Em dez anos, Abramed conquistou proximidade com ANS e com Anvisa e busca manutenção desse relacionamento
3 de dezembro de 2020
Em um setor essencial e com tamanha responsabilidade junto à
população, como é o caso da saúde, a regulação – conjunto de medidas que
envolvem a criação de normas, o controle e a fiscalização dos segmentos – é
atividade indispensável para a garantia do melhor atendimento populacional.
Quando fechamos o foco para a medicina diagnóstica, o cenário é extremamente
parecido. “Somos um mercado altamente regulado, que segue rígidas diretrizes, e
isso é fundamental para que possamos garantir a segurança dos pacientes”,
comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira
de Medicina Diagnóstica (Abramed).
A complexidade da cadeia de saúde pode dificultar o diálogo
entre todos os players, fundamental para os melhores resultados.
Justamente por ser um desafio, conquistar abertura para manter reuniões
constantes tanto com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) quanto com a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem sido apontada como uma
vitória da Abramed, que em dez anos de atuação vem se aproximando dos órgãos
reguladores a fim de manter a dinâmica da medicina diagnóstica do país. “A
disposição para o diálogo nos anima. Precisamos estar juntos”, diz Wilson
Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação.
A Abramed está, nesse momento, com dois pleitos paralelos
junto às entidades reguladoras. Com a Anvisa, dialoga sobre as Consultas
Públicas 911 e 912 que tratam, respectivamente, da regulação de farmácias e
drogarias e das diretrizes que regem as atividades dos laboratórios clínicos.
Já com a ANS, a conversa gira em torno da Consulta Pública 81 que avalia a
inclusão de novos procedimentos no rol de obrigatoriedades dos convênios
médicos.
“A Abramed, desde sua constituição, se preocupou em
acompanhar as mudanças do mercado, antevendo as mudanças regulatórias e dando o
suporte necessário para que as normas expedidas pela administração pública
garantam atuação equânime ao mercado de saúde suplementar, sem criar
desequilíbrio entre os diversos agentes”, pontua Teresa Gutierrez, sócia da
Machado Nunes.
Desafios futuros
Questionado sobre quais os principais desafios da Anvisa
para os próximos anos, o diretor Alex Campos Machado citou a alta velocidade
das inovações. “Percebemos que nosso grande compromisso está em acompanhar a
agilidade da incorporação de novas tecnologias, ampliando nossa capacidade de
regular essas incorporações e de nos anteciparmos ao mercado”, disse.
Segundo ele, para esse acompanhamento em tempo real, a
entidade visa sempre a construção de normas e balizas que permitam instrumentos
regulatórios capazes de tornar os processos mais rápidos. “Esse trabalho vem
sendo facilitado pela condição internacional alcançada pela Anvisa que, hoje,
tem assento garantido junto a outros órgãos reguladores, harmonizando
procedimentos e aproveitando a expertise de outros países que já passaram pela
fase em que estamos”, declara. O executivo afirma que a Anvisa regula cerca de
25% do PIB brasileiro devido à infinidade de produtos que estão sob seu chapéu.
Na visão de Rogerio Scarabel, diretor-presidente da ANS, é
preciso investir no conceito de um sistema de saúde unificado construído pelos
setores público e privado atuando em parceria e como forma de complementação ao
atendimento. “Importante reforçarmos para a sociedade a necessidade de o
Sistema Único de Saúde ser complementado pela rede privada, ambos trabalhando
em harmonia para o bem-estar da população”, afirma.
Paralelamente, Scarabel reforça que é preciso mudar o mindset
dos players. “O executivo precisa deixar de ser um gestor financeiro
para ser um gestor de saúde. As operadoras precisam assumir esse compromisso,
focando nos diversos modelos de remuneração disponíveis”, aponta.
Teresa reforça que a Abramed cresceu e se devolveu muito em
dez anos e que tanto ANS quanto Anvisa também progrediram consideravelmente
desde a fundação, ocorrida na década de 1990. “Muito da maturidade da Abramed
vem, também, da maturidade das agências”, enfatiza.
Telessaúde
Na área de medicina diagnóstica, a telessaúde já é realidade
consolidada, visto que a teleradiologia se faz presente no dia a dia dos
profissionais há pelo menos dez anos. Mas há, ainda, muito a ser melhorado e
regulado, principalmente no âmbito dos diagnósticos laboratoriais. Para isso, a
atuação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é indispensável a fim de
regular o setor privado.
Com a pandemia de COVID-19, os temas relativos ao
atendimento remoto ganharam repercussão. Aprovada em caráter emergencial, a
telemedicina permitiu que a população pudesse continuar recebendo assistência
sem a necessidade de se expor ao risco de contaminação. Qual a visão da ANS
dentro desse novo cenário instalado no país? De acordo com Scarabel, a Agência
não enxerga a telessaúde como um novo procedimento, mas sim como uma modalidade
de atendimento. “Essa percepção ajuda a garantir a cobertura obrigatória”,
explica. O executivo reforça que, por ser um ato médico, a normatização parte
primeiro do Conselho Federal de Medicina (CFM) e, somente depois, parte para a
entidade reguladora analisar as necessidades relativas àquela atividade.
“Na área de laboratório há a oportunidade inclusive de
recebermos amostras biológicas do exterior para serem processadas no Brasil.
Porém, para que isso aconteça, precisamos de um canal verde da Anvisa para que
essas amostras não fiquem retidas e os pacientes aguardando ansiosamente seus
resultados”, comenta Shcolnik.
Totalmente aberta ao diálogo junto ao setor de medicina
diagnóstica, a Anvisa vem se mostrando parceira na tomada de decisões. “Estamos
próximos ao mercado a fim de entender as necessidades. Para isso, escutamos os regulados
e a população. Vemos que esse é um setor pujante que o Brasil precisa explorar
melhor para ampliar sua capacidade de trazer novas divisas, visto que temos
tecnologia e mão de obra qualificada para prover esses serviços”, finaliza
Machado.
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