Mostrando ser
possível a colaboração entre público e privado, instituição se juntou ao
Hospital das Clínicas para conter avanço da Covid
Completando um século de
existência em 2021, o Hospital Sírio-Libanês tem a responsabilidade social em
seu DNA. Como uma das maiores e mais conceituadas instituições de Saúde do
Brasil, compreendeu seu papel diante da pandemia de Covid-19 logo no início da
crise que começou a assolar o país no primeiro trimestre do ano passado. Em
meio a inúmeras dificuldades, como vírus desconhecido, ausência de tratamento e
medicações efetivas, falta de leitos e EPIs – Equipamentos de Proteção
Individual -, uma parceria com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) possibilitou triplicar o número
de leitos e garantir o atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).
Mesmo não sendo novidade a
interação entre as instituições, garantindo ser possível a atuação conjunta
entre público e privado, estar imerso na maior crise sanitária da história
tornou tudo mais desafiador.
No final de março de 2020, o
Governo de São Paulo transformou o HC no maior centro para tratamento de
pacientes infectados com Covid-19 do país. Foram destinados 900 leitos
exclusivamente ao tratamento da doença, sendo 200 deles de UTI – Unidade de
Terapia Intensiva. O Sírio-Libanês foi encarregado de montar, equipar e
conduzir essa missão. Tudo foi realizado em um período de dez dias, desde a
parte jurídica, o envio de equipamentos, até a contratação da equipe médica.
“Logo no início da pandemia, com
a falta de leitos de UTI e o número de infectados crescendo, o Sírio-Libanês
foi responsável por montar essa estrutura para que o HC pudesse dar conta da
alta demanda. Levamos cama, ventiladores pulmonares, bombas de infusão, bombas
de alimentação, além de uma equipe médica. Levamos todos os equipamentos –
alguns nós tínhamos e compartilhamos, justamente quando tudo estava em falta no
mundo”, conta o Superintendente de Medicina Diagnóstica do Hospital
Sírio-Libanês, Cesar Higa Nomura.
A instituição privada também
percebeu que não havia recursos humanos capacitados para atuar em UTI quando o
HC se tornou centro de Covid-19, por isso realizou o treinamento de cerca de
900 colaboradores da equipe multiprofissional, os tornando aptos para as
exigências da terapia intensiva.
Nomura cita ainda a atuação do
Sírio-Libanês no Projeto RadVid-19, uma plataforma de repositório de casos de
Covid-19 no país. A solução coletou exames de raio-X e tomografia — confirmados
ou suspeitos da doença —, analisou-os e produziu relatórios para serem
acessados pelo radiologista. Sua principal função foi auxiliar a decisão
clínica, tornando o diagnóstico por imagem mais preciso. O RadVid-19 era aberto
à aplicação de IA – Inteligência Artificial e algoritmos de Machine Learning e
obteve reconhecimento internacional.
“Criamos uma plataforma digital
para auxiliar no diagnóstico da Covid-19 através da tomografia de tórax.
Fizemos mais de 25 mil exames e foi dada a probabilidade de ser Covid e quanto
aquele pulmão estava comprometido de 0 a 100. Isso foi de graça, ficou no ar
por quase um ano, atendeu todas as regiões do Brasil, e teve o apoio de várias
empresas, como Amazon, Siemens e Huawei”, destaca o Superintendente de Medicina
Diagnóstica.
Com cerca de 10 mil colaboradores
atualmente, o Sírio-Libanês não hesitou em dispor de suas UTIs para os próprios
funcionários que precisaram dessa modalidade de atendimento durante o pico da
Covid-19. Mesmo com um plano de saúde aceito por outras instituições, o
hospital tinha ciência de sua importância, reconhecido mundialmente como uma
das menores mortalidades por coronavírus.
Em janeiro, em parceria com o
laboratório Mendelics, o Sírio-Libanês ainda lançou um novo teste para detectar
a Covid-19 por meio da saliva. Chamado RT-LAMP, ele identifica o RNA do vírus
na amostra de pessoas infectadas durante a fase ativa do vírus. Trata-se de um
método de detecção rápida de vírus, surgido em 2012 e já utilizado para outras
doenças como dengue, zika, chikungunya e encefalite japonesa. Com menos etapas
de processamento em relação ao RT-PCR, seu resultado sai mais rapidamente.
“É importantíssimo a colaboração
entre todos em um momento como esse. Vimos que olhar só para si não permitiria
vencermos essa pandemia. O vírus circula em todo mundo, sem fazer distinção de
níveis sociais e econômicos”, afirma Nomura.