Wilson Shcolnik participou do webinar e destacou que a manutenção sustentável do sistema de saúde é importante para enfrentar o problema do desperdício e dos custos no setor
A Aliança para a Saúde
Populacional (Asap) em parceria com a Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed) realizou o evento virtual com o tema “O papel da medicina
diagnóstica na gestão de saúde populacional – O que podemos e devemos
incentivar sem gerar desperdícios?”.
O encontro, realizado em 18 de
novembro, foi coordenado pelo presidente da Asap, Cláudio Tafla e participação
do presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik que
ressaltou logo no início que a gestão de saúde populacional passa pelos
pilares que compõe o triple aim, amplamente defendido pelo Institute
for Healthcare Improvement), que é baseado em três objetivos: melhorar a
experiência do paciente/indivíduo em relação à assistência, aumentar a
qualidade da saúde e reduzir custos per capita da assistência de saúde.
Questionado por Tafla sobre a
medicina diagnóstica representar o segundo item que impacta no orçamento do
setor, ficando atrás apenas das internações, que representam de 40% a 60% dos
custos na saúde, Shcolnik explicou que o segmento estimula o uso racional de
qualquer recurso dentro do sistema de saúde público e privado, pois os recursos
são limitados e precisam ser empregados de modo que tragam valor para o
cuidado geral em benefício dos usuários/pacientes.
“Os exames são essenciais para os cuidados em
saúde, tanto para a confirmação do diagnóstico, como para a promoção e
prevenção”, ressaltou o presidente do Conselho de Administração da Abramed,
lembrando que atenção primária sem exames complementares não é plena e que a
medicina personalizada, que é praticamente baseada em exames laboratoriais,
pode trazer mais eficiência ao sistema de saúde.
Mas, Shcolnik reconhece que existe um desperdício
que precisa ser combatido no setor e que as operadoras de planos de saúde têm
os melhores dados sobre utilização de exames e que poderiam fazer estudos de
uso regionais para gerar indicadores. Tema, aliás, considerado muito relevante
para a medicina diagnóstica, que possui alguns indicadores de qualidade
laboratorial e que estão, de alguma forma, vinculados ao desfecho e ao
resultado da assistência à saúde.
Para Tafla, este é um assunto muito relevante para
a gestão da saúde populacional, pois no desfecho está inserida a questão
do que cada ação acrescenta em valor ao sistema.
“Tudo tem custo, mas se agregar valor à jornada do
paciente, ao melhor diagnóstico no momento correto e ao melhor desfecho,
teoricamente estamos fazendo a coisa certa”, comentou o presidente da Asap.
Shcolnik esclareceu que em medicina diagnóstica é
muito difícil conseguir vincular cada procedimento realizado ao desfecho final
da assistência. Ele explicou que esse resultado depende de muitas variáveis,
como os recursos disponíveis, o ambiente onde o cuidado é oferecido, do nível
de capacitação que cada profissional possui e do nível do cuidado em
enfermagem.
“Os exames são mais um elo na cadeia da
assistência. Eles têm o seu papel e a sua importância, sobretudo nos desfechos
intermediários. Isso quer dizer que se um laboratório ou uma clínica de
diagnóstico por imagem atrasa a liberação de um laudo, do resultado de um
exame, ele pode estar atrasando a definição de um diagnóstico, com repercussão
direta na decisão que será tomada pelo médico e que, certamente, trará impacto
direto ao paciente e ao desfecho da assistência”, afirmou o presidente da
Abramed.
Para ele, cabe aos gestores do sistema de saúde
como um todo aperfeiçoar os processos e o modo da solicitação de mais recursos,
para que quando ofertados não tenham o destino de desperdício.
Também salientou que os prestadores de serviços de
saúde devem ter o entendimento de que é necessário interagir cada vez mais com
quem utiliza esses serviços, colocando sempre o paciente no centro do cuidado,
entendo suas necessidades e de cada médico, pois manter esse canal de comunicação
aberto é uma obrigação do setor.
Shcolnik ainda mencionou a relevância da medicina
personalizada que é uma ferramenta que traz economia ao indicar a direção exata
de tratamentos efetivos.
“É uma inovação que tem trazido benefícios a muitos
pacientes e às fontes pagadoras, pois mesmo sendo mais custosa, terá o
recurso empregado com segurança e resultará em cuidado efetivo ao paciente”,
frisou.
Fusões e aquisições
O presidente do Conselho de Administração da
Abramed ainda foi questionado sobre a grande movimentação no setor privado de
saúde, onde muitas fusões e aquisições vêm se concretizando, tanto na área de
operadoras dos planos de saúde quanto nos vários segmentos de prestação de
serviços. Nesse sentido, ele ressaltou que o segmento de medicina diagnóstica
também está se movimentando.
“São movimentações atrativas para ganho
de escala. Além disso, há um aumento no número de empresas, já que a realização
de exames tende a crescer devido ao envelhecimento populacional, ao
predomínio de doenças crônicas e degenerativas, e isso atrai o interesse de
investidores, inclusive estrangeiros, para o setor e estimula o crescimento”,
declarou Shcolnik.
Ele concluiu comentando sobre o
interesse das empresas de medicina diagnóstica na aquisição de outras
organizações dentro do ecossistema da saúde.
“Há redes de laboratório adquirindo
hospitais, clínicas oftalmológicas, por exemplo. Com isso, o objetivo dessas
instituições é integrar e facilitar, cada vez mais, a jornada do paciente, de
maneira disciplinada, e obter dados que serão transformados em informações que,
integradas por meio de inteligência artificial, devem resultar na melhoria do
atendimento para todos”, concluiu.