Primeiro Congresso Nacional de Executivos da Saúde discutiu transformação do sistema de saúde

Primeiro Congresso Nacional de Executivos da Saúde discutiu transformação do sistema de saúde

Evento tratou de como o trabalho colaborativo entre players pode evitar colapso no sistema de saúde

16 de outubro de 2019

“O novo executivo da saúde: lideranças para evitar o colapso” foi tema de debate do Congresso Nacional de Executivos da Saúde (CONEXs). O evento, realizado pelo Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXs) no dia 15 de outubro, em São Paulo, contou com a presença do presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik; de membros do Conselho, Lídia Abdlala e Claudia Cohn; e da diretora executiva da entidade, Priscilla Franklim Martins.

“Temos aqui mais uma oportunidade de unir integrantes de toda a cadeia da saúde, em prol da discussão de soluções possíveis que possam transformar nosso sistema de saúde e a Abramed não poderia deixar de participar deste momento”, salientou Shcolnik durante o evento.

O aumento das despesas com tratamentos de saúde, os modelos de remuneração, o uso da tecnologia e as divergências, os prós e os contras do Sistema Único de Saúde (SUS) e do setor privado foram alguns dos temas abordados no debate “Colapso, fato ou narrativa”, que teve a participação de Claudia Cohn na discussão. Para ela, que também é conselheira do CBEXs, a forma mais adequada de evitar o colapso e transformar essa narrativa também é “partir para a prática”. “Existem prioridades, e colaboração é o primeiro ponto. Precisamos deixar de olhar cada um para o seu umbigo. O setor caminhou nesse sentido, mas está longe do que precisa”, completando que, além da colaboração, é preciso que haja integração. “A jornada do paciente não é a hora em que ele está no hospital ou no laboratório. É quando ele acorda”, destacando a importância de modelos e processos que tratem de prevenção. “Temos que cuidar da saúde, e não da doença”, explicou.

Junto a ela nesta discussão estiveram o CEO da Amil, Daniel Coudry, o diretor-presidente da Central Nacional da Unimed, Alexandre Ruschi e a professora da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Lígia Bahia.

Para Coudry, a área da saúde vive um momento de completa reinvenção, focado em empoderamento de pacientes, direitos e deveres. “Olham muito para os direitos e pouco para os deveres. O avanço concreto depende do alinhamento entre os players. É preciso olhar para o coletivo; o direito coletivo tem que prevalecer sobre o individual. Precisamos de um desenvolvimento colaborativo”, defendeu. 

Alinhado a esse discurso, Alexandre Ruschi, afirmou que a evolução da saúde privada precisa sair do campo teórico para o prático. “Não há dúvidas do grande avanço que foi o SUS, mas a sociedade brasileira não soube cobrar e orientar o sistema público de saúde”, lamentando o contingenciamento de recursos públicos que a saúde sofreu nos últimos anos. Crítica do atual modelo assistencial, Lígia Bahia exigiu mais transparência em termos de atuação e em relação a projetos de lei sobre o tema que tramitam no Congresso de maneira secreta. Ela lembrou ainda que há casos de gestão eficiente e ineficiente tanto no SUS quanto nas instituições privadas. “Nós queremos que esse momento seja olhado com responsabilidade. Não adianta dizer que o médico é o corrupto. Existem outras soluções mais inteligentes do que acusar os médicos de conluios”, concluiu.

AUTORIDADES ESTIVERAM PRESENTES NA ABERTURA 

A abertura do Conexs recebeu autoridades da esfera governamental e regulatória. Entre os temas citados na cerimônia e de forma geral abordados ao longo do dia estiveram os desafios para com o envelhecimento da população, financiamento, modelo de gestão e legislação do segmento, além da formação de profissionais da área e da inteligência artificial, com tecnologias para teleatendimento e medicina remota.

O diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Fonseca, destacou a importância de iniciativas que incentivem a troca de ideias em um dos setores mais pujantes da economia. “Somos responsáveis por 9% do PIB e empregamos mais que a construção. A ANS está com a agenda e o diálogo abertos sobre proteção regulatória. Estamos dispostos a ouvir críticas, sugestões e participar do debate. Todo líder deve estar aberto a isso”, pontuou.

“Temos projetos de inteligência artificial pensando em mudar a realidade deste país, mas esse é um desafio de todos nós”, afirmou o secretário de Assistência Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo, que destacou avanços no aumento de vagas de emergência e na redução de custos dos hospitais que adotaram a metodologia lean de gestão. “Já são 60 hospitais e estamos indo para cem nos próximos meses”, contabilizou. 

Em nível estadual, o secretário de Saúde de São Paulo, José Henrique Germann, destacou mazelas e êxitos da saúde paulista, como o número dos casos de dengue e sarampo entre os problemas e os avanços conquistados no diagnóstico de melanomas por meio do projeto de teledermato desenvolvido em Catanduva, no interior do estado. Germann criticou ainda a divisão de despesas entre as três esferas públicas. “Há distorção, porque o município traz sob sua responsabilidade 30% dos gastos com saúde. A discussão da divisão de gestão municipal, estadual e federal pode trazer evolução para área da saúde”, disse. 

Para ajudar na solução desse e de outros impasses, o deputado federal Pedro Westiphalem (PP-RS), destacou a importância das reformas políticas. “Temos obrigação de superar as ideologias e usar a razão, cumprir a agenda e a pauta econômica. A reforma tributária nos atinge diretamente. É importante que as reformas sejam feitas”, lembrou o deputado, que é ginecologista e cirurgião vascular e representou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM- RJ).

O Conexs contou ainda com as apresentações de nomes interacionais, como do global chairman da KPMG International, Mark Britnell e do presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço.

“Um desafio que enfrentamos diariamente em nosso setor é a oportunidade de diálogo entre todos os players, e um evento como esse, que coloca todo mundo para falar, torna-se um ambiente de fomento à saúde, aos debates e que reúne, oportunamente, os líderes de agora e do futuro”, reforça Priscilla, diretora executiva da Abramed. 

De acordo com o presidente do CBEXs, Francisco Balestrin, o congresso integrou pessoas que compartilham o mesmo propósito, de servir e liderar mudanças em prol de uma saúde melhor. “São homens e mulheres com larga força de serviços prestados ao setor público e empresarial no mundo e no Brasil”.

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