defendo que a Medicina Diagnóstica seja vista e tratada como um pilar econômico e social do Brasil. Investir no nosso setor não é gasto — é estratégia. Cada real aplicado em diagnóstico de qualidade significa decisões clínicas mais assertivas, tratamentos mais eficazes, menos desperdício de recursos e mais vidas salvas.

O desafio agora é consolidar essa visão na formulação de políticas públicas, na regulação e no próprio planejamento das empresas.

Precisamos garantir um ambiente sustentável para que o setor continue crescendo, inovando e integrando a saúde do país. Porque fortalecer a Medicina Diagnóstica não é apenas cuidar melhor das pessoas — é fortalecer o Brasil.

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