A pesquisa de anticorpos auxilia na compreensão dos efeitos da vacinação na resposta imune de cada indivíduo, mas não altera as medidas de proteção independentemente do resultado
22 de abril de 2021
A pandemia de COVID-19 tem sido um desafio para a ciência e
para o setor de saúde. Aprender a lidar com uma doença nova, potencialmente
fatal, e sem um tratamento eficaz até o momento vem exigindo da comunidade
médica agilidade na interpretação de estudos clínicos e urgência nas tomadas de
decisão.
Muito teve de ser feito com base em informações incompletas
ou sob entendimento ainda em construção, conquistado a duras penas e em tempo
real, concomitantemente à elevação ou diminuição no número de novos casos e de
óbitos, nas sucessivas ondas da COVID-19 que tivemos até o momento.
Isso tudo não foi diferente na medicina diagnóstica, que
desde o início da crise vem sendo apontada como essencial para o controle das
contaminações. Além do RT-PCR, exame molecular considerado o padrão-ouro para
detecção da infeção, surgiram os testes sorológicos, que têm papel
complementar, auxiliando na identificação de anticorpos no sangue de pacientes
que tiveram a COVID-19.
Até meados de dezembro de 2020, essa era a principal função
do teste sorológico. A pessoa infectada fazia o teste para identificar
anticorpos específicos contra diferentes proteínas do vírus SARS-Cov-2. Porém,
com a chegada das vacinas e o início da imunização ao redor do mundo,
pesquisadores e laboratórios passaram a realizar os testes sorológicos também
para investigar a resposta imune de cada indivíduo à vacinação.
Nesse contexto, foram desenvolvidos novos testes sorológicos:
um grupo busca a identificação do bloqueio da ligação da proteína Spike às
células do doente e é denominado teste de anticorpos neutralizantes; outro identifica
diretamente anticorpos gerados contra a proteína Spike.
Estudos clínicos realizados com esses testes mostram que nem
todo indivíduo vacinado apresenta soropositividade. Mas isso não significa que
ele necessariamente não está protegido. O que vem ocorrendo, e pode ser notado
pelos pesquisadores, é que nem sempre o teste é capaz de detectar exatamente o
anticorpo que foi gerado pelo paciente. Além disso, o anticorpo não é a única
fonte de defesa do organismo, que conta, também, com os linfócitos T,
inacessíveis aos testes sorológicos.
Mesmo que os resultados dos testes sorológicos pós-vacinação
ainda não sejam totalmente compreendidos, eles são uma importante fonte de
informação para médicos e indivíduos vacinados que precisem ou queiram saber a
sua resposta imunológica à vacina. Por isso, esses testes, embora complexos,
têm um papel relevante se forem adequadamente realizados por laboratórios
clínicos que tenham condições de oferecê-los seguindo os mais rigorosos padrões
de qualidade.
Nesse contexto, algumas diretrizes precisam ser bem
compreendidas. A conduta de proteção indicada hoje não deve ser, em hipótese
alguma, modificada. Isso significa que tendo um resultado positivo ou negativo
na pesquisa de anticorpos neutralizantes, o indivíduo deve permanecer
utilizando máscara, realizando os processos adequados de higiene e cumprindo o
distanciamento social. Não há, até o momento, qualquer indicação de reforço
vacinal ou mudança do tipo de vacina.