Palestrantes destacaram a
importância da colaboração entre todas as áreas da saúde para alavancar a
aplicação de inovações que agilizem a transferência de informações e contribuam
para a velocidade e a segurança no setor de diagnósticos
As
tendências e os desafios da medicina diagnóstica foram debatidos no quinto e
último episódio de 2021 da série #DiálogosDigitais
Abramed.
Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi o
moderador do bate-papo, que contou com a participação de Cristovão Mangueira,
diretor médico de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein;
Flávio Chaves de Souza, general manager da Stark-4PL; Gustavo Meirelles, VP
Médico da Alliar Médicos à Frente e diretor do Comitê de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem da Abramed; e Lincoln Moura, diretor da Accenture.
Cristovão
começou destacando que o Einstein tem investido muito em inovação, formalizando
uma diretoria exclusiva para a área e uma estrutura de incubadora de startups,
o que deu à instituição o protagonismo no setor. “Muito do que investimos está
relacionado a laboratórios clínicos. O setor de diagnóstico foi a grande
estrela dos investimentos em inovação feitos pelo hospital”, disse.
O
Einstein tem focado, também, na área de genômica, criando uma massa crítica nessa
área, e em ciências “ômicas” – campos de estudo que fazem parte das ciências
biológicas e compreendem os estudos que terminam com -omics, como Genômica,
Proteômica, Metabolômica e Transcriptômica –, principalmente com tecnologia de
espectrometria de massas, ICP e outras metodologias químicas ou bioquímicas que
possibilitam o desenvolvimento das áreas de proteômica e metabolômica. “Se eu
fosse citar uma inovação relevante para a área de saúde, citaria a gestão de
dados e como usá-los de forma a produzir novas ferramentas de gestão do cuidado
da saúde”, acrescentou Cristovão.
Especificamente
sobre a área de logística, Souza, da Stark-4PL – empresa do ramo de Supply
Chain em saúde, explicou como as tecnologias colaboram para mitigar o problema
final de não atendimento ao cliente. “O foco da empresa na área de saúde é unir
os elos da cadeia e disponibilizar ferramentas e tecnologias para facilitar o
acesso do paciente final ao produto ou ao material necessário para fazer o
diagnóstico ou o acompanhamento de sua saúde. Logística não é só transporte,
ela envolve tudo entre planejar, executar e entregar”, disse.
Segundo
Souza, a logística é uma parte sensível do processo, pois pode tanto facilitar
quanto aumentar os custos, se não gerida corretamente. “A ideia da Stark-4PL é
gerar sinergia entre os fornecedores, os operadores logísticos e os
transportadores para que os recursos cheguem ao laboratório ou ao hospital,
garantindo os ganhos em custo e em produtividade”, salientou.
A
respeito das inovações em diagnóstico por imagem, Meirelles, da Alliar, lembrou
dos avanços que por muito tempo ficaram restritos a hardwares. Ele citou um
novo tomógrafo por contagem de fótons e ressonâncias magnéticas de baixo campo,
com imagens excelentes. “O tema da vez é a inteligência artificial e ela tem muito
a agregar não só no diagnóstico por imagem, mas no setor de saúde como um
todo.”
A
grande questão agora, segundo Meirelles, é como as inovações se encaixam no
modelo de remuneração, tanto das fontes pagadoras quanto dos clientes
particulares. “Ainda não conseguimos atingir o equilíbrio. A inteligência
artificial é vista apenas como custo adicional, mas ela permite tirar o médico
de atividades repetitivas, agilizar a realização de alguns exames e melhorar a
avaliação global, reduzindo custos e fazendo o paciente viver mais.”
A estratégia de saúde digital foi um dos focos da participação de Moura, da Accenture – multinacional de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing. De acordo com ele, a visão dessa estratégia é clara: fazer com que a Rede Nacional de Dados em Saúde seja a plataforma nacional de plataformas de saúde, ou seja, que várias plataformas se conectem a ela. “A grande questão é que precisa existir um espaço de colaboração. O Ministério da Saúde está focado em resolver muitos problemas da saúde pública e nós, empresas, hospitais, centros de diagnósticos, podemos trabalhar juntos para desenvolver soluções que interessem a todos e que sejam disponibilizadas na plataforma nacional.”
Mas
aí, Moura chamou a atenção para o problema sério de governança. Quem é que pode
se beneficiar da inovação feita, como se remunera o esforço e o investimento
feito na inovação? “É um universo muito novo para nós, mas não é impossível.
Sou muito otimista sobre isso. Há um potencial enorme para desenvolver esse
mercado, mas precisa de ação coordenada”, ressaltou, citando que os
laboratórios privados já começaram a depositar o resultado de exames na Rede
Nacional de Dados em Saúde (RNDS) usando padrões internacionais.
Shcolnik,
por sua vez, lembrou que durante a pandemia o governo brasileiro conseguiu
obter dados sobre exames de Covid-19 por meio da colaboração direta da Abramed.
“Conversei com o pessoal do DataSUS no sentido de esclarecer que metodologias
poderiam ser usadas para gerar os resultados dos exames e não tenho dúvida que
esta foi uma grande contribuição que demos para o Ministério da Saúde, para o
DataSUS e para a Rede Nacional de Dados em Saúde.”
Os participantes do encontro também
comentaram como a saúde digital acabou sendo impulsionada pela pandemia. E
então veio a provocação: se já foi possível fazer a interoperabilidade com os
exames de Covid-19, por que não tentar fazer o mesmo sobre as doenças de
notificação compulsória e depois ampliar para outras doenças? A resposta está
ligada, mais uma vez, à importância fundamental da colaboração entre todos os
atuantes na cadeia da saúde.
O
quinto e último episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2021 está
disponível na íntegra no canal do YouTube da entidade. Clique aqui para assistir.