Summit Abramed debate Medicina Diagnóstica na Gestão da Saúde

Summit Abramed debate Medicina Diagnóstica na Gestão da Saúde

Durante a Hospitalar 2022, entidade reuniu especialistas para contextualizar o papel do diagnóstico na gestão da saúde corporativa

Buscando firmar cada vez mais seu papel de protagonista não só na medicina diagnóstica, mas também na transformação do setor de saúde, a Abramed promoveu durante a Hospitalar 2022, no último dia 17 de maio, uma discussão sobre Gestão em Saúde. O segundo painel do Summit Abramed reuniu especialistas no tema, entre eles Ademar Paes Junior, sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed; Carlos Eduardo Santos Moreira, managing director na Quest Diagnostics do Brasil, Caribbean e South America; Leonardo Piovesan, diretor de Saúde Corporativa da Associação Brasileira de Profissionais de Recursos Humanos (ABPRH) e gestor de Saúde Corporativa do Hospital Oswaldo Cruz; e moderando o bate-papo a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

O objetivo da discussão foi contextualizar o papel que o diagnóstico e o uso consciente de exames desempenham na gestão de saúde corporativa, passando por outras questões, como a importância da criação de programas baseados em evidências, conhecimento a respeito da sua população, análise de dados e os impactos da pandemia. 

Segundo Milva Pagano, quando se fala sobre gestão da saúde, especialmente saúde corporativa, o ônus fica para as empresas responsáveis por subsidiar os planos de saúde para seus colaboradores. Atualmente, cerca de 67% das vidas cobertas pela saúde suplementar no Brasil estão inseridas em planos coletivos. 

“A conta acaba não fechando ao final do dia, seja pela elevação de sinistralidade, seja pelo desconhecimento do perfil de saúde da população. Desta forma, acaba ocorrendo um descontrole na utilização e não necessariamente esse uso é benéfico para a saúde das pessoas. Por isso, a importância da gestão de saúde”, enfatizou a diretora-executiva.

Carlos Eduardo, ressaltou que os programas que permitem comparar resultados ano a ano trazem consigo um entendimento não só sobre o que acontece com os colaboradores que fazem parte deles, como também dos contextos de saúde populacional.

Segundo o executivo, existem muitas situações nas quais os dados que as empresas possuem, como os relacionados à sinistralidade e ao volume de gastos, trazem informações bastante relevantes que podem mudar completamente a vida dos participantes e proporcionar economias expressas para todos os envolvidos – empresas, funcionários e operadoras de saúde. 

“No momento em que diversos aspectos são identificados com antecedência, o cenário muda de figura e isso se reflete em redução de custos com internações, inclusive em unidades de tratamento intensivo, e também com absenteísmo”, destaca. 

Os impactos positivos dos programas de gestão de saúde corporativa também foram ressaltados por Leonardo Piovesan. O executivo contou como a migração de um modelo mais tradicional para outro bastante inovador, colocando a prevenção e a promoção à saúde como protagonistas, com foco em atenção primária e voltado ao diagnóstico precoce, em especial de doenças crônicas, com envolvimento de um time multidisciplinar, que permite tratar de diferentes formas, pode fazer a diferença.

“Em nosso caso, começamos conhecendo a população através de dados, do diagnóstico da população e atuando na redução dos fatores de risco, como tabagismo e hipertensão, para contribuir para a melhora da saúde. A resolutividade nos ambulatórios é superior a 90%, trazendo retorno financeiro, reduzindo em 45% a taxa de absenteísmo, além de economizar com reajustes.”

A impossibilidade de atuar na gestão de saúde se não houver acesso aos dados e às informações, em estratificação e separação dos colaboradores em grupos de riscos, também foi um ponto apontado como importante pelos participantes do debate. Ademar Paes Junior, salientou que essa cultura de dados veio para ficar. No entanto, eles precisam ser usados de maneira inteligente para trazer benefícios aos pacientes. A interoperabilidade entre o sistema público e privado foi citada ainda pelo executivo como crucial nesse cenário. 

Além disso, os impactos da pandemia, que não só demandou maior inteligência de dados e de planejamento, como também impactou o acesso e a realização de exames diagnósticos foram enfatizados por Paes Junior. “É preciso tornar dados visualmente apresentáveis para poder, a partir disso, compreender um pouco melhor todo o cenário, tomar decisões e agir positivamente. Não há na história recente uma oportunidade maior de transformar o setor. Essa janela de oportunidade não pode ser desperdiçada. E já vemos as pessoas e os gestores mais conscientes e preocupados em conhecer como isso pode interferir na previsibilidade e no planejamento da empresa, das cidades e da sociedade”, complementa. 

A despeito de não poder ainda mensurar efetivamente o impacto do apagão do diagnóstico na gestão da saúde corporativa, a diretora-executiva da Abramed, acredita que ele certamente virá. E isso pode acontecer não só no que tange aos maiores problemas de saúde e ao agravamento de doenças crônicas que deixaram de ser acompanhadas, como também em custos. Isso, segundo ela, segue na contramão do paradigma de que o diagnóstico ofende o sistema de saúde na totalidade. Pelo contrário, se usado de maneira consciente e adequada e inserido nos programas de gestão de saúde corporativa, consegue mudar cenários.  

Paes Junior complementa que, economicamente, quem trabalha com gestão de saúde tem conhecimento de que os reajustes dos planos corporativos no Brasil estão acima da inflação. Esse cenário é de certa forma reflexo da recuperação do ritmo da realização de procedimentos diagnósticos, não só em volume como em complexidade, pois o atraso no acompanhamento e o descuido com a saúde durante a pandemia fizeram alguns pacientes chegarem em estado mais grave ao sistema de saúde. “Esse já é um sinal e uma consequência do período sem assistência e acesso aos exames diagnósticos”, explica. 

Já o executivo da Quest Diagnosis acredita que esse apagão do setor de diagnóstico levou as empresas a olharem mais para a saúde do colaborador e a entender a importância de ter mapeamento, enfatizando que as organizações que não tinham conhecimento dos dados ou nenhum programa estabelecido apresentaram dificuldades em monitorar seu quadro de colaboradores, trazendo um impacto negativo também. 

Sobre o uso especificamente de exames laboratoriais preditivos em saúde populacional, como exames genéticos, Piovesan trouxe sua percepção. “Ainda não estão sendo usados assertivamente os exames preditivos. Alguns grupos de pacientes com doenças raras na família ou que apresentam fatores de risco muito grandes são direcionados à testagem genética, mas ainda há oportunidades de expansão dessa utilização, pois, na prática, não acontece.”

No final da discussão, Milva concluiu que o cenário só deixa evidente que não se faz gestão populacional sem o respaldo do diagnóstico. “Sempre fui uma defensora da saúde corporativa e hoje enxergo a importância da medicina diagnóstica na gestão da saúde, desde que com a utilização consciente e adequada desse recurso. É isso que a Abramed defende e promove e é o que está sempre protagonizando a gestão da saúde”, finaliza a diretora-executiva. 


Além desse painel, o Summit Abramed colocou em pauta outros temas de grande relevância para o ecossistema de saúde que envolvem diretamente o setor de medicina diagnóstica. A abertura do evento foi feita pela diretora-executiva da entidade, Milva Pagano, e o primeiro painel discutiu “Inteligência Artificial e Proteção de Dados”.

Leia a cobertura do painel 1, Inteligência Artificial e Proteção de Dados

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