Welcome Saúde reúne executivos para debater passado, presente e futuro do setor

Welcome Saúde reúne executivos para debater passado, presente e futuro do setor

Encontro virtual contou com a presença de Wilson Shcolnik representando a Abramed

20 de março de 2021

O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, foi um dos executivos convidados a participar do Welcome Saúde, evento virtual promovido dia 16 de março pelo Grupo Mídia. Representando a entidade na mesa “Diálogos sobre as perspectivas econômicas para o setor da Saúde em 2021”, Shcolnik apresentou o cenário da medicina diagnóstica em um debate que elencou os desafios de diversos elos da complexa cadeia de saúde.

Na discussão, moderada por José Marcio Cerqueira Gomes, diretor-executivo da Aliança Brasileira da Indústria Inovadora em Saúde (Abiis), também estavam presentes Bruno Bezerra, diretor-executivo da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), Francisco Balestrin, presidente do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp), Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO) e Mirócles Veras, presidente da Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB).

Em um primeiro momento, os executivos apresentaram um breve panorama do setor de saúde, cada um enfatizando o cenário de seu segmento. A proposta foi elencar os principais desafios enfrentados desde o início da pandemia e, na sequência, falar sobre as perspectivas para os próximos meses.

Fundamentado em dados levantados pela Abramed, Shcolnik enfatizou os momentos difíceis vivenciados pelos laboratórios e clínicas de imagem quando, nos primeiros meses da pandemia no país, os pacientes desapareceram das unidades que acabaram voltadas quase que exclusivamente aos atendimentos de casos suspeitos de COVID-19. “Chegamos a um decréscimo de quase 40% no número de atendimentos”, disse. Segundo o presidente, com o conhecimento adquirido pelos profissionais, o preparo de infraestrutura das empresas e com o correr natural da crise, o movimento começou a ser recuperado no final do ano.

Porém, chegamos a uma nova fase crítica. “Agora, no início de 2021, vivemos um novo período de grande preocupação pela situação atual. Nosso maior receio está na possibilidade da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidir, mais uma vez, pelo anulamento da Resolução nº 259, responsável pela instituição de prazos para realização dos procedimentos pelos planos de saúde”, declarou. Shcolnik relembrou que a suspensão dos prazos por parte da Agência foi um dos grandes fatores responsáveis pelo estrago causado ao setor de medicina diagnóstica.

Scholnik foi o primeiro executivo a se apresentar e, na sequência, todas as outras entidades presentes detalharam suas forças e fraquezas perante a crise. Para Francisco Balestrin, que trouxe a perspectiva do ponto de vista hospitalar, o país vive um novo momento de dor. “A dor que tivemos ano passado foi fruto da nossa ignorância, visto que não sabíamos como a COVID-19 afetaria nossas instituições. A dor que estamos vivendo agora também é por ignorância, mas não por desconhecimento do futuro, e sim pelo não reconhecimento do passado”, disse logo após declarar que, ao término de 2020, os hospitais assinalaram uma redução de cerca de 20% no faturamento.

Mostrando que o cenário de pré-colapso do sistema de saúde que vem sendo apresentado pela mídia é real, Balestrin disse que os hospitais estão realmente muito mais lotados do que estavam no ano passado. Para ele, não é hora de debater finanças. “A quantidade de pacientes infectados pelo novo coronavírus é acachapante e está aumentando cada vez mais. Não temos como acolher nem os que sofrem com a COVID-19 nem os que precisam de internações de urgência. Estamos perdendo dinheiro, e isso não importa nesse momento. O que importa é o atendimento”, disse.

Balestrin representava, no debate, o setor hospitalar privado, mas nem por isso deixou de reforçar que o sistema de saúde brasileiro é um só, formado pela rede suplementar e pela rede pública. Nesse momento, deu abertura para a apresentação de Veras, da CMB que, ao se apresentar, falou sobre a representatividade das Santas Casas de Misericórdia e dos Hospitais Filantrópicos nos atendimentos do SUS.

“50% dos pacientes do SUS na baixa complexidade são atendidos pelas Santas Casas e, na alta complexidade, atendemos 70% dos pacientes do país”, disse Veras. Na sequência, o executivo trouxe uma pauta que vem sendo muito reforçada pela Abramed: as outras doenças que deixaram de ser diagnosticadas e tratadas durante a pandemia. “Ninguém discute o cenário da oncologia e da cardiologia no nosso país. Tampouco a questão dos transplantes. Em breve, todos esses casos vão bater nas portas das nossas instituições e isso me preocupa muito”, pontuou sobre o represamento dos atendimentos eletivos.

Logo após a fala dos prestadores de serviço representados pela Abramed, Sindhosp e CMB, foi a vez da indústria se manifestar. Pallamolla trouxe, ao debate, a falta de planejamento generalizada que tomou conta do país. “Em março do ano passado fomos à Brasília, logo após confirmada a emergência sanitária, sugerir a criação de uma comissão entre a indústria, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Saúde para planejamento das demandas. E não fomos ouvidos”, pontuou. Segundo ele, o Brasil demorou a tomar uma atitude enquanto assistia aos outros países paralisarem suas exportações. “Os Estados Unidos, a Ásia, a Europa e até mesmo a Argentina suspenderam as exportações de produtos médicos, principalmente os utilizados para atendimento aos casos de COVID-19 como EPIs, respiradores e monitores. E nós não reagimos”, disse. “O país errou e, infelizmente, colocou a saúde dentro de um debate político que culminou na falta de estratégia”, completou.

Outro caso relatado pelo presidente da ABIMO foi o aviso que a indústria nacional deu ao Ministério da Saúde sobre a necessidade de estratégia para produção de seringas para vacinação em massa. “Precisaríamos de cerca de 500 milhões de seringas e mesmo sabendo que temos capacidade instalada para suprir isso, não o faríamos em 30 dias. Precisávamos de planejamento”, declarou.

Também representando a indústria, Bezerra trouxe um aprendizado diante de tantos desafios. “A pandemia gerou uma maior e melhor interlocução entre todos os elos do setor de saúde. Associações, laboratórios, indústrias, empresas, hospitais e planos de saúde têm dialogado mais. E espero que isso se torne algo perene mesmo após a crise de COVID-19”, disse enfatizando a relevância do setor de saúde para a economia, representando cerca de 10% do PIB nacional.

Próximos meses

A perspectiva para os próximos meses segue de incerteza. Shcolnik mencionou ser necessário estar atento a todas as movimentações para agir com firmeza e segurança. Balestrin, por sua vez, disse não ver perspectiva de melhora enquanto não houver a vacinação em massa e um certo “retorno à normalidade” e Veras trouxe a necessidade de o setor rediscutir a área hospitalar do SUS a fim de preservar o atendimento aos brasileiros em 2021.

Pallamolla mostrou preocupação com a era pós-COVID envolta nas demandas represadas pelos atendimentos que deixaram de ser feitos durante a crise e com a necessidade da amplificação da voz da saúde para que o setor consiga vencer esses desafios que estão por vir. Em concordância – e complementando – a visão de Pallamolla, Bezerra pontuou que saúde é um setor complexo e sensível e que o diálogo pelo planejamento precisa ser feito para evitar uma desestruturação da cadeia.

Tributos e economia

Outro tema muito abordado pelos executivos presentes no debate foi a Reforma Tributária. Reforçando que o setor de saúde não é contra a reforma, Balestrin fez um comparativo entre o que está sendo observado no caminhar da reforma no Congresso Nacional e o cenário de outros países onde o desenvolvimento é latente. “A maior parte dos países desenvolvidos não cobra imposto do setor de saúde, que é considerado essencial e civilizatório”, disse.

Esse é o mesmo argumento da Abramed, que desde o ano passado vem trabalhado assiduamente na melhor compreensão do impacto da reforma tributária na área de medicina diagnóstica e na sensibilização dos tomadores de decisão sobre os prejuízos que uma reforma míope pode gerar ao país. Dentro desse contexto, Shcolnik reforçou que há uma grande expectativa atual pelo relatório que deve ser apresentado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), relator da Comissão mista da Reforma Tributária.

Complementando a fala de Balestrin sobre como outras nações lidam com esse assunto, o presidente pontuou: “os países que adotam imposto único têm tributação diferenciada para os setores de saúde e de educação simplesmente por serem essenciais à população”. Segundo ele, o pleito da Abramed e de tantas outras entidades que juntas trabalham para dar visibilidade às necessidades da saúde nacional, está na neutralidade tributária. “É o que defendemos para que não haja desequilíbrio de toda a cadeia”, disse.

Os executivos também comentaram, brevemente, sobre o atual cenário vivenciado no estado de São Paulo que retirou a isenção do ICMS para uma lista de produtos e equipamentos da saúde. “Na medicina diagnóstica, o impacto está na ordem de R$ 400 milhões. O aumento já está vigente e estamos tentando reverter em uma ação conjunta com outros atores da cadeia de saúde”, finalizou Shcolnik.

O “Diálogos sobre as perspectivas econômicas para o setor da Saúde em 2021”, do Welcome Saúde, está disponível no portal do Grupo Mídia no YouTube e pode ser assistido AQUI.

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