Startups do setor de saúde passam a tomar grande importância na oferta do serviço centrado no paciente
Agosto de 2019
Saúde é um dos principais temas em debate no Brasil, onde cerca de 75% da população tem o Sistema Único de Saúde (SUS) como única alternativa de atendimento. Embora seja considerado um sistema de referência no mundo, segundo o Banco Mundial, o SUS sofre com problemas de administração e limitações de orçamento e recursos. Além da grande demanda, outro problema sério que aflige a área de atenção básica de saúde, que também sofre com as limitações do SUS.
A tecnologia e, principalmente, as startups têm atuado como grandes aliadas na mudança desse quadro. Atualmente, existem mais de 4.200 startups cadastradas na base de dados da Associação Brasileira de Startups. Destas, 6% são focadas em saúde. Com a introdução de análise de dados, inteligência artificial e aprendizado de máquinas, as chamadas healthtechs desenvolvem dispositivos e soluções para mudar algumas práticas, bem como fortalecer e estimular negócios que possam solucionar os problemas do setor.
Foi pensando nesse contexto de transformação que o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), realizado pela Abramed traz em sua quarta edição um debate sobre o tema, com a participação de importantes executivos do setor de saúde e a apresentação de três healthtechs que, com suas soluções inovadoras, estão melhorando e contribuindo para o desenvolvimento do setor.
Uma delas é a GlucoGear, startup que criou uma solução de inteligência artificial para controle do diabetes. Segundo seu fundador e CEO, Yuri Matsumoto, a empresa é fruto da vontade de criar inovações disruptivas no setor de saúde. “O objetivo é empoderar pacientes com diabetes, melhorando a qualidade de vida e os resultados clínicos, bem como reduzindo custos para o sistema de saúde, enquanto facilita as análises e decisões clínicas para o médico”, explica.
Segundo Matsumoto, a GlucoGear está desenvolvendo soluções de inteligência artificial para transformar a terapia insulínica no mundo. “A partir de quatro pilares de dados, incluindo histórico de glicemia, alimentação, doses de insulina e atividade física, conseguimos treinar uma inteligência artificial para prever a curva glicêmica futura de um indivíduo, de forma personalizada e sem necessidade de configurações de parâmetros pelo médico ou paciente”, relata.
Para Luiz Felipe Oliveira, CEO da Neoprospecta, segunda startup a se apresentar no FILIS, as healthtechs estão conseguindo acelerar as mudanças tecnológicas e de modelos de negócios no setor de saúde. “Para as empresas tradicionais, questões como tamanho da operação, custo e risco dificultam a oferta de inovação. Historicamente, acredito que nunca esteve tão fácil para uma healthtech colocar sua tecnologia no mercado e fazer parcerias com grandes empresas no setor. Acho que estamos vivendo um momento de mudança e abertura sem precedentes.”
A Neoprospecta tem uma spinoff (quando de uma empresa nasce outra) chamada BiomeHub, cujo principal objetivo é impactar positivamente o setor de diagnóstico por meio da utilização tecnologias de sequenciamento de DNA em larga escala e bioinformática, para análise do microbioma humano e infecções de difícil diagnóstico.
A terceira healthtech é a CUCOhealth, um aplicativo de lembretes de medicamentos com usuários no Brasil, na América Latina e nos Estados Unidos. Filha de médico, Lívia Cunha, CEO da startup, sempre se incomodou com o acompanhamento dos tratamentos médicos e viu uma oportunidade de negócios na melhoria desse serviço. “Constantemente eles sentiam-se sozinhos e não conseguiam seguir as recomendações dos médicos, o que acabava causando problemas que poderiam ser evitados com a adesão correta ao tratamento”, diz a CEO e fundadora da marca.
Depois de entender que o produto resolvia a dor da não adesão aos medicamentos, a CUCOhealth percebeu que, para focar na geração de valor da cadeia de saúde, precisaria envolver outros stakeholders no processo, como hospitais, operadoras, médicos e equipes de saúde responsáveis pelo cuidado do paciente. Foi então realizado um projeto no HCor com pacientes cardiopatas. “A CUCOhealth e a equipe do hospital aumentaram a adesão dos pacientes cardiopatas congênitos de 40% para 79%”, pontua.
Atualmente a empresa fica localizada em São Paulo, possui um modelo de negócios B2B2C e atende a hospitais e farmacêuticas. “Conseguimos entender que, para gerar valor no mercado de saúde, é preciso unir elos distintos e, por meio de uma inovação em processo, construímos um produto que une médicos, pacientes, farmácias e farmacêuticas”, afirma Lívia.
Sobre o FILIS 2019
As healthtechs GlucoGear, CUCOhealth e a BiomeHub participarão do 4º FILIS (Fórum Internacional de Lideranças de Saúde), promovido pela Abramed. O painel “Healthtechs: transformando o acesso à saúde”, que integra o segundo módulo, refletirá sobre o impacto da inovação em saúde ao falar sobre o advento das startups que surgem no setor.
O evento já faz parte da agenda das lideranças da saúde, reunindo, além de CEOs, presidentes e diretores, gestores, especialistas e influenciadores diretos na tomada de decisão.
Neste ano, com o tema “As transformações do setor sob um novo olhar”, o fórum discutirá assuntos que envolvem desde questões regulatórias, passando por inovação, valor da medicina diagnóstica dentro do ciclo de cuidados do paciente até futuro da saúde.
SERVIÇO:
4º FILIS (Fórum Internacional de Lideranças de Saúde)
30 de agosto, das 8h30 às 17h30
Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropé, 88 – Pinheiros