Em webinar promovido pelo CBEXs, Wilson Shcolnik reforçou ações da medicina diagnóstica
08 de Abril de 2020
Convidado pelo Colégio Brasileiro de
Executivos da Saúde (CBEXs) para tratar das estratégias da medicina diagnóstica
brasileira no combate ao novo coronavírus em um webinar que reuniu líderes da
saúde nacional, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação
Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), reforçou o protagonismo do setor
e o envolvimento de todos os players durante a pandemia.
Realizado na noite de 7 de abril, o
encontro coordenado por Francisco Balestrin, presidente do Conselho de Administração
do CBEXs também recebeu Mauro Guimarães Junqueira, secretário-executivo do Conselho
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), e Cláudio Lottenberg, presidente
do Conselho Deliberativo da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert
Einstein.
Em sua apresentação inicial, Shcolnik fez
uma avaliação do atual cenário: “Podemos afirmar que é um grande desafio para o
setor, pois ninguém no mundo estava realmente preparado para enfrentar essa
crise. Tivemos que organizar nossas infraestruturas e nossos fluxos de
atendimento, buscar insumos em território nacional e no mercado internacional,
e trabalhar a comunicação tanto com as comunidades médicas quanto com a
sociedade”.
O presidente aproveitou a oportunidade para
enfatizar o reconhecimento da relevância dos exames diagnósticos em momentos de
crises de saúde. “Os laboratórios clínicos ganharam destaque e os testes estão
sendo muito valorizados”, disse.
Entre os fatores que alavancam o
protagonismo do setor de diagnóstico estão o fato de que o exame molecular RT-PCR
(reação em cadeia da polimerase em tempo real) é o padrão ouro para detecção do
novo coronavírus e de que os recursos laboratoriais são indispensáveis para
checar a imunidade de profissionais de saúde que tiveram contato com o vírus,
considerando seu retorno ao trabalho. “Em outros países 20% dos profissionais
de saúde foram infectados. Esperamos um percentual semelhante no Brasil e
precisaremos desses exames para avaliar nosso impacto”, esclareceu Shcolnik.
Na sequência, em uma fase posterior da
pandemia, a medicina diagnóstica se fará mais uma vez indispensável para checar
a imunidade de rebanho, quando mais de 65% da sociedade já se contaminou
tornando-se, assim, resistente por conta de sua memória imunológica e
acarretando no encerramento do ciclo de disseminação do patógeno.
Reafirmando a observação de Shcolnik de que
os exames surgiram, nesta pandemia, como peça fundamental do quebra-cabeça,
Balestrin trouxe à tona um posicionamento relevante sobre importância dos
exames mesmo com resultados negativos, algo que vem sendo questionado no âmbito
da saúde preventiva. “Muitas vezes as pessoas acreditam que o resultado
negativo é desperdício. Mas, na situação que estamos vivendo, vemos que esse
resultado, quando negativo, nos diz muito”, declarou.
Parceria com o setor público
O presidente da Abramed também mencionou a
atuação da entidade junto ao setor público contribuindo para o maior controle
da COVID-19 no país. Citou a construção de um canal de comunicação direto entre
os laboratórios privados e a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da
Saúde para notificação rápida dos resultados dos exames para diagnóstico da
infecção pelo novo coronavírus; e um projeto elaborado junto a outras entidades
do setor que auxiliará na validação dos exames de diagnóstico disponíveis no
mercado nacional focado em checar a confiabilidade dos métodos e garantir a
segurança da população.
Isolamento Social
O webinar também trouxe as perspectivas dos
hospitais, na visão de Cláudio Lottenberg, e um parecer das Secretarias Municipais
de Saúde pela apresentação de Mauro Junqueira. Reconhecendo que a união de
esforços é importante para que o país enfrente a crise da maneira menos nociva
possível, a importância do isolamento social foi pauta constante do debate.
Junqueira mencionou que desde os primeiros
casos de COVID-19 identificados no país o Ministério da Saúde provocou
discussões com governadores e prefeitos sobre a relevância do isolamento social
pra achatar a curva de disseminação da doença no país, permitindo, assim, que
todas as regiões pudessem se preparar disponibilizando novos leitos tanto clínicos
quanto de UTI. “É nisso que estamos trabalhando no momento”, comentou.
O executivo também respondeu à pergunta
mais comum na sociedade: quando vamos sair do isolamento? Para ele, somente
sairemos quando tivermos todos os insumos disponíveis, entre eles os
equipamentos de proteção individual e os de diagnóstico, e leitos preparados e
suficientes para atender toda a demanda.
Para Wilson Shcolnik, as evidências mostram
que as decisões tomadas pelo Brasil surtiram efeitos positivos para retardar a
transmissão garantindo tempo para a montagem e preparo das estruturas
hospitalares. “Tenho bastante confiança no que está sendo feito pelo Ministério
da Saúde”, disse.
Lottenberg reforçou que apesar da taxa de
letalidade do novo coronavírus ser baixa, a alta capacidade de transmissão o
transforma em um grande inimigo de todo e qualquer sistema de saúde no mundo.
“É um vírus que acomete, simultaneamente, uma parcela significativa da
população, sobrecarregando o sistema”, declarou. Segundo ele, não se trata de
uma dificuldade exclusivamente brasileira ou dos países em desenvolvimento.
“Temos, no Brasil, 25 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes. Os EUA têm 38
leitos para cada 100 mil habitantes e, por lá, a situação também não é
sustentável”, explicou.
Todos também concordaram que a
telemedicina, que foi autorizada como forma de facilitar o atendimento
populacional durante a pandemia, ganhará reconhecimento após o surto.