Especialistas estiveram reunidos em webinar realizado pela Roche Diagnóstica Brasil para tratar da relevância dos exames durante a crise de COVID-19
3 de junho de 2020
Promovido pela Roche Diagnóstica Brasil e dedicado a
jornalistas e profissionais de comunicação, o webinar “A Tecnologia por trás
dos testes de COVID-19” reuniu, na tarde de 3 de junho, especialistas para
falar sobre a importância do diagnóstico seguro durante a pandemia de COVID-19.
Com Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação
Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed); Gonzalo Vecina, sanitarista, ex-presidente
da Anvisa e ex-secretário municipal de Saúde; e Antonio Vergara e Micha
Nussbaun, respectivamente presidente e diretor de Valor Médico e Acesso da
Roche Diagnóstica Brasil; o encontro virtual promoveu um debate didático sobre
as diversas perspectivas dos testes disponíveis para diagnóstico da infecção
pelo novo coronavírus.
Moderado pelo jornalista especializado em saúde, Andre
Biernath, o webinar foi iniciado com uma fala de Vergara sobre o valor do
diagnóstico e a importância da qualidade em um momento de pandemia. “A testagem
para COVID-19 é extremamente importante, bem como é imprescindível contar com
um laboratório de qualidade, seguir os protocolos dos exames, entender qual
tipo de teste deve ser realizado em cada etapa e prezar pela segurança desses
procedimentos”, declarou.
Depois de Nussbaun explicar as diferenças entre o teste molecular
RT-PCR, considerado o padrão ouro para diagnóstico da infecção na fase aguda da
doença, e os testes sorológicos, capazes de identificar os anticorpos em
amostras sanguíneas dos pacientes, Shcolnik destacou que os testes de
anticorpos serão importantes em uma segunda fase para que o país possa entender
a extensão da epidemia em seu território.
“Sabemos que existem preocupações econômicas e estamos vivenciando
as notícias da retomada, então será muito importante termos real compreensão de
qual parcela da população já foi exposta ao patógeno”, comentou o presidente da
Abramed que reforçou que essas respostas serão ainda mais confiáveis quando
obtidas pelos exames convencionais, realizados nos laboratórios, em ambientes
controlados que seguem as boas práticas, contam com técnicos qualificados e
utilizam dispositivos validados. “Assim, teremos uma quantificação dos
anticorpos e poderemos prover uma solução em escala”, completou.
Ao falar em qualidade dos exames, Nussbaun reforçou a
importância da especificidade dos kits nos resultados positivos e da
sensibilidade deles em caso de resultados negativos: “quando faço o teste,
preciso ter certeza de que aquele resultado é exato. Um teste que gera dúvidas
não agrega”.
Valorização do diagnóstico e logística afetada
Gonzalo Vecina foi prático ao afirmar que antigamente os
laboratórios eram comprovadores de uma hipótese diagnóstica, mas que, agora,
diante da COVID-19, são o único caminho possível para dizer se o paciente está
ou não contaminado e se poderá desenvolver a doença. “Temos que testar muito
para que possamos identificar os contaminantes e, na sequência, testar as
pessoas que tiveram contato com esse indivíduo para isolar o maior número
possível de diagnósticos positivos. Não basta, inclusive, testarmos apenas os
sintomáticos. Precisamos lembrar que 40% das pessoas infectadas são
assintomáticas. E que esses assintomáticos também transmitem a doença”,
declarou.
Garantir maior capacidade de testagem em todo o território
nacional tem sido um dos desafios do Brasil durante a pandemia, e a crise
trouxe empecilhos logísticos, como mencionado por Shcolnik. “As companhias
aéreas foram as primeiras vítimas da crise. Com a falta de passageiros para
viabilizar voos, encontramos problemas para transportar as amostras entre as
regiões, o que se tornou um fator crítico”, disse. O executivo também mencionou
que a Abramed chegou a contatar o Ministério da Infraestrutura para destravar
essa questão.
Outras doenças durante a COVID-19 e uso racional de
exames
Tema do último webinar promovido pela Abramed (clique AQUI
para acessar), o impacto das outras doenças durante a pandemia de COVID-19
também foi abordado neste encontro realizado pela Roche. Sobre esse assunto,
Vecina reforçou a necessidade de o sistema de saúde retomar a assistência
principalmente a pacientes crônicos.
“Nos EUA já vimos aumento de 30% nas mortes de cardiopatas
em casa que, com medo do novo coronavírus, não buscaram atendimento”, disse
enfatizando que todos estão cientes que as intervenções que exigem internação
ainda estarão prejudicadas devido à ocupação dos leitos para casos de COVID-19,
mas que outros atendimentos como atividades ambulatoriais, consultas, exames e
tratamentos precisam ocorrer.
Ao relembrar que o sistema de saúde não deve entender o
diagnóstico como alta despesa ou desperdício, Shcolnik disse: “Um atraso no
diagnóstico pode atrasar um tratamento e até mesmo uma alta hospitalar, visto
que muitos médicos aguardam resultados de exames para então liberar os
pacientes”. Para o executivo, o uso racional de exames é prioridade, até por
isso a Abramed é apoiadora da iniciativa Choosing Wisely. “Temos que fazer as
escolhas certas para não desperdiçar recursos, promovendo um exame bem
indicado, no momento certo, para o paciente certo”, complementou.
Inovação e pesquisa
No Brasil, conforme mencionado por Shcolnik, os laboratórios
privados foram imprescindíveis atuando de forma prioritária logo no começo da
pandemia para confeccionar, in house, os exames de RT-PCR que ainda não
eram comercializados pela indústria. Esse pioneirismo somado à rápida ação do
setor privado foi fundamental para que os testes pudessem ser iniciados o
quanto antes. Na sequência, com o fornecimento da indústria, esses laboratórios
passaram a processar os exames focando, inclusive, na ampliação de suas
capacidades.
Na Roche, a inovação também é frequente. Tanto que, segundo
Vergara, a empresa dedica 20% de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento.
“O que representa mais de 11 bilhões de francos suíços ao ano”, completou.
Informação clara para a sociedade
A moderação de André Biernath foi muito importante para que
os temas mais complexos fossem “traduzidos” de uma forma compreensível para a
maior parte da população. Ao pedir explicações sobre termos técnicos como, por
exemplo, a eletroquimioluminescência – método diagnóstico apontado tanto pelos
especialistas da Roche quanto por Shcolnik como um dos sistemas com melhor
desempenho para a COVID-19 – , o jornalista proporcionou um maior entendimento
do público que acompanhou o webinar.
Durante toda a apresentação, os participantes se mostraram
abertos a discorrer, de forma clara e facilitada, sobre o atual cenário de
diagnóstico na pandemia, sempre priorizando a informação de que a segurança da
população está diretamente atrelada à realização adequadas de testes validados
e com eficácia e qualidade comprovadas.
Ao encerrar, inclusive, Vergara reforçou a importância dos
jornalistas e profissionais de comunicação na conscientização da população
quanto a necessidade de exigir exames de qualidade para diagnostico da
COVID-19. “A população tem que pensar nisso para garantir a própria saúde”,
declarou.