Na indústria, inovação e transmissão de conhecimento para controle da COVID-19

Na indústria, inovação e transmissão de conhecimento para controle da COVID-19

Antonio Vergara, da Roche Diagnóstica, fala sobre as estratégias da companhia durante a crise

Com a pandemia de COVID-19 ainda em curso, o setor de medicina diagnóstica segue com seu planejamento estratégico fortalecido a fim de atender às demandas populacionais para controle do novo coronavírus. Contando um pouco sobre os desafios enfrentados ao longo de 2020 e reforçando a importância do investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, Antonio Vergara, presidente da Roche Diagnóstica Brasil, concedeu uma entrevista exclusiva à Abramed em Foco.

Nesse papo, o executivo reforça que a atuação global da marca permitiu que o Brasil aproveitasse toda a experiência vivida na China e na Europa para a melhor tomada de decisão e enfatiza que a companhia vem investindo continuamente em educação baseada em ciência para levar conhecimento sobre a infecção e sobre todas as inovações que estão disponíveis para a população.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – A pandemia impactou todos os setores da economia, sem exceção. Quais foram os principais entraves vividos pela Roche Diagnóstica ao longo dos últimos meses e qual foi a estratégia da companhia para vencer esses desafios?

Antonio Vergara – No último ano vivemos um período sem precedente, em que adaptação e foco foram fundamentais para encontrarmos com agilidade maneiras para apoiar a sociedade no enfrentamento da COVID-19.

Foram muitos os desafios, desde os cuidados para prezar pela segurança da nossa equipe de campo, que continuou ativa dando todo o suporte aos laboratórios e hospitais pelo Brasil; até a complexidade logística para conseguir disponibilizar os testes em todo país, superando a diminuição do transporte aéreo no início da pandemia.

Por termos uma atuação global, pudemos acompanhar de perto os desdobramentos da pandemia na China e na Europa, o que nos permitiu aprender com a experiência em outros países para estabelecermos planos de atuação locais efetivos. Ao mesmo tempo, nosso time local dedicou todos os esforços em diversas frentes para atuar de forma integrada e colaborar com parceiros, autoridades, governos e instituições para fortalecer as estratégias de combate à pandemia. Outro ponto importante foi o trabalho de educação contínua por meio da ciência em parceria com atores da saúde, levando conhecimento sobre a doença e toda a inovação disponível, estreitando o nosso diálogo com médicos, instituições de saúde e até mesmo a população.

Abramed em Foco – A Roche investe cerca de 20% do seu faturamento global em pesquisa e desenvolvimento, correto? Esse investimento tornou-se ainda mais indispensável frente à pandemia?

Antonio Vergara – Correto. Fazemos um alto investimento em P&D de forma contínua durante os nossos 125 anos e isso permite que possamos inovar constantemente para atender as situações de saúdes mais complexas, como a pandemia de COVID-19. Mas, além de oferecer novas tecnologias ao mercado, temos um compromisso com a segurança de nossos pacientes e isso se reflete na qualidade das nossas soluções.

Nosso foco em apoiar a sociedade neste momento permitiu que, poucas semanas após o anúncio da COVID-19, disponibilizássemos o primeiro teste PCR automatizado para dar suporte aos profissionais da saúde no diagnóstico da doença. De lá para cá, lançamos, globalmente, 15 soluções para auxiliar na gestão da doença, seis delas já estão disponíveis no Brasil: os testes moleculares por RT-PCR, antígeno, sorológicos e Point of Care.

Oferecemos um portfólio completo de altíssima qualidade, especificidade e sensibilidade em toda a jornada do diagnóstico, dentro e fora do laboratório. Seja na detecção do SARS-CoV-2 por RT-PCR ou antígeno, na triagem de pessoas infectadas pela análise de anticorpos totais e, agora, no monitoramento pós-vacinação com os testes de anticorpos Spike.

Considerando a previsão do calendário de vacinação e os tratamentos que estão por vir, a utilização eficiente dos testes é fundamental para mudarmos o cenário da pandemia. Ou seja, realizar o teste adequado, no momento adequado para o paciente certo. E tudo isso, levando em consideração a qualidade dos testes.

Pensar em inovação é também pensar em como ampliar o acesso a novas tecnologias para oferecer melhores resultados para os pacientes e, a longo prazo, promover a sustentabilidade do sistema de saúde. E nós, como Roche, estamos comprometidos em auxiliar a sociedade neste sentido.

Abramed em Foco – Rapidamente a Roche colocou, no mercado, o teste cobas® SARS-CoV-2. Como foi o processo de desenvolvimento desse teste sob a pressão da necessidade por exames diagnósticos? E quais os pilares da companhia para a comercialização de novos testes de qualidade para detecção da infecção pelo novo coronavírus?

Antonio Vergara – Foi preciso dedicação total e foco, em todos os sentidos. Sabemos que nossas soluções são elementos fundamentais no combate da pandemia. Neste último ano, vimos todos os nossos colaboradores, dos cientistas da Suíça, Alemanha e EUA, dos profissionais trabalhando em casa, até os engenheiros em campo nos países, dedicados em desenvolver, aprovar e disponibilizar nossas soluções pelo mundo.

Temos a inovação em nosso DNA, mas sem nossas pessoas sabemos que nosso impacto não seria o mesmo. Por isso, tenho muito orgulho em fazer parte da equipe Roche e estar escrevendo essa história ao lado de cada um de nossos funcionários no Brasil e no mundo. Digo isso porque para conseguir agilizar os processos e disponibilizar os testes o mais rápido possível foi preciso trabalhar em colaboração dentro e fora da companhia.

Outro fator fundamental para nós foi estabelecer o diálogo constante com clientes, governos e instituições para ampliar o acesso da população às inovações. Ao trabalhar ao lado de diferentes atores da saúde conseguimos identificar onde podemos agregar mais valor e estabelecer parcerias que façam a diferença.

Abramed em Foco – A divisão de diagnóstico da Roche fechou o ano de 2020 com crescimento devido à produção de testes de COVID-19 e insumos para esses testes?

Antonio Vergara – De fato, o diagnóstico ganhou uma relevância que nunca vimos antes. Mas apesar do que muitas pessoas acreditam, atuar no mercado diagnóstico não foi sinônimo de alto faturamento. No ano passado, mantivemos um resultado estável fechando o ano com faturamento de R$674 milhões, crescimento de 0,3% em relação a 2019.

Por causa da pandemia, tivemos uma queda nas vendas de rotina. Ou seja, ao mesmo tempo que tivemos uma alta demanda pelos testes de diagnósticos de COVID-19, as pessoas deixaram de realizar exames regulares postergando os cuidados com a saúde de forma geral. Vimos pacientes com doenças crônicas parando seu tratamento, cirurgias sendo canceladas e diagnósticos sendo postergados.

Abramed em Foco – Qual é, a seu ver, o grande desafio da medicina diagnóstica brasileira hoje? E como a indústria pode ajudar o setor a vencer esses gargalos?

Antonio Vergara – O diagnóstico sempre desempenhou um papel fundamental na melhor gestão da saúde. Sabemos que 70% das decisões clínicas são tomadas a partir de análises laboratoriais e, apesar disso, ele representa apenas 0,4% para a Indústria do investimento em saúde. É preciso investir em inovação em saúde de forma constante para promovermos a melhor gestão da saúde. Tecnologias que foram disruptivas no passado já não são mais a melhor opção para evitarmos doenças de alto impacto. Como, por exemplo, quando falamos do câncer de colo de útero, que é prevenível se incorporarmos o teste de HPV no rastreio primário das mulheres com mais de 25 anos. Este é apenas um dos exemplos.

Por outro lado, de nada adianta trazermos inovações para o país se não conseguirmos ampliar o acesso da população a elas. Nesse sentido, temos dedicado nossos esforços para colaborar com clientes, instituições e governos, levar o conhecimento científico à sociedade médica e incentivar a incorporação de soluções que possam aprimorar a gestão da saúde de forma sustentável.

É preciso também que as pessoas tenham mais interesse sobre sua jornada da saúde, permitindo que tenham conhecimento para dialogar com seus médicos e decidir em conjunto o melhor caminho para cada situação. Nós, como líderes do setor, temos um papel importante em promover este conhecimento e auxiliar neste diálogo para evoluir a prática médica e transformar a maneira que cuidamos da nossa saúde.

Precisamos mudar o nosso olhar e investir mais em prevenção de doenças, detecção precoce e monitoramento efetivo, colocando a ciência de qualidade em benefício dos pacientes e da sociedade.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Antonio Vergara – A Abramed tem tido um papel crucial em promover discussões dentro do setor e fortalecer nossa atuação junto às instituições, governos e agências regulatórias para a adoção de políticas e medidas que evoluam a assistência médica no país e promovam a sustentabilidade de toda a cadeia de saúde.

Ao promover conteúdos como este, por exemplo, a associação abre espaço para reflexões e debates importantes para o setor e futuras parcerias. Acho que a Abramed pode e deve continuar neste caminho de educação constante da sociedade, fortalecendo a importância da medicina diagnóstica e do impacto de se ampliar o acesso a inovações de qualidade para que as pessoas vivam mais e melhor. Estaremos ao seu lado para continuar ampliando o conhecimento de todos e construindo a saúde do futuro de forma sustentável.

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