Marcelo Agostinho,
Diretor de Vendas, Marketing e Acesso ao Mercado, fala sobre desafios, ajustes e
perspectivas
Líder global em diagnóstico in
vitro, a bioMérieux é parceira da Abramed – Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica. Em entrevista exclusiva para o Abramed em Foco, o Diretor de
Vendas, Marketing e Acesso ao Mercado, Marcelo Agostinho, fala como a empresa
enfrentou – e se ajustou – à pandemia de Covid-19, sempre buscando entender a
dinâmica de seus clientes e o mais importante: sem fazer backorder. Segundo
ele, mesmo em um cenário de crise, se pôde atender com satisfação, sem ruptura
ou qualquer falta de itens ou insumos. E mais: a perspectiva é de crescimento.
Confira o bate-papo na integra.
Abramed em Foco – Quais foram os
principais desafios da bioMérieux ao longo
da pandemia
de Covid-19? E como a empresa atuou para vencê-los?
Marcelo Agostinho – Tivemos
alguns desafios. O primeiro foi como gerenciar as pessoas, os funcionários num
momento tão crítico e delicado, onde não tínhamos a perspectiva da realidade do
futuro. De alocar as pessoas em casa e manter toda a rotina e o processo. Foi
um grande desafio não só para a bioMérieux, mas para o mercado como um todo, de
continuar atendendo aos clientes com as nossas soluções. O segundo desafio foi
atender a nova dinâmica, como se daria a realidade da microbiologia e como
poderíamos continuar suportando nossos clientes para atender as necessidades
especificas desse período. Esses foram os dois pontos mais críticos, que,
obviamente, nós, posteriormente, verificamos que tanto o cuidado dos nossos
funcionários que ficaram em home office até esse mês de novembro – quando
voltamos à rotina normal, foi uma decisão acertada, porque conseguimos
preservar as pessoas e também manter toda rotina de operação. Em relação aos
nossos clientes, conseguimos entender a dinâmica e suportá-la nas suas
necessidades para atender a comunidade cientifica e os pacientes da melhor
forma possível.
Abramed em Foco – Muitas
empresas de diagnóstico tiveram de mudar seus cardápios de exames para
reequilibrar as atividades. Aconteceu o mesmo na indústria?
Marcelo Agostinho – Nós temos
soluções que fomos desenvolvendo para Covid-19 tanto em sorologia quanto o
nosso PCR sindrômico, que não somente contribuiu no primeiro momento, quando
não havia ainda os testes para detecção do novo coronavírus, onde ele foi,
inclusive, protocolo de alguns grandes clientes, para fazer uma varredura do
paciente de múltiplas possibilidades de patógenos e se de fato desse tudo
negativo, se utilizava a possibilidade mais assertiva que poderia ser Covid-19.
Suportamos os nossos clientes dessa seguinte forma e posteriormente com estas
soluções fomos nos adaptando e atendendo a demanda.
Como foi longo período pandêmico,
quase dois anos, obviamente que a dinâmica de mercado foi se ajustando e o que
fizemos foi sempre estar atento, conversando, orientando e discutindo com os clientes
para entender a dinâmica diária ou mensal e atender com as soluções que temos, sem
fazer backorder. Essa foi a dinâmica com a qual conseguimos atender com
uma grande satisfação, porque não tivemos ruptura ou qualquer falta de itens ou
insumos por conta da pandemia.
Abramed em Foco – A pandemia impactou
negativamente os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação? Ou
mesmo diante da crise os projetos conseguiram avançar?
Marcelo Agostinho – Todo o mercado se
voltou a entregar soluções e atender a uma necessidade latente na comunidade
científica e do mercado de saúde como um todo. Pesquisa & Desenvolvimento,
na verdade, não foi um segmento afetado, mas foi norteado para trazer soluções
o mais rápido possível para contribuir com a saúde pública. Eu acho que todas
as empresas de diagnóstico e as ‘farmas’ trabalharam neste propósito de correr
com uma solução para atender a uma necessidade e isso não foi diferente com a bioMérieux, que também
trabalhou na possibilidade de, mais rapidamente, trazer testes que poderiam
suportar a comunidade científica na sua tomada de decisão naquele momento que
era mais crítico, então de certa forma nós fomos atuando para trazer soluções
adequadas a uma necessidade latente do mercado.
Abramed em Foco – A medicina
diagnóstica brasileira vem batalhando para ampliar o acesso aos exames. E
sabemos que a tecnologia tem papel fundamental nessas estratégias. Quais os obstáculos,
em sua perspectiva, para que consigamos aplicar a tecnologia na expansão do
setor?
Marcelo Agostinho – Isso é um grande
desafio para todas as empresas, trazer à luz tanto ao Ministério da Saúde quanto
ao segmento privado que o diagnóstico é fundamental no direcionamento e na
tratativa desse paciente. O diagnóstico precoce, assertivo, que possa orientar
a comunidade científica tem grande valia e grande poder no Impacto no
tratamento do paciente e, obviamente, na possibilidade de redução de custos
desse tratamento. Acho que esse eixo de duas variáveis é fundamental, porque a
perspectiva que o diagnóstico pode trazer para o mercado é contribuir numa
redução de custos dá para uma orientação precoce, no direcionamento do
tratamento, e esse paciente ter a remissão da sua doença em um breve espaço de
tempo. Esse é o grande desafio que, de fato, com as novas tecnologias vai ser
transformador e o diagnóstico sendo realmente protagonista nesse processo de
atendimento ao paciente.
Abramed em Foco – O setor de
medicina diagnóstica tem falado muito sobre integração diagnóstica, ou seja, a
utilização de resultados de diferentes exames para a melhor tomada de decisão.
Como a indústria tem atuado, quais os segmentos que são mais promissores quando
pensamos nessa integração?
Marcelo Agostinho – Acho que essa
integração na verdade se dá em todas as esferas. Nós ainda discutimos bastante
que, muitas vezes, no próprio hospital tem os silos – departamentos que
trabalham de forma isolada -, com seus orçamentos, com seus budgets e acredito
que a microbiologia onde atuamos fortemente é fundamental nessa integração
entre CCH – Hospital de Cuidado Contínuo, farmácia, infectologistas,
intensivistas e laboratório no tratamento do paciente, não somente na questão
das doenças infecciosas, mas também na orientação de um todo, de um olhar
centrado, com paciente no centro desse processo. Quando falamos do futuro da
septicemia – ou sepse, condição de resposta exagerada a uma infecção no corpo,
seja por bactérias, fungos ou vírus, que acaba causando disfunção orgânica, ou
seja, que dificulta o normal funcionamento do corpo –, por exemplo, obviamente
que o gerenciamento de antibióticos Stewardship Program vai passar por essa
integração que o laboratório possa fazer como um elo muito importante na gestão.
A medicina tem que ser cada vez mais integrativa e que todos os olhares são
fundamentais para um direcionamento mais assertivo desse paciente.
Abramed em Foco – Quais as
perspectivas da bioMérieux para o pós-pandemia no Brasil? Há potencial
para crescimento?
Marcelo Agostinho – A nossa
perspectiva é de crescimento no geral. Nós temos uma concepção de trazer uma
abordagem de uma solução que a bioMérieux de fato é uma empresa, dentro do
segmento de microbiologia, que tem uma solução ampla, um portifólio de produtos
que vai atender aos médicos de uma forma extremamente efetiva, através dos
laboratórios de análises clínicas. Nós falamos muito em resposta rápida, com
informação rápida para o sistema de saúde.
Abramed em Foco – Como enxerga a
atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como
parceira para melhoria do setor?
Marcelo Agostinho – Acredito que a Abramed é fundamental como
uma associação que levanta a bandeira de que o diagnóstico é um processo
fundamental no ciclo de cuidado do paciente e como uma entidade de classe, com
a sua representatividade, ser atuante entre os órgãos competentes, os tomadores
de decisões, quer sejam da esfera política ou da esfera empresarial, promovendo
um grande diálogo. O papel da instituição é tentar gerenciar todos os
stakeholders, todos os agentes em um único propósito, entendendo toda a cadeia
produtiva de valor e trazendo uma solução cada vez mais prospectiva para o
segmento de saúde.