Assinado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, artigo destaca desenvolvimento da medicina diagnóstica
15 de janeiro de 2021
*Por Wilson Shcolnik
Qual o limite da nossa evolução? Na medicina diagnóstica, a
pandemia de COVID-19 veio para mostrar que não há um ponto final quando o
assunto é o desenvolvimento de novas tecnologias e novas formas de atendimento para
otimizar testes e exames indispensáveis à saúde humana e às necessidades de
isolamento e distanciamento social recomendadas pelas autoridades sanitárias.
Quando o novo coronavírus começou a se disseminar
rapidamente pelo mundo, nosso segmento assumiu posição de protagonista.
Precisávamos de uma quantidade suficiente de kits para detectar os infectados
e, assim, tentar conter a transmissão desse patógeno que há um ano aflige o
globo. Cumprimos essa etapa e seguimos contribuindo. Vencemos as barreiras que
uma crise dessa proporção nos impôs, a indústria aumentou a produção dos insumos
necessários e os especialistas mergulharam na necessidade de desenvolver novas
metodologias tanto no âmbito laboratorial quanto em novas aplicações para o diagnóstico
por imagem.
Além do teste molecular RT-PCR, considerado padrão ouro para
esse diagnóstico, aqui no Brasil os laboratórios privados rapidamente passaram
a oferecer alternativas como o teste por proteômica, que detecta a proteína do
novo coronavírus em amostras nasofaríngeas; o RT-LAMP, capaz de identificar
material genético do vírus em amostras de saliva; e o sequenciamento genético
de nova geração.
Importante lembrar, também, dos testes sorológicos. Diferentemente
dos testes rápidos, quando realizados em ambientes controlados dos laboratórios,
são bastante confiáveis para identificar anticorpos e, assim, auxiliar no
diagnóstico tardio e em inquéritos epidemiológicos. Esses exames, inclusive,
serão muito importantes agora nessa nova fase da pandemia, quando as populações
começam a ser vacinadas. Para isso, os laboratórios já estão se preparando para
oferecer a pesquisa de anticorpos neutralizantes. O exame consegue comprovar a
eficácia do imunizante.
O suporte do segmento de imagem para a comprovação do
diagnóstico de COVID-19 também foi muito relevante. Projetos de automatização
auxiliaram as equipes quanto aos principais achados tomográficos originados da
infecção pelo novo coronavírus – como as opacidades em vidro fosco – e há
estudos internacionais sugerindo a utilização da ultrassonografia point-of-care
(PoCUS) para análise de aspectos respiratórios, cardiovasculares e
tromboembólicos da COVID-19 como alternativa eficiente a outros exames de
imagem. Com todo esse empenho, hoje a demanda mundial pelo melhor diagnóstico e
monitoramento de pacientes com a COVID-19 está sendo plenamente atendida.
É inegável que a pandemia acendeu um holofote ainda maior
sobre nossas atividades. Mas importante frisar que o setor não se debruçou
unicamente sobre a COVID-19. Todos os segmentos seguiram seus cursos evolutivos
trazendo possibilidades fantásticas para o nosso futuro.
Entre esses avanços, podemos destacar a genômica que evolui
de forma impressionante desde o Projeto Genoma Humano, iniciado no começo da
década de 1990 e que contribuiu para a redução dos custos para realização desses
exames. Essas conquistas possibilitaram a ampliação do acesso para que cada vez
mais gente tenha a oportunidade de realizar testes capazes de detectar doenças
raras antecipadamente e direcionar tratamentos mais assertivos, entre eles as
terapias genéticas personalizadas e extremamente eficientes.
Na outra ponta da cadeia está o paciente, que também se
mostra interessado em tecnologias focadas em otimizar seus cuidados com a
saúde. Os smartwatches, capazes de fazer eletrocardiogramas (ECG),
registrando o tempo e a intensidade dos sinais elétricos das batidas do coração,
já estão sendo popularizados e provam que muitas pessoas querem aderir a
dispositivos vestíveis para monitoramentos diversos. É o diagnóstico chegando à
casa das pessoas por meio da integração da tecnologia e do conhecimento. Tudo
isso nos traz esperança e a certeza de que ainda podemos vislumbrar evoluções
incríveis para os próximos anos.
* Wilson Shcolnik é presidente do Conselho de
Administração da Abramed