Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, participou do Programa Gente que Fala, na Rádio Trianon (740 AM kHz)
27 de julho de 2020
Uma das fortes atuações da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) durante a pandemia do novo coronavírus é levar informações esclarecedoras para a população, principalmente no que diz respeito às diferenças entre os tipos de testes para diagnóstico da COVID-19 e quais suas melhores aplicações. No dia 23 de julho, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade, foi um dos convidados do Programa Gente que Fala, transmitido pela Rádio Trianon, de São Paulo. Na ocasião, o executivo teve a oportunidade de abordar a inclusão desses exames no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde. Também participaram Jandaraci Araújo, professora e empresária; Júlio Marcelo de Oliveira, procurador de contas do TCU; e a advogada Melissa Abramovici Pilotto.
Entre uma amplitude de temas debatidos durante o programa, o
apresentador e jornalista Mauro Frysman, que comanda a atração, abordou o
recente debate sobre a necessidade de os planos de saúde cobrirem exames
sorológicos para identificação de indivíduos expostos ao novo coronavírus. “No
dia 16 de julho a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) derrubou a
liminar que incluía esses testes no rol, alegando que eles apresentavam uma
significativa taxa de falsos positivos. Como fica essa situação?”, questionou.
Enfatizando que diante de uma pandemia há sempre o teste
certo, para o paciente certo e no momento certo, Figueira apresentou os
principais pontos que norteiam essa discussão que, na opinião do executivo, é
um debate muito mais econômico do que de saúde pública.
“Os maiores questionamentos sobre a testagem surgem
principalmente dos planos de saúde, e não das sociedades científicas ou do
próprio Ministério da Saúde. A Abramed estima que, neste primeiro semestre, a
saúde suplementar deixou de realizar 130 milhões de exames por conta da
pandemia, o que gerou uma economia de aproximadamente R$ 6 bilhões. Muitas
pessoas deixaram de ser assistidas na sua integralidade devido à crise de saúde
que vivemos”, comentou.
Para Figueira, o debate financeiro da inclusão dos testes no
rol de procedimentos se encerra com esses argumentos que comprovam que o
sistema de saúde privado nunca teve uma sinistralidade tão baixa quanto a que
está vivendo diante da COVID-19.
Já sobre as questões técnicas relativas à segurança e
eficácia dos métodos sorológicos, o executivo reforçou que os testes sugeridos
para inclusão são os testes sorológicos executados em laboratórios, exames de
alta complexidade com valor agregado em inteligência de análise e monitoramento.
E que é importante que todos sigam as recomendações de aplicar esses testes no
momento correto da curva de infecção. Para isso, Figueira enfatizou que a
Abramed apoia as diretrizes de utilização elaboradas pela Sociedade Brasileira
de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) que orientaram tanto o
Ministério da Saúde quanto as operadoras sobre a melhor aplicação desses
exames.
“Quando os passos não são seguidos e, em paralelo, há uma
liberação da realização de testes rápidos em farmácias e drogarias, o país
perde sua análise epidemiológica, bem como o controle dos resultados dos exames
ali aplicados. A sociedade ganha em acesso, mas perde em qualidade e em
qualificação técnica”, declarou. “Temos que ter como norte que esses testes
precisam ser realizados para que a sociedade aos poucos retorne à suas
atividades, mas que precisam ser realizados com critérios, em laboratórios e
com o controle efetivo do que está sendo processado”, concluiu.
Controle epidemiológico
Depois de declarar que o Brasil tem inteligência
epidemiológica, Leandro Figueira deu mais detalhes sobre como funciona o
controle dos surtos no país e qual a relevância dos testes sorológicos nessa
estratégia.
“Quando conseguimos ter uma testagem mínima da população, os
epidemiologistas são capazes de fazer as projeções necessárias para o controle.
A questão é que não estamos conseguindo testar a população nacional e temos uma
quantidade insuficiente de dados epidemiológicos para tratar a pandemia”,
declarou.
Reforma tributária
Figueira aproveitou o assunto levantado pelo apresentador
Mauro Frysman sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB)
para reforçar a importância de os setores de saúde e educação – que têm pleitos
tributários muito similares – estarem atentos às movimentações devido à Reforma
Tributária que corre no Congresso Nacional.
“Saúde e educação são áreas extremamente próximas e a
sociedade precisa ficar alerta com essa discussão tão relevante sobre a Reforma
Tributária. Se nós, como sociedade, não formos vigilantes, o recurso
transferido da União para o FUNDEB terá um retorno avassalador para o setor
privado por fazer com que tanto saúde quanto educação sejam extremamente
onerados com as mudanças propostas pela reforma. Todos devem ficar atentos à
Reforma Tributária para que a carga não seja ampliada colocando esses dois
segmentos tão importantes em uma situação ainda mais complicada”, disse.
Debate geral
Além de falar sobre testes sorológicos e reforma tributária,
o time de convidados também debateu privilégios da magistratura no país;
números relativos às contas públicas nacionais; e a porcentagem da verba
destinada ao combate ao novo coronavírus já gasta pelo Ministério da Saúde.
A edição está salva no canal do programa no YouTube e pode
ser assistida clicando AQUI.