Em audiência pública, Wilson Shcolnik representou o segmento no debate sobre alterações nos planos e seguros privados de assistência à saúde
9 de setembro de 2021
A 7ª Reunião Extraordinária da Comissão Especial destinada a
proferir pareceres quanto ao Projeto de Lei
7.419/2006, realizou, no dia 1º de setembro, uma audiência pública para que
diversos setores da saúde pudessem debater as questões relativas aos
prestadores de serviço atuantes no sistema de saúde suplementar do país. Presidida
pela deputada Soraya Manato (PSL-ES), a comissão tem, como relator, o deputado
Hiran Golçalves (PP-RR).
Na ocasião, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de
Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed),
apresentou cinco pontos de atenção na visão dos laboratórios e clínicas de
diagnóstico por imagem.
“A Abramed é formada por empresas de diferentes naturezas
que, juntas, realizam mais de 50% de todos os exames do sistema suplementar,
sendo que muitas delas também atendem o Sistema Único de Saúde (SUS). Na
pandemia de COVID-19, que estimamos terem sido realizados 35 milhões de exames,
nossas associadas foram as responsáveis por efetuar cerca de 70% deles. Temos
associados em todo o país e entendemos ser necessário dar ênfase a cinco pontos
nessa discussão”, disse Shcolnik ao iniciar sua apresentação.
Confira, abaixo, os cinco tópicos apresentados pelo
executivo:
Regras de contratualização – Apesar da Lei nº 13.003,
o setor de medicina diagnóstica não tem recebido o repasse dos reajustes
autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Além disso, há a
existência das glosas, ou seja, serviços que foram prestados e faturados, mas
foram contestados sem razão clara. “Sem a remuneração justa, corremos o risco
de termos redução da qualidade dos serviços, prejudicando todos os
beneficiários da saúde suplementar”, pontuou Shcolnik.
Desperdícios em saúde – Problema que deve ser visto com seriedade por afetar a sustentabilidade do sistema, os desperdícios existem e precisam ser combatidos. Porém, é preciso compreender que há uma inversão na pirâmide etária, ou seja, há o envelhecimento populacional somado a um aumento no número de doentes crônicos. Para essa população, os exames complementares são essenciais, pois as doenças precisam ser gerenciadas e o tratamentos controlados.
“Há uma tendência global de aumento no número de exames
complementares e precisamos mudar a ótica de atenção à saúde, incentivando a
promoção e a prevenção. Para isso, os exames complementares são
indispensáveis”, esclareceu. O presidente também mencionou a relevância da
medicina personalizada que, baseada em resultados de exames laboratoriais, é
uma ferramenta que traz economia ao indicar a direção exata de tratamentos efetivos.
Substituição de prestadores de serviços não hospitalares
– A substituição de hospitais nas redes credenciadas é feita com tratamento
apropriado que protege o beneficiário ou a empresa contratante, mas não há essa
mesma atenção na substituição de prestadores não hospitalares, como
laboratórios e clínicas de diagnóstico por imagem. Ainda dentro desse contexto,
há uma necessidade de envolver critérios de qualificação para evitar que o
beneficiário perca prestadores ou os veja sendo trocados por outros que não são
equivalentes. Segundo Shcolnik, o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde ainda não oferece um campo referente a qualificação para inserção de
dados como certificados de acreditação.
Regulação de Prestadores de Serviços de Saúde pela ANS
– “Nosso setor, por meio da Abramed, é contra a regulação de prestadores por
considerar que ao longo de 20 anos de existência da ANS temos coexistido de
forma pacífica e harmoniosa”, pontuou o executivo lembrando que os prestadores
de serviço já são rigidamente regulados pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA) que exige o seguimento de diversos critérios para minimizar
ou eliminar os riscos sanitários.
Respostas aos novos desafios da saúde suplementar – O
setor de medicina diagnóstica vem se adaptando a novos formatos de ofertas de
serviços. Durante a pandemia de COVID-19, por exemplo, fortaleceu os
atendimentos domiciliares e otimizou as informações em saúde para que esses
dados pudessem balizar a tomada de decisão em benefício dos pacientes. “Ao
mesmo tempo, temos adotado, em contratos com operadoras de planos de saúde,
novas formas de remuneração a fim de atender às demandas do mercado”,
complementou.
Após elencar os pontos de atenção quanto as mudanças
ensaiadas pelo PL 7.419/2006, Shcolnik agradeceu a oportunidade dada à Abramed
para expor as particularidades da medicina diagnóstica e agradeceu à ANS.
“Reconhecemos o esforço da Agência que, enquanto não temos um marco
regulatório, reativou a Câmara Técnica e agradecemos a incorporação ao Rol de
novos procedimentos em caráter excepcional durante a crise de COVID-19, visto
que esses exames têm sido essenciais para diagnosticar e gerenciar a gravidade
da doença, principalmente nos pacientes hospitalizados”, disse.
Em sua declaração final, o relator Gonçalves enfatizou que a
comissão visa ouvir todos os componentes do setor. “Essas audiências têm sido
muito explicativas, auxiliando no meu convencimento e na ideia do que devemos
construir em nosso relatório”, disse.
Além de Wilson Shcolnik, que representou a Abramed, também
participaram da 7ª Reunião Extraordinária da Comissão Especial, Gustavo de
Barros Macieira, gerente de análise setorial e contratualização com prestadores
da Diretoria de Desenvolvimento Setorial da ANS; José Fernando Macedo, diretor
de Defesa Profissional da Associação Médica Brasileira (AMB); Salomão Rodrigues
Filho, segundo tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM); e Carlos
Fernando da Silva, representante da Federação Nacional dos Médicos (Fenam).
É possível assistir à reunião na íntegra AQUI.