Presidente do Conselho de Administração da Abramed fez apresentação no Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico
02 de agosto de 2021
Na tarde de quarta-feira, 28 de julho, Wilson Shcolnik,
presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed), ministrou uma palestra sobre as contribuições da
medicina laboratorial ao futuro do diagnóstico na primeira edição do Congresso
Brasileiro de Raciocínio Clínico. Durante a apresentação o executivo abordou
temas bastante atuais sobre o desenvolvimento do setor.
Um dos assuntos debatidos foi a importância da coleta de
dados para a formação do raciocínio clínico. Reunir essas informações envolve
obter detalhes sobre o histórico do paciente – o que é uma tarefa árdua diante
de um mercado de trabalho onde os médicos estão a cada dia mais sobrecarregados
– mas também dados advindos dos exames físicos, que podem evidenciar
importantes sinais, e aqueles contidos nos resultados dos exames
complementares. “Assim o profissional encarregado do diagnóstico pode tirar
suas conclusões e seguir com o ciclo de cuidado”, pontuou o presidente.
Durante os primeiros meses de pandemia de COVID-19, o setor
assistiu a uma diminuição drástica do número de exames realizados no país, já
que as pessoas se sentiram ameaçadas e deixaram de comparecer a consultas e
exames eletivos. Porém, o segmento já vem se recuperando e, na visão de
Shcolnik, o número de solicitação de exames tende a aumentar nos próximos anos.
Esse aumento não está relacionado à crise do novo
coronavírus, mas sim a outros fatores. A população está envelhecendo e cada dia
mais atenta aos cuidados. “Vivemos um momento que valoriza a prevenção e a
promoção da saúde. Paralelamente, continuamos convivendo com doenças crônicas e
degenerativas que exigem exames rotineiros para gerenciamento e controle dos
tratamentos”, esclareceu o palestrante.
Outro ponto que leva a um potencial aumento do número de exames realizados está nas conquistas obtidas pela exploração do genoma humano, que abriram novos horizontes para a medicina diagnóstica. “Graças a esses avanços, agora contamos com a medicina de precisão, a medicina personalizada e outras abordagens que partem de dados da saúde populacional”, disse.
Como forma de consolidar a percepção de que a cada dia temos
mais exames relevantes para a saúde humana e mais pessoas necessitando desses testes,
o presidente da Abramed mencionou a publicação, há três anos, por parte da
Organização Mundial da Saúde (OMS), de uma lista com mais de uma centena de
exames considerados essenciais. Essa lista passou por duas atualizações e,
hoje, envolve também um conjunto de testes para doenças infecciosas e evitáveis
por vacinas, além de exames para detecção de doenças não transmissíveis como
câncer e diabetes.
Os 4 P’s da medicina
Em sua palestra, Shcolnik também falou sobre os quatro P’s
da medicina: preditiva, preventiva, personalizada e participativa. Em sua
explanação, o executivo enfatizou a importância do diagnóstico em cada uma
delas. “O primeiro P, de preditividade, reforça a relevância dos dados
preditivos trazidos pelos exames genéticos e que, feitos logo após o
nascimento, podem orientar a gestão de saúde quanto a predisposições a doenças
e nos levam justamente ao segundo P, de prevenção. Além disso, temos a medicina
personalizada (terceiro P) que também acontece graças aos exames genéticos, e o
quarto e último P, de medicina participativa, que coloca o paciente no centro
do cuidado e permite, inclusive, que ele mesmo realize alguns exames por meio
de autotestes”, declarou.
Para consolidar todo esse cenário, o presidente mencionou os significativos avanços obtidos no setor ao longo do tempo. Apontou melhorias que otimizaram o diagnóstico, como os painéis de biologia molecular que são capazes de identificar muitos patógenos diferentes responsáveis por infecções de corrente sanguínea, gastrointestinais, respiratórias, encefalites e meningites. “Pense em uma mãe que está com seu filho com suspeita de uma meningite bacteriana, como ela fica ansiosa com a confirmação do diagnóstico. Os métodos tradicionais envolviam recursos como análise citológica, análise bioquímica do liquor, exames demorados e que podem levar até dias para serem concretizados como as culturas, a microscopia e a bacterioscopia. Testes inseguros, limitados e inespecíficos”, pontua. “Agora temos esses painéis, um recurso fundamental sobretudo nos prontos-socorros”, complementa.
Mostrou, também, como os testes podem contribuir com a
definição do melhor tratamento, impactando inclusive no prognóstico. Para isso,
trouxe um excelente exemplo que já está, inclusive, disponível no Brasil: exame
capaz de identificar, através de marcadores laboratoriais e mutações genéticas,
se aquela mulher que acabou de ser diagnosticada com um câncer de mama de fato
será beneficiada pela quimioterapia, um tratamento bastante agressivo. “Esse é
um tipo de teste que auxilia muitas pacientes e traz um enorme valor ao
diagnóstico dessa patologia”, completou.
Essencial para a gestão da pandemia
Shcolnik também abordou a importância dos laboratórios
clínicos para o melhor controle da pandemia. “Essa área tem sido essencial não
somente para a confirmação dos diagnósticos, mas também para a tipagem dos
agentes etiológicos, visto que estamos convivendo com diferentes cepas do novo
coronavírus”, esclareceu.
Mudança de paradigma
Por fim, um dos pontos bastante relevantes apresentados por Shcolnik em sua palestra do Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico foi uma mudança de percepção dos conceitos e missões dos laboratórios. “Pensávamos que o nosso papel era fornecer resultados exatos, precisos, oportunos, no tempo certo e com o menor custo possível. Hoje acreditamos que nossa missão é fornecer resultados de forma rápida e eficiente, sem descuidar dos custos dos exames, para possibilitar um diagnóstico exato e preciso, a seleção de um tratamento apropriado, e um monitoramento correto do status da saúde ou de uma doença”, finalizou.
O I Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico: O Futuro do
Diagnóstico foi realizado entre os dias 27 e 29 de julho de 2021 e contou com
apoio da Abramed.