Cenário de infecções pelo novo coronavírus alavancou a importância do setor no combate aos surtos que rapidamente se espalham pelo mundo
07 de Abril de 2020
A pandemia do novo coronavirus, que teve início no final de 2019 na China e, até o fechamento desta matéria no dia 7 de abril, segundo informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), já tinha causado mais de 72 mil mortes no mundo, trouxe à tona importantes debates sobre o valor da medicina diagnóstica no controle de grandes surtos e sobre o uso racional de exames para garantia de atendimento à toda a população. Além disso, despertou discussões sobre a qualidade e aplicabilidade de diferentes metodologias diagnósticas.
Ao recomendar que as nações ampliassem seus
programas de diagnóstico testando o maior número possível de pessoas para
retardar o avanço da COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou a
importância dos exames para identificar pacientes contaminados e isolá-los,
interrompendo a cadeia de infecção.
Para o diagnóstico preciso – que também
envolve exames de imagem – é utilizado um método molecular conhecido como RT-PCR
(reação em cadeia da polimerase em tempo real). Exame de alta complexidade realizado
em laboratórios especializados, este teste é bastante confiável e, portanto,
gera resultados conclusivos. Para este exame os profissionais de saúde coletam
amostras de muco e saliva dos pacientes e, nessas amostras, identificam a
presença de material genético do vírus.
Com o número de casos crescendo
exponencialmente em todo o mundo e aumentando drasticamente a demanda pelos
exames, os países foram obrigados a gerir melhor seus estoques de insumos para
que os testes fossem utilizados de forma racional e, assim, pudessem atender da
melhor forma às necessidades populacionais.
Para tal, o Ministério da Saúde no Brasil
optou por direcionar os exames disponíveis aos pacientes mais críticos, fazendo
com que a decisão pela realização dos testes coubesse exclusivamente aos
médicos responsáveis por cada caso. Até por esse motivo, quando o país entrou
em transmissão comunitária, os testes que poderiam ser realizados em domicílio
por laboratórios privados foram limitados.
Fazendo a gestão da alta demanda por exames
e prezando pela manutenção dos serviços, a Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed) esteve em contato direto com a Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando liberação imediata de insumos para
exames de diagnóstico do novo coronavírus. “A criação de um canal direto de
comunicação entre as entidades permite que os materiais cheguem com mais
agilidade aos laboratórios”, comenta Priscilla Franklim Martins,
diretora-executiva da Associação.
Com o ofício encaminhado à Anvisa, a
entidade trabalhou pela desburocratização da importação dos materiais,
solicitando que os insumos importados fossem enquadrados na categoria
prioritária das petições de registro. Contribuindo para a sustentabilidade da
medicina diagnóstica durante a pandemia, a Abramed também assinou, ao lado de
outras diversas entidades do setor, um documento denunciando a alta dos preços
dos insumos. O objetivo da ação foi pedir atenção do governo para monitoramento
e combate aos aumentos abusivos.
Foco em qualidade – Mesmo diante da alta demanda, o setor de diagnósticos no Brasil se
mostrou extremamente preocupado com a qualidade dos exames que estão sendo
realizados diariamente no país. Para suprir a necessidade de testar o maior
número possível de pessoas, surgiram os testes rápidos.
Fabricados em território nacional ou
importados, esses testes se baseiam nos anticorpos produzidos pelo organismo do
paciente, o que amplia a chance de darem falsos negativos. “Caso a pessoa
comece hoje a apresentar tosse e febre, o teste rápido dará negativo mesmo que
ela esteja com COVID-19, pois o corpo somente começa a produzir anticorpos de 7
a 10 dias após o início os sintomas”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho
de Administração da Abramed. Segundo o executivo, o grande problema deste
resultado impreciso está na falsa e perigosa sensação de segurança.
Sem abrir mão do RT-PCR para verificar os
resultados negativos, os testes rápidos são válidos para avaliar o retorno ao
trabalho de profissionais de saúde, desde que a testagem ocorra no mínimo sete
dias após o início dos sintomas, e como primeira opção para diagnóstico de
pacientes hospitalizados já com quadro tardio. Dessa forma, são auxiliares
durante a pandemia desde que sejam aplicados da forma mais prudente e adequada.
Em curso, a pandemia movimenta a saúde
diariamente com uma grande quantidade de informações provenientes de sociedades
científicas, estudos e novidades que visam reduzir o impacto do novo
coronavírus na sociedade moderna. E a medicina diagnóstica é parte fundamental
de todos os processos, auxiliando inclusive na elaboração de possíveis
tratamentos.